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À Espreita Entrevista: Mariana Duarte

Esforços pela Cultura, essa é a vida da querida Mariana Duarte. Conheça-a melhor na entrevista que ela concedeu para o À Espreita.

Mariane Duarte é Pedagoga, pós-graduada em Gestão Escolar. Atualmente é Coordenadora de um CEMEI na Rede Pública de Ensino de Corumbá – MS.

Evan – Como uma profissional do ensino é muito comum que esteja familiarizada com a literatura, mas nos diga, como foi que a literatura entrou na sua vida?

Mariana – Meus pais foram e são meus grandes incentivadores. Eles sempre acreditaram na educação como única possibilidade de transformação em nossas vidas.  É por isso que escolhi ser educadora.  De certa forma, o gosto pela literatura veio daí. Sempre gostei muito de ler, acredito que em cada fase da vida temos um estilo de literatura com que nos identificamos. Li muito gibi, livros de história infantil, inclusive “Chapeuzinho Amarelo” de Chico Buarque era o meu favorito na infância. Na adolescência lia muita poesia, Machado de Assis e os clássicos. Durante e após a faculdade os romances tinham um lugar especial na prateleira e a leitura voltada, também, para os livros na área da educação. Ser mediadora de um clube de leitura – Leia Mulheres Corumbá — também faz com que esse amor pela literatura seja cada dia mais importante.

Evan – Estando diretamente ligada aos sistemas de ensino, qual a sua visão sobre as dificuldades de alunos e professores durante este período de pandemia e o que podemos tirar de lição disso tudo?

Mariana Duarte em participação em podcast sobre aulas EaD.

Mariana – Acredito que nenhum(a) professor(a) já havia imaginado que poderia dar aulas por tanto tempo sem estar dentro da sala de aula. Com certeza foi e continua sendo um desafio muito grande, não somente para os professores, mas para as famílias e crianças. Uma dificuldade que interfere diretamente no acesso à educação, eu acredito que seja o acesso à internet que é nosso maior meio de comunicação nesse momento. Muitas famílias não possuem acesso à internet e às vezes nem sequer têm um celular ou um computador, o que em tempos de pandemia é muito importante. Mas seguimos tentando fazer o melhor possível para que uma educação de qualidade e igualitária, alcance cada vez mais crianças. A parceria com as famílias faz toda diferença.

Evan – Quais são seus autores favoritos? Algum que tenha lhe influenciado como escritora?

Mariana – Minha autora favorita é uma mulher, negra, periférica que também acreditava que a educação é transformadora e emancipatória, é uma referência e um grande exemplo para todos nós, o nome dela é Maria Carolina de Jesus.

Evan – Opa! Vamos pesquisar para conhecer essa grande escritora melhor. Fica aí a dica! Fale-nos agora um pouco sobre sua trajetória na literatura, obras publicadas, participações, etc.

Participação na FLIB Bonito

Mariana – Vou dizer minha trajetória na cultura, pois desde sempre essa área me fascina. Sempre procurei participar de eventos ligados ao teatro, poesia, fotografia e toda e qualquer manifestação artística, seja estudando, participando de cursos, oficinas ou Workshop. Como já falei acima sou professora, pedagoga, da educação infantil, atualmente estou coordenadora de um Cemei (Centro de Educação Infantil), da rede pública de ensino de Corumbá. Tenho cursos na área de Música e movimento e contação de histórias. Dentro da minha profissão também sempre procurei possibilitar experiências para que os alunos tivessem contato com a literatura e se apaixonassem também pelo universo dos livros, das histórias, da poesia, do teatro etc. Sou mediadora de um clube de leituras, o Leia Mulheres Corumbá, juntamente com a minha parceira querida a Caroline Leandro. Em 2019 participei de um bate papo na FLIB BONITO falando sobre clubes de leitura e o espaço que a literatura feminina vem ganhando. Também em 2019 com o poeta Benedito C. G. Lima ajudei a organizar o Café Cultural e fui Destaque Cultural 2019, pela atuação e participação em projetos que fomentavam a cultura corumbaense. Em 2020 participei de um bate papo na temporada de inverno da Casa Dr. Gabi para falar sobre clubes de leitura antes e pós pandemia, com o clube: Leituras Di Macondo que é também uma referência de Clube de Leitura na cidade de Corumbá. Participei do projeto “Mulheres de Sucesso”, organizado pelo professor Augusto Samaniego. Sou co-fundadora do Coletivo Feminista Casa Azul, que tem objetivo de trabalhar em prol da defesa dos direitos da mulher. E atualmente conselheira municipal de cultura de Corumbá, gestão 2021-2023.

Evan – Uau! Com certeza você tem empreendido muito do seu tempo na difusão da cultura. Você citou o clube de leitura do qual faz parte mais de uma vez e gostaríamos de saber um pouco mais sobre o clube e sua atuação nele.

Leia Mulheres

Mariana – Como já citei (risos), sou mediadora desse clube incrível que é o Leia Mulheres Corumbá juntamente com a Caroline Leandro. O Leia Mulheres teve inicio em 2014 quando a escritora Joanna Walsh propôs o projeto #readwomen2014 (#leiamulheres2014) que consistia basicamente em ler mais escritoras mulheres. O mercado editorial ainda é muito restrito e as mulheres não possuem tanta visibilidade, por isso a importância desse projeto. Em 2015, Juliana Gomes convidou as amigas Juliana Leuenroth e Michelle Henriques para transformarem a ideia de Joanna Walsh em algo presencial em livrarias e espaços culturais no Brasil. Sendo um convite à leitura de obras escritas por mulheres, de clássicas a contemporâneas. Logo a ideia se espalhou e hoje existem vários Leias mulheres espalhados pelo país. Em Corumbá, o Leia Mulheres começou sua atuação em fevereiro de 2019 após a Carol entrar em contato com as responsáveis pelo Leia Mulheres Nacional. O objetivo de ter um grupo voltado para a literatura feminina se deu pela necessidade de termos mais movimentos como esse em nossa cidade. As reuniões acontecem 1 vez por mês para conversarmos sobre livros de autoria feminina, inclusive essa é a única regra do clube, lemos apenas autoras mulheres. Os livros são escolhidos previamente pelo grupo, como sabemos, não temos livraria em Corumbá, então precisamos organizar as compras dos livros pela internet, para que assim todos possam se organizar para a leitura. O grupo é aberto para todos que se interessem por literatura, independente do gênero ou idade. Não temos um espaço físico fixo, as reuniões, inicialmente, aconteciam na Escola Curumim, em seguida o prédio do Sesc Corumbá passou a receber com muito carinho o nosso clube, mas em decorrência do encerramento da atividades da instituição na cidade e da pandemia do COVID-19, as reuniões passaram para o formato online, inclusive fica o convite para participar das nossas reuniões e compartilhar momentos de muita troca e conexão.

Evan – Legal, vai ser uma honra! Agora conte para nós sobre outros projetos que acontecem na sua região que é o Café Literário e o Café Cultural? Qual o seu papel em cada um deles?

Café Cultural

Mariana – O Café Cultural e o Café Literário são projetos que têm o objetivo de reunir artistas e pessoas que tem amor pela arte e literatura. O que difere um do outro é apenas o formato, já que o Café Cultural acontece presencialmente na escola Curumim (antes da Pandemia), e o café Literário acontece no formato online (durante a pandemia). Em ambos, poetas, músicos, artistas plásticos, autores em geral, tem espaço para compartilhar com muita generosidade sua arte. Momentos únicos e revigorantes para cada participante. A minha contribuição é como organizadora, a convite do querido poeta Benedito C. G. Lima. Nossa empreitada é organizar o Café Literário (formato online), convidar os artistas, fazer a divulgação e não deixar esse momento tão lindo e importante mesmo em tempos tão difíceis.

Evan – Muito legal, mesmo com a pandemia, não deixar esses eventos, tão importantes, morrerem. Ano que vem, o Grupo ALEC, se não me falha a memória, completa 50 anos. Em todos esses anos o grupo teve papel fundamental na disseminação cultural na região pantaneira. Pela sua experiência e participação, quais foram as maiores conquistas do Grupo ALEC?

Bate-papo Clubes de Leitura durante e pós pandemia

Mariana – Como você mesmo disse o grupo ALEC é fundamental e muito importante para a nossa região, reúne artistas dos mais diferentes grupos. Descobre novos artistas e sem dúvidas o projeto “Passa na praça que a arte te abraça”, tem um espaço especial em nossos corações e memórias. Levar a arte, a literatura gratuitamente para tantas pessoas é algo maravilhoso. Vida longa ao Grupo ALEC!

Evan – Algum projeto literário em andamento ou para um futuro próximo? Alguma coisa que possa nos adiantar?

Mariana – Voltar a reunir artistas corumbaenses e possibilitar movimentos culturais. Devido a Pandemia encontros presenciais se tornam impossíveis, mas acredito que mesmo encontros remotos terão emoções que deixarão a nossa alma aquecida. Estou também como Conselheira Cultural de Corumbá e pretendo juntamente com os outros conselheiros trabalhar para difundir a cultura e literatura corumbaense. E quem sabe algo voltado para crianças, para a literatura infantil.

Evan – Algum sonho que ainda não realizou? Pode contar pra gente qual é?

Mariana – Vários. O que seria da nossa vida se não fossem os sonhos, os projetos e o desejo de sempre fazer mais. Acredito que me aventurar no mundo da escrita.

Evan – Quem sabe um dia não estaremos discutindo Mariana Duarte no Leia Mulheres? Que mensagem você deixaria para os amantes da arte, leitores e companheiros de escritas, nestes tempos tão difíceis.

Mariana – Eu costumo dizer que a literatura é o que mantem esperança em tempos tão difíceis, e tenho certeza que assim como a literatura, toda e qualquer forma de manifestação artística são os alimentos necessários para a nossa alma.  Sejamos resistentes e perseverantes. Vamos continuar defendendo a democratização da leitura através do fácil acesso aos livros. Vamos continuar defendendo artistas, projetos e movimentos culturais.

Evan – Mariana, foi um grande prazer conversar contigo e lhe conhecer melhor. Espero que os nossos leitores tenham curtido tanto esse bate-papo assim com eu. Te desejamos todo o sucesso nos seus esforços em prol da literatura e em tudo que fizer. Grande abraço da Equipe À Espreita.

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À Espreita Entrevista: Denise Campos

Autora fala sobre sua veia artística, suas experiências e carreira.

Grande incentivadora da arte, Denise Campos é formada em Pedagogia, Letras, Psicopedagogia e, atualmente, bacharel em Direito.

Evan – Você sempre foi uma grande incentivadora da arte, conte-nos como foi que nasceu essa paixão pela arte.

Denise – Na minha família o interesse pela arte não era acentuado. Acredito que essa paixão foi despertada pela escola, pelos professores. Eu sempre gostei da comunicação e de público. A arte presenteou-me com essa realização. Passei a incentivar aqueles que viam sentido na arte. Como diz Osvaldo Montenegro: “Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba”.

Evan – Você participou de diversos programas de calouros. Como foi essa experiência?

Denise – Participar de programas de calouros veio da sensibilidade de uma amiga da escola JGP, filha de músico, que afirmou, com convicção, que eu cantava bem. Fui sozinha, sem contar aos amigos e familiares, cantar. Foi uma surpresa pra mim ser vencedora nos dois programas da cidade. Não planejei. Foi uma espécie de maktub.

Canção interpretada por Denise Campos

Evan – Você também já teve papel importante como mestre de cerimônias e locutora de rádio. Conte-nos como foi isso.

Denise – Quando adolescente, tive um desentendimento com minha mãe porque eu gostava muito de baladas. Brava, ela me disse: Você precisa trabalhar!! Minha mãe estava ouvindo rádio quando afirmei com toda a minha alma: -Vc vai me ouvir nessa rádio o dia inteiro! Ela sorriu. Fui até a rádio Difusora, fiz um teste e passei. Ser mestre de cerimônias foi consequência. Até hoje não sei se foi resiliência, ressignificação ou revolta. (Risos).

Denise Campos em desfile carnavalesco acompanhada de Arlindo Diniz Filho

Evan – Em que momento e por quê você decidiu que era a hora de escrever suas próprias poesias?

Denise – Os poetas me pediam para que eu declamasse suas poesias. Eles ficavam contentes com o resultado. Um belo dia me deu vontade de escrever… Eu sempre gostei da literatura de cordel. Usei esse estilo pra poder comunicar a leitura particular que fazia e faço do meu mundo subjetivo e do nosso mundo objetivo.

Evan – Conte-nos um pouco sobre os grupos ALEC e APEC, qual a diferença entre eles e qual seu papel e contribuição com esses grupos.

Denise – Acredito que mais importante entre saber a diferença entre os grupos ALEC e APEC é deixar que seus fundadores falem sobre eles no seu Blog. Benedito C. G. Lima e poeta Balbino são militantes inspiradores imortais pra mim. Minha contribuição sempre foi estar junto. Apresentando os eventos, organizando os cerimoniais, declamando e divulgando quando não podia estar presente.

Evan – Você já participou de diversas antologias poéticas. Conte-nos um pouco sobre elas e sobre como foi tornar seu trabalho autoral conhecido do público.

Denise – Penso que, embora participando de eventos, os trabalhos autorais não eram do conhecimento da maioria das pessoas de minha cidade. Acredito que, com o advento das redes sociais, os escritores passaram a usar essa ferramenta para compartilhar. Eu nunca escrevi um livro. Acredito que, talvez, eu não escreva um livro. Minha participação nas poucas antologias se deve ao fato de ter amigos que sempre me chamam. Isso me faz bem.

Evan – Você possui também várias formações acadêmicas, como Pedagogia, letras e direito. Como o estudo influenciou a sua vida?

Denise – Escrever exige responsabilidade. Estudar é preciso sempre. O conteúdo das poesias exige que estejamos abertos ao conhecimento.

Evan – Você tem algum autor(a) que a influenciou na escrita ou que a tenha feito despertar o amor pela literatura?

Denise – Sou espírita Kardecista. Li muitos romances espíritas e neles as poesias estavam presentes. Aprendi com os autores espíritas. Com as psicografias de Chico Xavier.

Evan – Artistas são sempre inquietos, já pensando no próximo projeto. Você tem algum projeto para o futuro? Pode nos adiantar alguma coisa?

Denise – Posso dizer que não gosto de repetições. Necessito de experiências novas. Estou num projeto novo, mas não posso revelar. Prometo que vc será o primeiro a saber no tempo certo.

Evan – Ok, vou cobrar isso, viu! (Risos). Estes últimos meses têm sido muito difíceis para o mundo todo, por consequência da pandemia mundial. A arte foi um dos setores mais prejudicados nesse período. Como você acredita que a cultura, a arte sobreviverão num mundo pós Covid? Qual a sua expectativa?

Denise – A arte está a nos salvar e vai continuar. Ela, por si só encontrará o caminho para continuar. O governo ajuda, mas se arte e/ou a cultura fossem depender de governos certamente não estariam vivas para serem testemunhas cabais deste momento que, embora triste, fornece a matéria prima para as produções.

Esta foi nossa entrevista com nossa grande e nova amiga Denise Campos. Desejamos-lhe sucesso em sua vida e nos seus projetos futuros. Um grande abraço da equipe À Espreita.

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À Espreita Entrevista: Marluci Brasil

Autora fala sobre Música e Literatura através de sua vivência e experiências.

A entrevista de hoje é com a professora aposentada, cantora e escritora Marluci Brasil. Ela é graduada e pós-graduada em Pedagogia, tendo exercido as funções de Professora, Coordenadora Pedagógica e Diretora Escolar.

Evan – Primeiramente é uma prazer e uma honra poder conduzir esta entrevista e também agradecer a tua disponibilidade em conversar conosco. Como foi que a literatura e a música entraram na sua vida?

Marluci – Venho de uma família de musicistas e escritores. A arte da música e da palavra sempre foi uma “zona de conforto” para mim. Escrevi meu primeiro poema aos 9 anos de idade e quando li, gostei do que escrevi e percebi que meu alter-ego alimentava-se da arte da palavra. Com ela eu podia tudo, eu tinha acesso a tudo… até a mim mesma. Comecei a ter cadernos guias. Tinha o caderno azul que era dos conselhos que eu mesma me dava diante das situações, tinha o vermelho que era o meu caderno de broncas, onde eu desabafava e me punia, pelos erros que cometia. A palavra me ajudou a me entender e a crescer; quando adolescente descobri que gostava de cantar e que quando eu cantava as pessoas prestavam atenção em mim. Foi intuitivo comecei a “cantar a palavra que eu nunca deixei guardada dentro de mim.” Fiz parte de corais, conjunto musical na escola, e um dia, no casamento de uma prima, descobri que tinham preparado a festa, mas que tinham esquecido da música para ela entrar na igreja. Meia hora antes da cerimônia eu pedi para um amigo músico me acompanhar, ensaiei com ele 3 musicas que eu sabia “de cor”, e surpreendi a todos. A partir dali cantei em 90% dos casamentos que aconteciam na cidade. Cantar em restaurantes e barzinhos foi num suspiro. Os shows de bilheteria e de abertura de cantores conhecidos nacionalmente foi uma consequência.

Show em Campo Grande de Marluci Brasil entre outros artistas

Evan – Que história , hein? O dom artístico já era assim tão natural em você. Ainda aos 19 anos de idade você venceu um concurso de melhor estudante pelo Rotary Club e recebeu como prêmio uma bolsa de estudos nos Estados Unidos. Conte-nos um pouco sobre esta experiência, inclusive sobre seu lado musical nesta oportunidade.

Show em Campo Grande

Marluci – Sempre fui uma criança, adolescente, jovem traquina… e confesso que não mudei muito não. O Rotary Club de minha Corumbá ganhou uma bolsa de estudos para a América do Norte. Eram 110 estudantes do Brasil todo, e Corumbá tinha direito a uma vaga nesse intercâmbio. Tinha que ter a aprovação dos pais. Meus pais disseram NÃO. Mas eu treinei por 10 dias a assinatura deles dois e apresentei a “autorização” para participar do concurso (risos). 5 escolas participaram. A escola Santa Teresa, o Dom Bosco, o Colégio Maria Leite, a escola Leme do Prado (de Ladário) e a minha escola, na época, conhecida como GENIC. Primeiro foi o concurso interno. Eu ganhei na minha escola, depois foi entre os primeiros lugares de cada escola. Era prova escrita e oral. E eu ganhei as duas. Meus pais souberam que eu estava participando quando assistiram diante da cidade inteira a minha apresentação. Vocês não imaginam a bronca que isso me rendeu. No final de tudo , ganhei o concurso entre os 109 (110 contando comigo) e fui como líder dos estudantes. Foi quando conheci todos os estados dos Estados Unidos porque minha tarefa era entregar cada estudante em sua cidade junto com o representante do Rotary. Morar mesmo eu morei na Pensilvânia, na cidade universitária Edimboro, mas passei 4 meses em Pittsburg, 2 meses em Erie, 2 meses em Sharom e 3 em Midville.

Evan – Como intérprete você teve a oportunidade de abrir shows para ícones da música brasileira como Fábio Júnior e Alcione. Conte-nos um pouco sobre esta trajetória de sucesso.

Marluci – Em Corumbá , era costume ter shows com artistas famosos no Dia das Mães, no Dia dos Pais no JARDIM DA INDEPENDÊNCIA. Era lindo de se ver, o jardim ficava lotado, respirando arte. Barracas com artesanato e comidas típicas, a população acomodada em cadeiras numa plateia a céu aberto , e nós (os artistas da cidade) entretínhamos a população cantando, tocando, declamando, até a hora do show do artista principal. No jardim eu abri show de Beth Carvalho, Alcione, Moacir Franco, Jair Rodrigues, Fábio Júnior, Juci Ibanes e outros que já nem me lembro mais… foram tantos…. show de bilheteria, eu abri o show do grupo MPB4 pelo programa Temporadas Populares. Como eu, outros artistas tiveram também essa oportunidade, como a artista e cantora maravilhosa, Paula Mirhan, quando abriu o show de Oswaldo Montenegro.

Marluci cantando em encontro em Corumbá – MS

Evan – Você é uma das fundadoras do Grupo ALEC. Como foi o início desta luta literária e como você avalia esses quase 50 anos do grupo.

Marluci – No inicio éramos poucos, Liderados pelo Benedito C. G. Lima e por Ângela Maria Peres, nós nos reuníamos na casa de D. Izulina Xavier (uma artista maravilhosa) e ali ficávamos declamando nossas poesias, um sorvendo a arte do outro, até que surgiu a ideia de darmos nome ao grupo e publicarmos nosso primeiro livro. Foi assim que nasceu o livro “Nossa Mensagem”. Depois disso voltamos nossos olhares para as escolas e começamos a fomentar, entre os estudantes da cidade, a ideia de que eles poderiam publicar seus poemas. A coisa foi crescendo e quando percebemos já não éramos uma “ondinha” cultural na cidade. Tsunamizamos a arte da palavra.

Evan – Como poetisa você publicou o livro “Nova Mulher”. Conte-nos um pouco sobre seu trabalho neste livro e quais os temas abordados em seus poemas.

Marluci – O livro “Nova Mulher” , trata em poemas, o amor, mas não o amor sublimado, o amor carnal mesmo. Aquele amor que a maior parte das mulheres sente mas que esconde porque pode parecer despudorado sob o olhar dos moralistas hipócritas. Eu ouvia as amigas relatando seus relacionamentos, suas experiências e transformava em poesia. Não são poemas pornográficos, nem eróticos, são poemas sensuais… Coisas do dia a dia, da noite a noite, do sonho a sonho, da realidade a realidade, sem me importar nem um pouco se quem lê vai se escandalizar ou não. O nome do livro ia ser “À Flor da Pele. Mas como eu não tinha dinheiro para publicar, vendi um dos poemas que estariam no livro para uma gravadora do Rio de Janeiro que na época se chamava Golden Music . Com o dinheiro da venda do poema, eu publiquei o livro, e em homenagem ao poema vendido eu mudei o nome do livro . Coloquei nele o nome do poema: Nova Mulher.

Evan – “Nuvens de Orquídeas” é um romance de sua autoria. O que podemos encontrar nessa história e o que a levou a desenvolver esse romance?

Marluci – “Nuvens de Orquídeas” é um livro escrito a 4 mãos. Duas materiais e duas espirituais. Nele eu narro os momentos vividos anteriores e posteriores ao desencarne de minha irmã Marcia. O que foi visto e sentido por ela, as experiências vividas na espiritualidade que mais marcaram sua evolução no aprendizado da vida pós-morte até o momento em que ela recebe minha mãe na espiritualidade. É um romance espiritualista. Meu livro de cabeceira.

Nuvens de Orquídeas de Marluci Brasil

Evan – O título já parece autoexplicativo no seu livro “Lições de Minha Avó Lucinda”, mas conte-nos um pouco sobre o que podemos encontrar lá e qual sua motivação para escrever e publicar este livro.

Marluci – Minha avó era semianalfabeta , desenhava o próprio nome, uma pessoa doce, amorosa , mas de uma força inigualável. Mais ouvia do que falava, mas quando abria a boca para falar, o próprio silêncio emudecia para ouvi-la. Muito do que sou hoje, muito do que sei hoje, muito do que aprendo hoje, muito do que ensino hoje, vem das lições de vida que ela me deu. Sempre que eu conversava com amigos, parentes, filhos, sobrinhos, alunos, pais de alunos, colegas de trabalho ouvindo desabafos, vinha-me a memória alguma conversa que eu tinha tido com ela, e eu a citava. Ouvi de muitos deles que eu deveria escrever um livro sobre as lições dela. Contei isso para uma amiga/irmã e ela patrocinou a edição do livro. É o meu dicionário de vida.

Lições de Minha Avó Lucinda de Marluci Brasil

Evan – Além de todas as suas atividades já praticadas, hoje você ainda é youtuber também. O que podemos encontrar no seu canal? Deixe aqui também o link para podermos prestigiá-lo.

Marluci – Eu criei o meu canal no Youtube para atender meus alunos online. Um dia uma amiga me pediu para gravar um vídeo explicando o Samba Enredo da Mangueira, que estava rolando uma discussão a respeito, gente chamando de herege e tudo o mais… Eu ouvi o samba e achei lindo. Gravei o vídeo para mandar pra ela pelo whatsapp mas ficou muito pesado e eu mandei pelo youtube. Assustei com mais de 2 milhões de visualizações entre whatsapp, youtube e facebook , em sites, jornais do país todo. Nesse vídeo eu fiz uma interpretação da letra. Recebi o contato do pessoal da Mangueira, e uma camiseta autografada pelo Chico Buarque de Holanda, Maria Bethânia, Alcione, e outros sambistas da escola em agradecimento pelo meu trabalho de interpretação. Fui homenageada no palco da Mangueira numa festa para mais de 25 mil participantes. Depois disso as outras escolas de samba do país todo, e até as Farras de bois do norte do país me solicitaram o trabalho. Em 10 dias, meu canal de 6 seguidos passou para mais de 2 mil, e passei então a fazer interpretações de letras de músicas, de poemas, opinar sobre temas polêmicos, e também a fazer leituras de doenças como a depressão à luz da doutrina espirita, da qual sou seguidora e praticante. No meu canal também posto minhas apresentações, as poucas que tenho como salvas.

https://youtube.com/c/MarluciBrasildeCastro

Show de Bilheteria em Campo Grande

Evan – Quem são suas principais influências, na literatura e na música?

Marluci – Na música é a Elis Regina, Quarteto em SI, Emílio Santiago, Chico Buarque, Tom Jobim, Ivan Lins, Maria Bethânia. Nas letras, Vinícius de Moraes, Chico Anísio, Chico Buarque, J. G . de Araújo Jorge, Cecília Meireles, Clio Proença e Pablo Neruda.

Evan – Que mensagem você quer deixar para seus leitores, fãs e apreciadores do seu trabalho, seja tanto na parte educacional, literária ou musical?

Marluci – Uma frase que ouvi de minha avó, e que nem sei se é dela, mas que sempre me marcou mundo: “ SÓ NÃO MUDA DE OPINIÃO, QUEM NÃO TEM OPINIAO.” Isso mesmo. Tudo é assim, o ciclo da vida é assim. Quando você sentir que acabou é porque está na hora de REINVENTAR. Reinvente-se.

Evan – Projetos futuros. Pode nos adiantar alguma coisa?

Marluci – Tenho vários livros no computador, prontos para serem editados:

⦁ Poemas Soltos
⦁ Fauna e Flora ( poemas e crônicas)
⦁ Inaí (romance)
⦁ Com a palavra A PALAVRA ( ensaio linguístico)
⦁ Confissões de uma estudante (romance autobiográfico)
⦁ À flor da pele (poemas)
⦁ Raízes invertidas (crônicas)
⦁ Por trás do quadro de giz (contos)
⦁ Desmame (crônicas autobiográficas)
⦁ Não era eu… (romance)
⦁ Folhas de outono (poemas)

Evan – Foi um grande prazer conversar com você Marluci, uma pessoa com tanta bagagem cultural e experiências de vida. Fica aqui, novamente, nosso agradecimento e nosso desejo de sucesso em tudo o que fizer.

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À Espreita Entrevista: Wanessa Pereira Rodrigues

A entrevistada de hoje é a Socióloga, Pesquisadora, Produtora Cultural e Escritora: Wanessa Pereira Rodrigues. Wanessa é graduada em Ciências Sociais pela UFMS, possui especialização em Educação e Patrimônio Cultural e Artístico pela Universidade de Brasília. Atualmente é Mestranda em Estudos Fronteiriços na UFMS.

Evan – Primeiramente é grande prazer conversar contigo, Wanessa e obrigado pela sua disponibilidade. Você é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e tem especializações na área cultural e educacional. Você trabalha com cultura, isso é fabuloso! O que te levou para este caminho? Você sempre quis trabalhar no ramo cultural?

Wanessa – A cultura sempre esteve presente na minha vida, estudei minha vida inteira no Colégio Salesiano Santa Teresa e o contato com a cultura foi desde a infância nos teatros que apresentávamos, nos festivais estudantis, nas descidas para Banhar São João conduzidas pela professora de artes Berenice, nas aulas de literatura e entre outros. Também sempre admirei a beleza dos nossos imóveis da área central e Casario do Porto. Era um desejo de infância estudar sobre eles. Durante a graduação tive contato com a disciplina de antropologia, nela consegui entender a dimensão da cultura da minha cidade, Corumbá. Após formada, não demorou muito para eu conseguir uma colocação na área da cultura, podendo, a partir de então, realizar ações e projetos com a comunidade cultural de Corumbá e Ladário. E o mais importante de tudo, trabalhar com cultura me proporcionou conhecer pessoas inspiradoras e com histórias de vida sensacionais; e também fazer grandes amizades.

Evan – Hoje você tem uma empresa que presta consultorias no ramo cultural. Conte-nos um pouco mais sobre sua área de atuação.

Wanessa – Após eu ter trabalhado com Gestão Pública de Cultura em Ladário, no ano de 2017, decidi me arriscar em trabalhar de maneira independente, pois estar como gestora de cultura, me proporcionou muito aprendizado e experiências que poderiam ser potencializados. Nesses 4 anos de existência colhi muitos frutos de parcerias, produzi eventos culturais e desenvolvi projetos. Mas não é fácil, infelizmente no Brasil viver exclusivamente da cultura não é uma regra, temos que ter outra ocupação que seja rentável mensalmente. Enfrentei barreiras financeiras, as fontes de financiamento da cultura estão cada vez mais escassas, assim como o pouco investimento da iniciativa privada na comunidade cultural da região. Mas conquistas foram alcançadas nesses anos da Empresa Saber Cultura, prestei consultoria para 08 artistas da região e conseguimos prêmio para 07 deles, sendo reconhecidos como mestres da cultura popular brasileira pelo extinto Ministério da Cultura. Produzi o “Encontro dos Mestres da Cultura Popular de Corumbá e Ladário”, levamos essa ação de difusão a Universidade Federal e no Festival América do Sul 2019. Realizei 02 projetos voltados ao Patrimônio Cultural, dentre eles o Patrimônio Vivo: a troca de saberes, atuamos em 06 instituições de ensino de Corumbá com Oficinas de Educação Patrimonial e Elaboração do Mapa Afetivo, neste os alunos nos apontaram elementos culturais existentes em sua comunidade que eles consideram patrimônio.

Evan – Tem uma coisa que me deixou curioso para saber mais e… seria legal também para que os nossos leitores pudessem conhecer também. O que é o Circuito Imigrante, GT Cultura e qual sua atuação nele?

Wanessa – O Circuito de Apoio ao Imigrante é um coletivo, criado em 2015 e que reúne órgãos que atuam diretamente com imigrantes, refugiados e apátridas em Corumbá, MS, Brasil. Faço parte do GT Cultura, participo de diversas atividades culturais realizadas pelo Circuito Imigrante. Eles têm o intuito de mostrar a fronteira, não apenas como uma mera marcação geográfica, mas também como um espaço de trocas culturais, vivências, como um lugar de possibilidades. Uma das ações foi a realização de algumas edições da Feira do Imigrante. A Circuito Imigrante tem como co-fundador o professor da UFMS, Dr. Marco Aurélio Machado de Oliveira, que coordenou o Circuito durante vários anos. E hoje temos a frente da coordenação a Assistente Social e mestre em Estudos Fronteiriços, Renata Papa.

Wanessa Pereira Rodrigues no Encontro dos Mestres dos Saberes na UFMS (2019)

Evan – Você está começando a dar seus primeiros passos, na literatura, como autora. O que você mais gosta de escrever?

Wanessa – Até o momento minha experiência foi em pesquisar e escrever sobre Corumbá, nos campos da cultura e patrimônio. Atualmente estou na fase de conclusão da minha dissertação sobre patrimônio cultural, fronteira e imigração na perspectiva da cultura.

Capa do Livro “Entre Ruas e Cemitério: O Tempo e o Silêncio” onde Wanessa Pereira Rodrigues participa como co-autora.

Evan – Não é difícil de imaginar que alguém que sempre esteve em contato com o lado cultural do mundo desenvolva uma certa veia artística também. Mas, por que as letras?

Wanessa – Como eu disse, estou iniciando no campo da escrita e já percebo como é libertador poder  expressar  suas ideias e pensamentos.

Evan – Agora como leitora… o que a Wanessa gosta de ler? Quais são seus livros ou autores favoritos?

Wanessa – Eu leio de tudo um pouco, nos últimos anos além dos livros de sociologia e antropologia, devido a minha pesquisa do mestrado, tenho voltado minha leitura para alguns autores corumbaenses, com os quais tive a oportunidade de estabelecer laços de amizade e trabalho: Marlene Mourão, Nelson Urt, Benedito C. G. Lima, Marco Aurélio Machado de Oliveira.

Evan – Se você pudesse ter uma conversa, com qualquer personalidade literária, viva ou morta, com quem seria? Por que?

Wanessa – Hannah Arendt, ela foi uma grande intérprete do século 20 e uma das maiores pensadoras daquele século. Acredito que ela poderia me ajudar a compreender alguns fenômenos que o Brasil vive de 2018 até agora na pandemia, inclusive de entender como tantos atos desumanos praticados contra a  população brasileira estão sendo banalizados e o do sofrimento do outro durante a pandemia, não incomodar as pessoas, que conduzem suas vidas como se estivesse tudo bem, desde que o momento que vivemos não as afete. Pois a sensibilidade das pessoas parece estar focada na individualidade e desconectada do sentido de coletividade e humanidade.

Evan – Estes são realmente tempos difíceis e a capacidade de empatia pelo outro parece mesmo estar declinando. No seu ponto de vista, qual o maior desafio que os trabalhadores da cultura brasileiros enfrentam?

Wanessa – Mecanismos que os auxiliem a se profissionalizarem, saírem da informalidade, condições que proporcione segurança financeira aos trabalhadores da cultura e que nos permitam dedicação exclusiva a nossa atividade cultural sem necessidade de termos outras atividades para nos sustentar. É preciso entender que a cultura possui uma cadeia produtiva, que movimenta a economia e que pode sim ser usada como vetor de desenvolvimento e superação de crises econômicas. A exemplo de alguns países como Inglaterra e Nova Zelândia na crise de 2008, entenderam a importância da cultura na sua dimensão econômica e investiram e valorizaram o setor cultural, especificamente na economia criativa voltada a vários segmentos e que valoriza o capital intelectual do indivíduo. Se fizermos uma pesquisa rápida sobre o valor que a cultura contribuiu para p PIB brasileiro, veremos que é significativo o valor. “As atividades culturais e criativas geram 2,64% do PIB brasileiro e são responsáveis por mais de um milhão de empregos formais diretos, segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), com base em dados do IBGE. Há no setor cerca de 250 mil empresas e instituições que as políticas culturais estejam sendo desmontadas a cada dia” (fonte: Secretaria Especial de Cultura).

Evan – Isso fica bem evidente quando percebemos que dificilmente um escritor brasileiro vive de ser escritor. Falta consumidores de cultura, infelizmente, também, além dos problemas que você já descreveu. Conte-nos um pouco sobre seus projetos literários para o futuro. Algum já em andamento?

Wanessa – Como eu disse, no momento, estou na fase de conclusão da minha dissertação e os esforços estão canalizados para ela, talvez possa desdobrar alguns pontos dela posteriormente com a pesquisa sobre cultura e patrimônio cultural.

Evan – Com o advento da pandemia mundial, uma das primeiras coisas que foram sacrificadas, por intermédio das restrições, foram as atividades culturais. Qual a sua perspectiva para o futuro da cultura no Brasil e no mundo e que mensagem você deixaria para todos os amantes de toda e qualquer tipo de manifestação cultural, nestes tempos difíceis?

Wanessa – Sempre que há uma crise econômica um dos primeiros setores a serem afetados é o da Cultura, como se ela não fizesse parte das demais áreas da vida do ser humano e só importassem a economia, obras e saúde. Não quero dizer que estas não sejam importantes, digo apenas que a cultura deve estar no mesmo nível de prioridade delas. No contexto dessa pandemia, os problemas sociais que vivemos no Brasil vieram à tona e estão escancarados, as desigualdades sociais acentuadas, enquanto agentes públicos gastam milhões com dinheiro público para “atender a luxos para a alimentação deles”, famílias não tem arroz e feijão para comer e passam fome, carne nem se fala, pois se tornou artigo de luxo e ausente no prato dos brasileiros. Enquanto pessoas morrem em hospitais por falta de leitos, alguns agentes políticos zombam da gravidade dessa crise de saúde pública mundial. Quando a pandemia der uma trégua viveremos num contexto social e econômico semelhante ao do fim de uma guerra, infelizmente não sabemos o que nos espera,  por conta desse descaso com o povo e desinteresse em solucionar essa crise de saúde que estamos mergulhados… Enfim, a cultura já vinha sofrendo um desmonte desde 2018 dentro das instituições culturais do governo federal, cortes de recursos das poucas fontes de financiamento de editais, ataques a Lei Rouanet, como se esta fosse ruim e não as pessoas que usam esse recurso para cometer irregularidades. Mas trabalhar com cultura sempre foi significado de luta, resistência e busca por direitos, desejo a todos os trabalhadores brasileiros do setor cultural FÉ em dias melhores.

Evan – Foi ótimo conversar com você Wanessa, muito obrigado pelo seu tempo e pelas explanações. Sem dúvidas, foi uma conversa muito instrutiva. Desejamos tudo de melhor para você e seu trabalho, com muito sucesso e que possamos, em breve, estar voltando à uma normalidade, se é que poderemos chamar de normal, ou de… o novo normal, mas com mais tranquilidade para podermos tocar nossos projetos.

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À Espreita Entrevista: Mathilde Monaco

A primeira entrevista de 2021 é com a Psicóloga e Poetisa Mathilde Monaco.

Mathilde Monaco, além de poetisa é também psicóloga e foi professora da UFMS. Conversamos um pouco com ela sobre sua carreira, suas preferências e planos.

Evan – Você é psicóloga e foi professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Como foi que uma profissional da psicologia acabou, também, poetisa?

Mathilde – Eu sentia vontade de escrever desde os 14 anos. Não escrevi muito, mas segui escrevendo, mesmo sem publicar.

Evan – Como você escolhe os temas das suas poesias?

Mathilde – Minha inspiração vem do que estiver sentindo no momento ou quando ouço uma música e as palavras me chamam a atenção.

Mathilde Monaco apresentando uma coletânea na Escola 2 de Setembro em Ladário – MS

Evan – Se a música pode ser uma poesia, então também pode ser fonte de inspiração para outras poesias, não é mesmo? (Risos). Você já participou de diversas coletâneas poéticas. Como foi tornar seu trabalho público ao lado de tantos outros colegas de poesia?

Mathilde – Participei com muita honra em coletâneas, pois eram pessoas já consagradas, cheias de grandes trabalhos e uma grande luta pela poesia.

Evan – Se você pudesse escolher uma poesia sua para compartilhar com o mundo todo, qual seria? Por que?

Mathilde – Compartilho essa, pois acho que é o que vivemos hoje… dias de incerteza e sem saber do amanhã… sejamos lua cheia a iluminar.

Evan – Enquanto leitora, que tipo de livros você gosta de ler? Quais são seus livros e autores favoritos?

Mathilde – Leio de tudo. E gosto mto de livros policiais.

Evan – E quem não gosta de um bom romance policial, não é mesmo? Pouco antes da pandemia você estava preparando um livro para ser publicado, mas que por causa dela, o projeto foi adiado. Você pode nos contar um pouco sobre este livro? Quais seus planos para ele no futuro?

Mathilde Monaco com seu livro solo de poesias que aguardam lançamento

Mathilde – Eu estou com os livros impressos guardados. Espero que seja inspiração, calmaria e estímulo para as outras pessoas.

Mathilde Monaco no lançamento da coletânea Poetas do Café Literário

Evan – Em 2022 o grupo ALEC, estará completando 50 anos. O que isso significa para você?

Mathilde – Desejo ao grupo ALEC vida longa, pois chegou aos 50 anos com muita dedicação e esforço, principalmente do BENEDITO C. G. LIMA. Que ninguém desista, pois o mundo precisa da poesia para suavizar a vida, crer no amor e ver que a inspiração existe.

Evan – Que mensagem você deixaria as pessoas que, assim como você, têm paixão pela escrita?

Mathilde – Quem sente vontade de escrever, escreva. Sempre vai ser bom para alguém e será brisa suave… mesmo que alguns não gostem. Cada um que escreve contribui e registra a vida.

Evan – Muito obrigado pela conversa, Mathilde. Desejamos tudo de melhor para você e todo o sucesso assim que for possível lançar seu novo livro.

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À Espreita Entrevista: Rosa Maria Nascimento

Professora e Escritora conta sobre sua vivência e esforços na educação e literatura.

Hoje, a entrevista é a autora Rosa Maria Nascimento. Confira a conversa que tivemos e deixe seus comentários no final.

Evan – Sua formação nas áreas de Letras e Planejamento educacional, além de atuar como professora do quadro efetivo do estado e municipal lhe permitiram ter uma ampla vivência no ensino. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória na educação.

Rosa Maria – Eu iniciei a minha carreira no Magistério apenas com o segundo grau que era o curso técnico profissionalizante e sempre fui alfabetizadora de 1º ao 5º ano, na qual eu alfabetizava meus alunos através de projeto e outras atividades dinâmicas. Já no meu último ano de faculdade de Letras, tive a oportunidade de dar aula de língua portuguesa na E.E. Maria Leite. Eu trabalhava a disciplina de uma maneira diferente com projetos de peças teatrais e sempre envolvia a poesia dos poetas sulmatogrossenses, assim como as minhas poesias também; apaixonei-me definitivamente pela língua portuguesa, estudei para passar no concurso da rede estadual, e graças à Deus, passei em 2º lugar. Estou há 25 anos na E.E. Maria Leite, e sinto orgulho em ver muitos alunos formados em diversas áreas profissionais. Atualmente estou aposentada como alfabetizadora na Rede Municipal e estou na coordenação na Rede Estadual.

Evan – Há algum tipo de lição que se pode tirar desse período de quase um ano de pandemia em relação à educação, metodologias, condições sociais, etc.?

Rosa Maria – Eu sempre fui uma pessoa muito empática, mas especialmente nesse período de pandemia que eu estive a frente na escola, entregando atividades, orientando alguns alunos, entregando kit alimentação para os pais, e também vendo o desespero que alguns pais com pouca formação de estudo mostravam, pois não conseguiam orientar seus filhos aquilo que era solicitado pelos professores. Então eu me dispus a ajudar um pouco mais do que a minha função exigia, ou seja, eu orientava o pai sobre o conteúdo didático, para que ele pudesse orientar seu filho em casa, e os agradecimentos me deixavam muito feliz. Então a lição que se aprende nesse período de pandemia, é que ser professor é ter uma alma generosa, cujo está pronta para ajudar, pronta para auxiliar, pronta para resgatar uma criança que está querendo desistir dos estudos, de dar uma palavra de afago, de carinho não só às crianças, assim como para os pais que precisavam dessa atenção.

Evan – Ser professor é ter que andar uma segunda milha. Você é membro dos grupos ALEC e APEC. Pode nos contar um pouco do que se trata cada um desses grupos e qual sua participação em cada um deles?

Rosa Maria – Sou participante do grupo ALEC desde o ano de 1992, convidada pelo professor e poeta Benedito C. G. Lima, onde as reuniões aconteciam na sua casa, não tínhamos muito recurso, porém a vontade se fazer a cultura poética funcionar na cidade de Corumbá era maior. No grupo ALEC realizamos muitos concursos de poesias envolvendo muitas escolas nas nossas atividades culturais, tanto em Corumbá, quanto em Ladário. Em 1995, participei da minha primeira coletânea de poesias, onde o nome do livro foi sugerido por mim (Amantes da esperança). Este grupo foi o alicerce para criarmos a APEC, (Associação dos Poetas e Escritores de Corumbá) onde eu participava como diretora-secretária; a reunião acontecia na casa do poeta Balbino (presidente do grupo), os participantes levavam ideias e nós discutíamos as condições de pô-las em prática. Assim realizamos um grande concurso de poesias envolvendo todas as escolas públicas e privadas de Corumbá/Ladário, na qual recebemos muitas homenagens, também fazíamos ações solidárias para entidades filantrópicas, participávamos de eventos nas escolas, quando éramos chamados pela direção e pelos professores, a fim de somar na aprendizagem dos alunos, trazíamos discussões da UBE (União Brasileira dos Escritores), foi montado a coletânea “Meu coração é um livro aberto para poesia” (2010).

Evan – Isso é mesmo espetacular! É muito difícil ver uma organização de pessoas que se dedica tanto para levar cultura para as escolas. Todos vocês da APEC e ALEC estão de parabéns! Você já participou em diversas antologias, tendo seus trabalhos selecionados dentre muitos outros para fazer parte dessas coletâneas. Conte-nos um pouco sobre sua carreira literária.

Rosa Maria – Escrever é dom, a pessoa já nasce com ele, porém precisa que alguém descubra. Foi o que aconteceu comigo quando eu estudava 7º série, a professora Mariléia de língua portuguesa via nas minhas redações escritas poéticas. Daí em diante, fui aperfeiçoando e amadurecendo este dom de escrever e em 1992 conheci o professor poeta Benedito C. G. Lima, que me convidou para fazer parte do grupo ALEC, lá eu declamava minhas obras (crônicas, poesias, poemas, etc.), fui bem aceita no grupo, o que me motivou a escrever mais uma das minhas principais obras de 1992, “Roda viva”, a qual eu a criei no intervalo nas aulas da UFMS. Sinto-me primeiramente agradecida a Deus pelo dom concebido e aos poetas Benedito C. G. Lima e senhor Balbino pela oportunidade dada.

Evan – De onde vem sua inspiração para escrever suas poesias?

Rosa Maria – Minha inspiração vem da fé que sinto em Deus, do amor à natureza da qual o ser humano faz parte.

Evan – Agora como leitora… o que a Rosa Maria gosta de ler? Livros ou autores favoritos?

Rosa Maria – Gosto de Aluízio Azevedo, Machado de Assis, Castro Alves (poesias), provérbios bíblicos e afins.

Evan – Se você pudesse ter uma conversa, com qualquer personalidade literária, viva ou morta, com quem seria? Por que?

Rosa Maria – Aluízio Azevedo, justamente para parabenizá-lo pela obra O cortiço; os diversos mundos postos na obra.

Evan – No seu ponto de vista, qual o maior desafio que os escritores brasileiros enfrentam?

Rosa Maria – Com toda franqueza, é fazer o leitor ler uma obra até o final.

Evan – Verdade. Já é difícil fazer com que alguém inicie um livro, quem dirá, terminar. (Risos). Conte-nos um pouco sobre seus projetos literários para o futuro. Algum já em andamento?

Rosa Maria – Meu sonho é lançar um livro somente com minhas poesias.

Evan – Que mensagem você deixaria as pessoas que pretendem seguir a carreira de escritor?

Rosa Maria – Primeiramente, tem que nascer com dom, depois ser um leitor assíduo para inovar suas obras nos diversos segmentos; natureza, política, sociedade e os devaneios humanos; intolerância e preconceitos.

Evan – Rosa Maria, foi um grande prazer conversar contigo, te conhecer melhor e saber que ainda há pessoas que se preocupam com o próximo e procura fazer desse mundo um lugar um pouco melhor através da cultura. Lhe desejamos todo o sucesso e saúde para continuar seu trabalho com dedicação. Um grande abraço da equipe À Espreita.

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À Espreita Entrevista: Elany Morais

Autora fala sobre seus trabalhos, suas preferências literárias e projetos em andamento.

A entrevistada de hoje é a professora, escritora e entusiasta da leitura, Elany Morais.

Evan – Você é formada em letras/literatura e pós graduada em literatura brasileira. Só por isso já podemos imaginar que você é uma pessoa apaixonada pelos livros. Como foi que você passou de leitora à, também, escritora?

A autora Elany Morais e seus livro “Luz e Sombra”.

Elany – A escrita – por ser uma consequência da leitura – surgiu em minha vida depois de muito ler os clássicos da literatura brasileira, inglesa, francesa, russa… Essa passagem aconteceu de forma tão automática, até mesmo quase imperceptível por mim.

Evan – Quais são seus livros ou autores favoritos?

Elany – Crime e Castigo, do escritor russo Fiódor Dostoiévski, Memórias Póstumas Brás Cubas (Machado de Assis), A Hora da Estrela (Clarice Lispector), Eugénie Grandet, (Honoré de Balzac), O Crime do Padre Amaro (Eça de Queiroz) O Cortiço (Aluízo de Azevedo), Anna Karenina (Tolstoi)…

Evan – Como educadora no estado do Maranhão, você criou o projeto “Caminhos da Literatura”. Conte para nós um pouco sobre o projeto.

Elany – “Caminhos da Literatura”, na verdade, é o nome de um trabalho que realizo com os alunos das redes municipal e estadual, nas quais exerço minha profissão de professora. São atividades que envolvem leituras e escritas de textos literários, que posteriormente são sempre compartilhadas com a comunidade escolar, através de exposições, sejam teatrais, musicais, declamatórias, etc. O objetivo desse tipo de trabalho é desenvolver nos alunos o gosto pela leitura, por meio do texto literário, além de humanizá-los.

Evan – Muito legal. Fica de exemplo aí para outras escolas do Brasil. A leitura e a criação literária precisam ser divertidas para se ganhar novos adeptos. Você começou no mundo literário, utilizando as redes sociais. Que conselhos você daria aos colegas escritores, muitos deles iniciantes, sobre como usar as redes para compartilhar seu trabalho?

Elany – As redes são excelentes veículos condutores da matéria-prima do escritor, contudo, é preciso coragem e maturidade para lidar com elas. Como o desejo de todo escritor é ser lido, é indiscutível que as redes sociais são importantes ferramentas que podem ser usadas para atingir esse objetivo – de forma mais rápida e democrática. Então, a criação de Blog e Fanpage é uma opção para o compartilhamento das produções literárias.

Evan – Você escreve diversos gêneros literários: contos, poemas, memórias, etc. Como surgem as ideias ou inspirações para escrever o seu próximo trabalho?

Lançamento do livro Luz e Sombra na Feira Literária de Caxias.

Elany – A partir das imagens diárias, ou seja, surgem dos acontecimentos do cotidiano. Dependendo do tipo de emoção que vivencio diante de um episódio ou uma circunstância, que pode até não ser importante para muitos – a vontade ou mesmo a necessidade de escrever se achega a mim.

Evan – Seus trabalhos já foram selecionados para diversas coletâneas literárias. Conte-nos um pouco sobre essas coletâneas e seus trabalhos que fazem parte delas, assim como seus livros solo.

Elany – Felizmente, tive a honra e o prazer de ser convidada a participar de várias coletâneas literárias. Foi uma experiência bastante gratificante e, não deixa de ser mais um percurso rumo ao objetivo de quem se envereda no mundo literário. Quanto aos meus livros solo, primeiro publiquei e lancei “Muitas de Mim”, que é constituído por prosa poética, filosófica e psicológica, depois, “Luz e Sombra”, livro de poemas.

Lançamento do livro Muitas de Mim, na Academia Caxiense de Letras.

Evan – O que você acha mais difícil na carreira de escritor. Por que?

Elany – Aqui no Brasil, a falta de leitor. Infelizmente, a nossa sociedade não é uma sociedade leitora, quando digo a sociedade, falo da maioria dos brasileiros. Temos grandes falhas na nossa Educação. As pessoas não são preparadas para cultivarem o hábito da leitura, por isso, os valores literários agonizam. É bastante perceptível que a falta de apoio – seja de quem for – a esse tipo de trabalho é evidente.

Evan – Sim, isso é bem evidente, infelizmente. Vamos falar um pouco sobre o futuro… Algum projeto em andamento? Algo que possa nos adiantar?

Elany – Sim. Um livro de crônicas pronto para a publicação.

Evan – Opa! Queremos ser avisados aqui quando esse lançamento acontecer. Existe algum gênero literário ou algum tipo de assunto ou história que você não escreveria de jeito nenhum? Por que?

Elany – Essa pergunta é muito interessante. Eu nunca tinha pensado sobre isso. Mas eu não diria que há algum gênero ou assunto que eu não escreveria, pois, não sou fechada ou imutável. Tudo depende de minha concepção, da minha necessidade, do meu desejo frente ao que se apresenta para mim.

Recebendo homenagem como palestrante da Feira Literária de Codó.

Evan – Que mensagem você deixaria para seus leitores ou futuros leitores?

Elany – “Não tenho filhos, mas leitores, capazes por si sós de defenderem a civilização contra os avanços da barbárie.”

Evan – Essa foi nossa entrevista com a querida autora Elany Morais. Desejamos todo o sucesso do mundo para você em tudo que fizer. Um grande abraço da equipe À Espreita.

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À Espreita Entrevista: Rachel Vasconcelos

Em ritmo de Natal, escritora conta um pouco sobre sua vida, seus projetos e sua vivência na literatura.

A entrevistada de hoje é a nossa querida autora, Rachel Vasconcelos. Formada em Letras com especialização em Psicopedagogia ela atua como Professora, Escritora e Missionária.

Evan – Primeiramente é um prazer conversar com você e saber um pouco mais da sua história. Você é formada em Letras com especialização em Psicopedagogia e foi voluntária em um ONG. Conte-nos um pouco sobre isso.

Rachel – Foi uma iniciativa que tive para contribuir com a comunidade, pois como a fundadora, a Leila, dessa ONG aceitou em me receber de braços abertos, então, fiquei entre o ano de 2010 até 2014.

Evan – Você também foi missionária itinerante. Conte pra gente um pouco mais sobre isso e suas experiências como missionária.

Rachel em suas atividades como missionária

Rachel – Na verdade, sou Missionária Itinerante até hoje, pretendo continuar esse trabalho por toda a minha vida. É uma satisfação fazer o IDE e Pregar o Evangelho com muito Amor e levar Esperança para as pessoas. O meu trabalho Missionário já foi desenvolvido na cidade de Ladário, Corumbá e na Bolívia, através de minha participação em rádios.

Evan – O que lhe levou até a poesia?

Rachel – Como sou Professora, tenho apreço pela literatura e principalmente a parte da poesia, que nos leva a uma viagem que encanta a vida. Com muita criatividade!

Evan – O que você gosta de ler? Têm livros ou autores favoritos?

Rachel – A Bíblia, pois é o livro mais vendido no mundo. Livros de romance, crônicas e poesias regionais. Meus autores prediletos são J. K. Rowling, Stephen King, entre outros.

Evan – J. K. e King, não têm como errar né? (Risos). Fale um pouquinho sobre sua experiência como professora.

Rachel – É uma experiência que levamos para a vida toda, compartilhamos , trocamos experiências e aprendemos com muito Amor.

A autora Rachel Vasconcellos e o Mestre e poeta Benedito C. G. de Lima em palestra na Escola Municipal Cyriaco Felix de Toledo em Corumbá-MS

Evan – Com base nessa pandemia, algumas desigualdades ficaram ainda mais evidentes. Na educação das crianças não é diferente. Como você avalia o modo como conseguimos lidar com esse novo desafio?

Rachel – É um momento atípico em que nos reinventamos constantemente, pois para uns serviu de aprendizado e para outros não houve mudança.

Evan – Verdade, infelizmente têm aqueles que nunca aprendem nada. Vamos falar mais sobre você. Fale para nós agora sobre sua carreira literária. Participações, projetos, livros…

Rachel – Foi muito produtivo ter participado da antologia Florilégio da Esperança com quase 60 autores de MS. E ter contribuído com o Projeto “Passa na praça que a arte te abraça” do Benedito C. G. de Lima. E participar de algumas palestras em escolas municipais e estaduais.

Rachel com livros confeccionados em papelão e papel reciclado, realizados em um dos projetos do qual ela é incentivadora.

Evan – O que podemos esperar do Rachel Vasconcelos para o futuro. Está já desenvolvendo novos projetos literários?

Rachel – Sim. Não podemos parar de sonhar e desenvolver Projetos Literários que possam contribuir para uma educação de qualidade e de realização pessoal na leitura e escrita.

Evan – Qual o seu maior sonho como autora?

Rachel – Pretendo escrever um livro que fala da minha vida pessoal e família.

Evan – Opa! Saberemos mais sobre a Rachel nesse novo projeto, então. Que mensagem você quer deixar para seus leitores e colegas de escrita?

Rachel – É um prazer vivenciar esse momento com vocês, compartilhando um pouco sobre meus trabalhos e Projetos. Aos colegas de escrita quero agradecer ao Jornalista Nelson Urt, ao Mestre Benedito C. G. de Lima e o artista a troca de experiências e principalmente a oportunidade de poder participar de eventos literários inesquecíveis!!!

Evan – Essa foi a nossa queridíssima Poetisa Rachel Vasconcelos. Nós do À Espreita lhe desejamos todo sucesso!

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À Espreita Entrevista: Ísis Batista

Escritora e ativista da leitura infantil, Ísis Batista fala sobre sua carreira, projetos parados neste ano atípico e planos para o futuro.

A entrevista de hoje é a nossa queridíssima Ísis Batista. Ísis é Pedagoga, Especialista em Educação infantil, Professora e uma exímia incentivadora da leitura infantil.

Evan – Você é professora, pedagoga, contadora de histórias e especializada em educação infantil. Foi por causa de suas ocupações com a educação infantil que você decidiu começar a escrever? Conte-nos como foi isso.

Ísis – Cresci em família que sempre contava histórias para crianças, tive acesso aos livros principalmente gibis antes de ser alfabetizada e fazia representações dos livros com irmãos e amigos. Minha adaptação na escola melhorou muito quando a professora Sueli descobriu meu gosto pelos livros e histórias. Quando comecei a escrever textos(redações), descobri que além de ler eu gostava de escrever e foi assim até à faculdade onde escrevi meu primeiro livro “Chapeuzinho de Palha do Pantanal” sendo um trabalho obrigatório da disciplina Literatura Infantil. Porém eu já havia me envolvido com o desenho e meu desejo era ficar no grupo de ilustração, a prof  não aceitou e fez eu ficar no grupo de escritores, quando ela escolheu minha história reconheci que na verdade ela quis  mostrar o que eu poderia fazer com meus textos e agradeci aquele “castigo”. Todo o tempo durante o curso me envolvi com projetos e um deles foi na biblioteca de uma escola de séries iniciais com incentivo à leitura. Hoje posso dizer que minha vida toda foi em volta de livros e contação de histórias e a graduação e pós graduação juntamente com o trabalho na educação infantil veio ao encontro com todo este trajeto reforçando e fortalecendo esta magia da escrita e leitura.

Evan – Você tem um projeto de inventivo a leitura na escola onde trabalha. Conte pra gente como é esse projeto.

Ísis – Como disse antes, gosto muito de trabalhar com incentivo à leitura. Assim que comecei trabalhar na educação infantil em sala de aula, lia muito para os alunos, comecei pré-alfabetizando as crianças usando livros escritos com caixa alta, escrevíamos pequenas cartinhas para a família e no dia do livro colocava banca de livro com os meus que levava de casa. Lia, fazia apresentações e as crianças pegava os livros para ler através das imagens. Quando a escola conseguiu uns exemplares levava para sala usando-os para leitura diária eu lia para a turma e uma criança também era incentivada a ler para os colegas. Quando precisei sair da sala de aula, a coordenadora por saber de minha paixão por livros me ofereceu a abertura da biblioteca e isto foi um salto para quem não queria deixar a sala, além de abrir conseguimos uma boa quantidade de livros. No ano seguinte o governo federal lançou um projeto onde mandava livros para casa, no caso do CEIB trabalhos com a Sacola de Leitura e quando encerrou este projeto, implantamos um que além da sacola de leitura que é dispensada por mim, com a participação dos profs, dispenso, com a autorização dos pais e responsáveis, para que os pais tenham mais participação dentro da escola, nos dois casos é a criança que escolhe, só  interfiro caso necessário. A sacola de leitura vai em um dia e deve voltar no outro, o empréstimo com a autorização pode ficar mais dias. A sacola de leitura gera trabalho do professor em sala de aula e com este projeto já conseguimos mudar comportamento, adaptação, relação da família com a escola. O despertar da leitura também desperta a criança para a vida social.

Ísis Batista contando histórias em evento escolar do Dia da Consciência Negra

Evan – Enquanto leitora, que tipo de livros você gosta de ler? Quais são seus livros e autores favoritos? Nos indicaria algum?

Ísis – Desde pequena sempre gostei de gibis e até hoje leio então meu primeiro indicado é Mauricio de Souza, muito de Monteiro Lobato principalmente as lendas, e eu trabalho com contação de história personificada de Emília. Indico Lobato que trabalha a nossa cultura através das lendas, alimentação com a Tia Anastácia …  A maioria de autores de literatura infantil indico como histórias de fantasia e de reflexão social. Gosto de autores brasileiros como Machado de Assis, Augusto Curi, Paulo Coelho, e indico os livros de escritores independentes pois precisamos valorizar e incentivar o trabalho destes por isto indico que leiam Ísis Batista. (Risos).

Evan – Agora, como escritora… o que você escreve? Contos, poesia, romance…?

Ísis – Escrevo pensamentos, poesias, contos de literatura infantil e textos para reflexão.

Evan – Você participou da antologia “Cartinhas na Janela”. Conte-nos um pouco sobre o ela, seus textos que a compõe e como foi o caminho até chegar até esta antologia.

A autora Ísis Batista em momento de autografar livros para seus leitores.

Ísis – Estive em Uberlândia/MG e conheci duas escritoras reunimos em um café da tarde na casa da Vicentina Maria e esta conheceu meu trabalho de contadora de história e a partir deste momento  começou  incentivar-me a escrever e publicar. Quando abriu a nova  antologia infanto-juvenil, ela e a Marilin Marinque começaram a pedir   que eu participasse junto com elas, e com isto envolveram o Becalete para que conversasse comigo, acabei aceitando e escrevi dois textos “Professora Sueli “e Papai Noel. A Cartinha “Professora Sueli” é um texto para homenagear a minha primeira professora a qual é para mim um exemplo para trabalhar com crianças; já a cartinha para “Papai Noel” conta a história de uma garotinha que pede presente ,mas um presente inusitado pois tudo que ela quer é pirilampos e vagalumes.

Evan – Você participa de outros projetos literários ou artísticos ou tem algum projeto/ideia que gostaria de realizar ainda?

Ísis – Tenho a personagem Emília do Sitio do Pica Pau Amarelo, contadora de história que este ano não fiz nada com ela então um dos projetos é voltar com ela e com a boneca Lia, uma contadora de histórias para crianças pequenas. A Emília sempre trabalha em parceria com projetos sociais, evento de escolas, Semana do Bebê com a Prefeitura e a Camargo Correia e a Semana do Bem Fazer. O trabalho com estes dois últimos rendeu uma capa de revista da Intercment. Todos estes projetos parados devido este ano atípico que espero ano que vem continuar. Iniciei um trabalho com a palhaça Rosinha que também ficou parado e que precisa de melhorar a personalidade dela, a Rosinha é destinada mais para as brincadeiras e preciso criar exatamente o que ela realizará. Espero conseguir publicar um livro junto com pessoas do Mato Grosso do Sul e em editora deste estado já que a Editora Becalete é do estado de São Paulo. Outro projeto que preciso desenvolver é os meus desenhos para que no futuro eu possa ilustrar meu livro.

Evan – Impressionante. É disso que o Brasil precisa… verdadeiros incentivadores. Agora vamos falar um pouco sobre o seu livro A FAMÍLIA CHAPEUZINHO -Um Conto de Chapeuzinho Vermelho.

Ísis – O livro “A família Chapeuzinho – Um Conto de Chapeuzinho Vermelho” é a história da bisneta da Chapeuzinho Vermelho(clássico) que se casou com o bisneto do caçador e era um excelente era cozinheiro. O casal teve dois filhos, Chapeuzinho   Azul e Chapeuzinho Rosa. Este livro tem como obtivo brincar com o imaginário infantil e fazer a reflexão sobre o que é de menino e menina pois estamos no século 21 e ainda temos o debate sobre cores, brinquedos e relacionado ao gênero feminino e masculino. (Este livro me levou a fazer dois lançamentos, primeiro em Bodoquena e o segundo em um Café Cultural em Corumbá Organizada pelo poeta Benedito Carlos G. de Lima.

Evan – Qual o seu maior sonho como escritora?

Ísis – Deixar o legado, sempre sonhei em ter algo eterno, escrever e publicar eterniza o escritor.

Evan – Escritores sempre estão procurando escrever algo novo. O que podemos esperar da Isis Batista em um futuro próximo. Há algo que possa nos adiantar?

Ísis – Esse ano de 2020, a convite da poeta Cidinha Lima, estou participando com texto natalino em uma Antologia organizada poeta Diane Balis (Gisele Lemos).

Evan – Que mensagem você deixaria as pessoas que pretendem seguir a carreira de escritor?

Ísis – Brinque com a criatividade, não é fácil publicar livros principalmente o infantil devido ao preço pago para editoras e o retorno é pouco em questão financeira. Mas não desistam, escrevam e guarde tudo, quando puder publicar realize seu sonho. Vale a pena eternizar sua criação e ver alguém lendo o que criaste.

Evan – Essa foi a conversa super legal que tivemos com a autora Ísis Batista. Foi um prazer poder lhe conhecer um pouco mais e desejamos todo o sucesso em tudo o que fizer. Pessoas como a Ísis é que fazem o Brasil dar certo em vários pontos do país. Um grande abraço da equipe À Espreita. 

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À Espreita Entrevista: Walbes Vasconcellos

O Poeta Walbes Vasconcellos abre o jogo sobre sua relação com a poesia e planos futuros.

Hoje nossa entrevista é com o escritor e poeta Walbes Costa Vasconcellos é formado em Letras, estudou em colégios salesianos de Araçatuba e Campo Grande.

Evan – Primeiramente, é uma satisfação conversar como Walbes. Conte pra nós. Como começou sua relação com a escrita?

Walbes – Minha relação com a poesia aconteceu na época que eu estudava no seminário salesiano de Araçatuba…ganhando grande incentivo dos meus superiores.

Evan – Quais livros ou autores são seus favoritos? Quais você nos indicaria?

Walbes – Gosto dos escritores Álvares de Azevedo e Augusto dos Anjos. Para quem gosta de uma boa dose de sentimentalismo exacerbado …eu os recomendo. Indico o livro “Antologia da Poesia Portuguesa” de Camões à Pessoa.

Evan – De onde vêm as inspirações para seus próprios textos, poesias, etc.?

Walbes – Minhas inspirações vêm do meu próprio “eu”. Retrato aqui que sinto… que vivo… que vejo.

Evan – Você também tem uma ligação forte com a animação de festas. Conte um pouco para nós sobre o “Cacareco”.

Walbes – “Cacareco” surgiu a partir de uma peça de teatro (Onde está a felicidade?). Falava de um palhaço que estava em busca da sua felicidade.  Eu fazia parte de um grupo de teatro na faculdade e fui levado pelo meu diretor (Rooney). A peça foi dirigida pelas professoras Sônia Ruas Rolon e pela sua filha…Márcia Rolon. Antes…o grupo era formado por mim e pelos amigos Gerson Morais e José Alberto de Abreu.

Walbes Vasconcellos em apresentação poética no Espaço SESC

Evan – Legal. Esse é um dos casos onde parece que os personagens realmente ganham vida. (Risos). Você já participou de algumas antologias. Conte um pouco sobre elas.

Walbes – Participei pouco! Sou um poeta fechado…absorto em meus pensamentos.  Lembro-me das participações nas antologias “Poemar de Letras” e “Café Literário”.  Poemar de Letras foi todo idealizado pelo amigo Gerson Morais.  O Café Literário foi idealizado pelo amigo Benedito C. G. Lima.

Walbes Vasconcellos e o poeta Benedito C. G. de Lima

Evan – Já conversamos, por aqui, com essas duas grande figuras também. Agora responde para nós uma coisa… Se você pudesse compartilhar com o mundo todo uma de suas poesias, qual seria?

Walbes – Minhas poesias falam de mim… refletem minh’alma… sou o reflexo delas. Mas …vou escolher a poesia…

Perdido

Quero um sorriso largo,

Uma boca úmida,

Uma vida mansa,

Esquecer as mágoas,

Chorar minha dor,

Cantar as velhas canções e apagar da lembrança meus restos mortais.

Vou sair sem pressa,

Pegar meus míseros sentimentos e voar,

Esperar o sinal abrir,

O coração fechar e vagar pela poesia fúnebre que invento.

Vou abrir a porta dos fundos,

Sucumbir e navegar no fim do meu próprio eu.

Evan – Opa! Vamos aplaudir! (Risos). – Escritores, poetas, artistas de um modo geral, sempre estão envolvidos em um novo projeto. Está preparando algo para ser apresentado futuramente? Quem sabe um livro solo?

Walbes – Exatamente! Estou alimentando a ideia de lançar meu livro solo. Estou colhendo algumas poesias pra isso. O nome do livro já está escolhido: “Espelho”.

Evan – Quando “Espelho” estrear queremos ser avisados aqui, hein! Se você pudesse ter um dia de mentoria, ou uma simples conversa que fosse, com qualquer pessoa do mundo, viva ou morta… com quem seria? Por que?

Walbes – Eu já converso muito comigo mesmo. Sou de falar mais… interiormente… eu me ouço… eu me procuro… mas nunca me acho!

O poeta Walbes Vasconcellos em apresentação poética no Café Literário

Evan – Então… de tanto falar consigo mesmo, diz pra gente: No ponto de vista do Walbes, que lições o mundo pode tirar dessa pandemia?

Walbes – Temos que aprender a ser “melhores”! Tirar algo positivo disso tudo. Creio que estamos aprendendo a lição!

Evan – Tomara mesmo. Que mensagem ou conselho você quer deixar para seus leitores, futuros leitores e colegas de escrita em todo o Brasil?

Walbes – Poesia é manifestação do belo! Viva tudo que estiver ao seu dispor. Leia… escreva… viva !

Evan – Direto e reto, esse foi nosso querido Walbes Vasconcellos! Agradecemos de coração pela oportunidade e lhe desejamos todo sucesso!

Em destaque

À Espreita Entrevista: Germano Carretoni

Advogado, poeta e escritor, Germano Carretoni fala sobre suas experiências e o amor pela poesia.

Germano Carretoni, natural de Corumbá – MS é advogado, pós-graduado em Direito Previdenciário e Processual do Trabalho. Estudou no Colégio Maria Leite, Faculdade UNIVAP, formado em Direito em 1979 e Faculdade LEGALE. Colaborador e participante de livros e antologias, tem como sua paixão literária, a poesia.

Hoje nossa entrevista é com o Advogado, Escritor e Poeta, Germano Carretoni, presidente da CEO – Comissão de Exame de Ordem da 36º Subsecção da OAB-SP.

Evan – Sua formação na área do Direito lhe permitiu ter uma ampla vivência pela busca da justiça. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.

Germano – Sempre tivemos uma infância modesta em Corumbá, MS. Morávamos na Rua Firmo de Matos e, após um acidente que vitimou meu pai, acabei vindo morar em São José dos Campos, SP. Residindo com meu irmão mais velho em uma República de Estudantes. E com sacrifícios iniciei os estudos na Faculdade de Direito. Realmente, a profissão de advogado atendeu aos reclamos vocacionais – amor ao direito! Fiz pós- graduação em Direito. E, com o passar dos anos tivemos que enfrentar a evolução tecnológica e, se moldar às novas exigências do judiciário e se qualificando para enfrentar os embates jurídicos e sempre procurando atender aos reclamos dos clientes, que são a voz dos processos e, nós o porta voz.

Evan – Acho que todo mundo fica curioso em saber: Como é que um advogado se torna também um escritor e poeta? Como começou essa relação?

Germano – Quando ainda morava em Corumbá, MS, acabei indo ser Fuzileiro Naval da Marinha, Ladário e, na época já participava ativamente do Grupo ALEC e, atuando inclusive nos Festivais da Canção, e até mesmo, jurado nos programas de televisão e, assim, nunca esqueci das minhas raízes de poeta que sempre falou “muito alto” no coração.

Advogado e Poeta: Germano Carretoni

Evan – O senhor foi um dos colaboradores do livro “Processo Trabalhista: Questões polêmicas”. O título já é autoexplicativo, porém há alguma questão polêmica, tratada no livro, que poderia ser adaptada para um romance?

Germano – Sim, entre as questões abordadas se desponta direitos sociais que são predicados do dia-a-dia da evolução social. E, me faz lembrar as peças teatrais escritas nos idos de 1977-1978 na época com os poetas Rivaldo Araújo, Magali de S. Baruki  (Escravos dos Século XX; Vivências Brasileiras; Nem sempre a consciência Pesa ).

Evan – Há vários meses o mundo tem se adaptado, readequado e se reinventado para enfrentar a pandemia do Covid-19. Na área do direito, há algum tipo de lição que se pode tirar desse período, em relação à novas maneiras de exercer a profissão e atender os anseios da sociedade?

Germano – Realmente, a pandemia acabou por provocar uma avalanche de novas regras e, não poderia ser diferente no ramo do Direito/Judiciário que teve que se adequar trazendo um misto de incerteza e, até mesmo receio com as novas práticas de audiências tele presenciais e, que de uma certa forma atropela as regras/normatização do direito.

Evan – Vamos falar um pouco sobre coletâneas. Como escritor, poeta, já participou de várias delas, como “A Nossa Mensagem”, “Impacto Jovem”, “Florilégio da Esperança” e outros. Qual é a sensação de ter seu trabalho literário exposto e ainda acompanhado de vários colegas igualmente talentosos. Que tipo de visibilidade isto lhe dá?

Germano – Realmente, me sinto muito orgulhoso e envaidecido pelos colegas, expoentes literários da nossa eterna Cidade Branca, berço nato da cultura mato-grossense. E, é um trabalho incansável, pois, após concluir “Passa na Praça que a Arte de Abraça III”, já surge uma luz para lançar uma nova antologia sempre com ajuda de Deus para 2021.

Evan – Fale-nos sobre seu livro solo, “Lembranças e Lembranças”. É seu primeiro livro solo?

Germano – Sim, foi o primeiro, livro solo – singelo. Uma forma de tocar as cordas mais sensíveis da Alma – Aquilo que de mais puro temos guardado. Uma homenagem aos irmãos e familiares.

Capa de “Lembranças e Lembranças”, primeiro livro solo de Germano Carretoni

Evan – O que você gosta de ler? Quais os seus livros ou autores favoritos?

Germano – Sempre tive uma voracidade livresca, lia diuturnamente na minha infância e, os primeiros a serem “devorados” foram os romances indianistas de Machado de Assis, Castro Alves e outros clássicos e,  logo a seguir veio os menos afeitos à críticas literárias, como Jorge Amado, José Mauro de Vasconcelos e, depois os romances de catástrofes (Hospital, Aeroporto, etc).

Evan – O que lhe inspira a escrever? Há temas recorrentes que gosta de abordar ou tudo depende do momento?

Germano – No dia-a-dia ao deparar com alguma situação inusitada, interessante, já desperta a vontade de discorrer sobre aquele momento de forma quase que folclórica.

Evan – Conte-nos um pouco sobre seus projetos literários para o futuro. Algum já em andamento?

Germano – Sim. Com o auxílio zeloso dos poetas conterrâneos e sobre os auspícios do notável Benedito C.G. Lima, articular uma nova antologia para o ano de 2021.

Evan – Que mensagem você deixaria para seus leitores e para àqueles que como você, tem certa paixão na escrita?

Germano – Não desistam de seus sonhos… Ninguém volta a viver o minuto que passa…e, que seja minutos de ternura, meiguice no olhar, candura de sorrisos…amor fraternal, compaixão, respeito, gratidão.

Evan – Este foi Germano Carretoni, agradecemos muito pelo bate-papo e pela oportunidade de conhecermos mais um grande nome da literatura nacional. Espero que nossos leitores curtam essa entrevista tanto quanto nós curtimos fazê-la. Desejamos todo sucesso em seu trabalho e em tudo que fizer. Grande abraço da equipe À Espreita!

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À Espreita Entrevista: Vitor Hugo Souza, a mente por trás da Ghost Flowers.

Artista plástico do Pantanal fala sobre suas experiências, conquistas e o seu modo de sentir a arte e meio em que vive.

A entrevista de hoje é com o artista plástico, desenhista, pintor entre outras coisas, Vitor Hugo Souza. Embarque conosco nessa conversa super empolgante.

Evan – Você é natural de São Bernardo do Campo e mudou-se para Corumbá em 2001, foi quando começo a se reconectar com suas raízes artísticas. Sua mãe teve um papel fundamental nisso. Conte para nós um pouco dessa história.

Vitor – Isso, bom… creio que foi algo natural, na minha infância passei um tempo por aqui por Corumbá, após nascimento em São Bernardo do Campo – SP.  Creio que na adolescência, no meu retorno, algo despertou em mim. Descrever esse despertar seria como escrever o que leva uma pessoa a seguir um caminho, em cada etapa da vida surgiram novos aspectos a refletir. Minha Mãe sempre desenhou quando eu era criança, segui esses passos mostrados por ela. Ela observava alguns desenhos e fazia algumas críticas, via ela pintar camisas também. Nas minhas festas de aniversário ela criava esculturas, silhuetas de isopor e papel com  pintura, para enfeitar a mesa, temas como heróis, etc. Ela sempre mandou muito bem, além de retratos sacros em PB, isso foi… digamos, como meu ninho.

Evan – Como lhe veio a ideia de criar a Ghost Flowers?

Uma das primeiras camisetas produzidas pelo Ghost Flowers.

Vitor – Bom…  já em mim, existia essa marca de pintar camisas, as camisas que minha mãe pintou pra mim e meu primo na infância, acho que esse reflexo ficou guardado em algum lugar e floresceu naturalmente em uma necessidade de personificar minhas roupas, de poder replicar desenhos que dificilmente iria ver em camisas industriais, como uma camisa que havia visto Kurt Cobain usando, em uma foto. Ou da banda Sonic Youth, ou animes que não eram muito populares como Serial  Experiments Lain.   Quando fui morar por um tempo em Maringá – PR, pintei esporadicamente umas camisas e levei uma delas em uma lojinha de souvenir de rock. Lembro que perguntei se poderia deixar uma camisa que eu havia pintado, era da banda Millencolin. Para minha estranheza e surpresa… vendeu ! (Risos.)  Bom, aí investi um pouco em outras camisas que não venderam. A princípio assinava como Vitor Hugo X, em quadriculado, referência um pouco a Cartoon Network e talvez algo de SKA. Isso tudo sem sucesso.  Quando voltei a morar em Corumbá, na época do Orkut, timidamente comecei a publicar algumas coisas, até que um rapaz em São Paulo me pediu para pintar uma camisa de um desenho que ele mesmo tinha criado, exatamente como ele havia feito, daí as coisas começaram a andar, aos poucos. Pintando mais para pessoas de outros estados do que onde vivia, todo tipo de tema, desde camisas inspiradas em documentos históricos à temas inspirados em poesias. O nome Ghost Flowers bom… ele carrega muitas ideias, uma delas é  que flores são dadas de presente, mas por trás da flor tem sentimentos, há intenções de agradar, de amizade etc… e isso não é visto pelos olhos e sim sentido, como um ghost,  então  as camisas são como ‘’Arte que anda’’. São trabalhos soltos, são pinturas que não estão acondicionadas em uma galeria ou a um único tipo de pintura. Até hoje a maioria das pessoas que compram uma camiseta, cerca de 90% dos casos, é para presentear, isso poeticamente é a flor fantasma. *Ghost Flowers também é o nome de um dos álbuns da banda Sonic Youth. Esse nome se encaixou muito bem, veio como uma folha que cai de uma árvore sobre a cabeça do pensante.

Evan – Você foi o curador da exposição “Passa no Museu que a Arte te Abraça”. Como foi o processo para que o evento acontecesse e como foi a experiência do evento realizado?

Quadro: Poesia, Maternidade e Delicadeza. Obra já exposta no Centro Cultural José Octavio Guizzo em Campo Grande – MS, SESC Corumbá entre outros lugares.

Vitor – Sim, isso ocorreu em um dos Festivais América do Sul (FAS) aqui em Corumbá.  Na época eu trabalha no MUHPAN (Museu de História do Pantanal), e já timidamente participava de alguns encontros com pessoal do movimento cultural da cidade, um deles é o Sr. Benedito C.G Lima que tem um projeto chamado Passa na Praça que a Arte te Abraça, no qual já havia participado com ele. Isso me marcou muito, a ideia de abrir, para que pessoas que estejam andando pela rua, terem a oportunidade de interagir com arte livremente. Como bem sabemos, museu não tem o fluxo de visitas  como um shopping. Pensando nisso e no grande evento que estava pra ocorrer na cidade, eu convidei vários parceiros; pintores, artesãos, para uma exposição coletiva, em parceria com o próprio museu, que acolheu muito bem a ideia. Foi muito bom, o evento e muitas pessoas passaram e interagiram com a proposta, haviam alguns monitores, que orientamos em como apresentar as obras aos convidados. Tudo foi como uma grande festa, quando os convidados estão super interessados em dialogar algo em comum. Eu acho que é importante que as pessoas possam ter acesso às produções locais, e mais ainda, nesses momentos de troca.

Evan – De onde vêm as inspirações para as ilustrações que estampam as camisas da Ghost Flowers?

Mais uma camisa da Ghost Flowers

Vitor – As inspirações vem da interação com as pessoas que me procuram, relatam suas ideias, me enviam referências do que procuram em suas camisas e aí começa a produção. Ou, as vezes, quando crio ‘’mini coleções’’ inspiradas em conteúdos que admiro ou simplesmente gosto, geralmente nesses casos são temas como: HQ,  animes, filmes, séries ou artes plásticas. Já são mais de 11 anos produzindo cada peça à mão. Têm camisas em vários estados do Brasil e fora também como: em Berlim na Alemanha e também no Japão e Itália.

Evan – Você também já foi premiado por seus trabalhos artísticos. Conte para nós como foi isso e qual o sentimento de ter seu trabalho reconhecido.

Vitor – Sim, já recebi alguns prêmios em salões de arte. Fico contente, claro, com esses momentos. São oportunidades de mostrar as produções em quadros e murais em uma vertente mais particular, do ponto de vista da inspiração e reflexos sobre a vida.

Mural para SENAC Curso de Gastronomia Campo Grande-MS

Evan – Você já participou do intercâmbio Brasis. Conte para nós um pouco dessa experiência e qual era o objetivo desse intercâmbio.

Vitor – Esse foi um projeto da Funarte, elaborado por Yili Rojas. Ela visitou várias cidades do Brasil e reuniu artistas para elaborarem projetos. Os mesmos seriam escolhidos pelos artistas da cidade do intercambio de cada um.  Eu fui para a cidade de Rio Grande – RS, onde fui muito bem acolhido pelos artistas. Fiquei hospedado na casa da professora e performista Claudia Paim, aprendi muito no pouco que pude compartilhar com ela (in memoria). Também tive contato com professores e a comunidade local. Meu projeto era realizar um mural e dar algumas oficinas, foi uma experiência única! Fiz bons amigos em todo esse processo. Tive a oportunidade de conhecer Pelotas, intermediado por Francis Silva, uma grande  artista, que me levou a alguns eventos de arte, onde um deles, um professor da universidade, viu minhas ilustrações e disse que via muito de ‘’aguadas’’ no literal e sabia que eu estava vindo do Pantanal. Logo fez um link que eu não havia me dado conta…   que em meus trabalhos eu estava inconscientemente representando as minhas vivências, algo muito íntimo, inspirado onde vivia. Até então me preocupava muito por alcançar algo que não era o que estava sendo representado, não era o norte que eu estava levando, esse momento me marcou muito.

Ilustração para o Projeto Brasis

Evan – Fale um pouquinho da sua exposição na Casa da Memória Dr. Gabriel Vandoni de Barros.

Vitor – Esse local é muito importante em Corumbá, pois retrata uma personalidade que buscou fomentar a arte na cidade em muitos sentidos; literatura, escultura, arquitetura, pintura, etc.  Expor lá foi uma honra, trabalho  esse em parceria com a Secretaria de Cultura da cidade, muito bem auxiliado por Jose Rosisca. Foi uma exposição breve, mas o bacana dessa exposição foi o fato de abrir uma nova fase em meus trabalhos mais voltadas ao estilo Cubista Contemporâneo.  Uma pequena pitada de lúdico no uso das cores e o conceitual no uso dos plano de fundo. Além  da ideia da representatividade dos símbolos.

O Pescador de Luz

Evan – Você tem no currículo, intervenções em murais, telas expostas até fora do Brasil e parceria com youtuber… conte para nós um pouco sobre isso tudo.

Vitor – Sim, no Japão ! Esse é um plano de fundo que elaborei para o Yutuber Anderson Tavares do Canal Desbravando o Japão  https://www.desbravandoojapao.com/ e da pagina Todo Dia. Fui muito feliz em ter essa oportunidade… em elaborar o plano de fundo do canal do Anderson. Primeiro que a cultura tradicional japonesa é algo que me emociona e inspira muito… disse a ele que, pelo menos, um pedaço de mim já esta por lá! 

Mural para o Canal Desbravando o Japão do yotuber Anderson Tavares

Evan – Escritores, poetas, artistas de um modo geral, sempre estão envolvidos em um novo projeto. Está preparando algo para ser apresentado futuramente?

Vitor – Ultimamente ando produzindo muitas pinturas na Ghost Flowers, e algumas pinturas para telas. Recentemente, estou expondo em uma cafeteria de Corumbá chamada Inverno d’Italia. Nesta pandemia comecei  a produzir esculturas, uma delas, em homenagem ao produtor de viola de cocho, Sr. Sebastião, como disse,  algo que me inspira muito é a cultura local,  e ser uma espécie de ‘’veículo’’ dessa cultura, através da minha arte, é  um projeto que há muito já está em prática…  bom digo que tenho algumas ideias no forno, (risos), esperando crescerem mais, amadurecer melhor, para pôr em prática.

Evan – Para finalizar, como você avalia a valorização da arte no Brasil e o que poderia ser feito para melhorar esse cenário?

Vitor – Eu vejo que a arte no Brasil é bem valorizada. Talvez,  um pouco mais no exterior do que aqui, isso digo no ponto de vista de fomento e estruturas de apresentações e em mídias mais amplas. Não que não existam, tem sim, mas é mais fácil conhecer um cantor(a) do que um artista visual da sua cidade ou do estado. Isso, de certa forma, não é de todo ruim, pois o que deve mais aparecer nesse caso é a obra! Acredito que deveriam existir suportes mais consistentes, pelo menos um lugar que fosse destinado a ter exposições e divulgação de obas de arte, um lugar que não só dialogue com quem gosta de arte, mas com escolas, comunidades, elaborando propostas de trocas, diálogos etc. Com as produções artísticas de várias modalidades e que nisso tudo, seja bem sustentada, pela representação da memória coletiva e individual. Como disse existem iniciativas nessas situações, mas, talvez… se houvesse um pouco mais de organização e estruturação mais fixas, poderia não persistir mas, sim, existir em cada município.

Evan – Vitor, foi um grande prazer conversar contigo e poder conhecer um pouco mais da sua história, suas experiências e seu modo de ser, tanto pessoal, como artisticamente. Te desejamos todo o sucesso que você merece!

Abaixo outras obras do artista Vitor Hugo Souza.

Essa foi nossa entrevista com o artista plástico Vitor Hugo Souza, de Corumbá para o mundo. Deixe seus comentários. Abaixo segue links de contato do artista.

Instagram: @vhsarte @ghostflowers.camisas

Facebook: https://www.facebook.com/vitorcure/

Vitor em ação



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À Espreita Entrevista: Professor Rachid

Poeta, professor, palestrante e ativista. Valdecir Rachid Amorim nos conta sobre sua carreira, suas lutas, projetos e muito mais.

Hoje nossa entrevista é com o poeta Valdecir Rachid Amorim, mais conhecido como professor Rachid. Ele vai nos contar sobre suas paixões: literatura, teatro, poesia, ensino… Embarque comigo nessa viagem pela história do Professor Rachid.

Evan – Você é professor da rede municipal de Bonito-MS com formação em Pedagogia e História. Como você avalia o rendimento escolar nesse período de pandemia? Que lições podemos tirar disso?

Professor Rachid – O rendimento será de forma uno, ou seja, individual e não uniforme.  Comprometendo assim o processo do ensino e da aprendizagem do ano letivo de 2020. A família e os professores estavam em suas atribuições particulares e cômodas. Essa readequação da família fez com que a sociedade percebesse a real importância tem o professor na vida de seus filhos e o quanto ele é indispensável para o sistema social global. Já os colegas professores tiveram que se capacitar com os meios da informática e com os canais de informação. Portando a grande lição deste período pandêmico, chama se APRENDER A APFRENDER e CONHECER A SE CONHECER.

Evan – Você tem um vínculo muito forte com o teatro e chegou a escrever algumas peças. Conte-nos um pouco sobre isso e se as peças ganharam os palcos de alguma forma.

Professor Rachid – Pois é, a arte sempre nos chama a participar dela nem que seja de forma singela. A peça de teatro como algumas adaptações ganharam o palco escolar da cidade de Miranda MS e Aquidauana MS.  Outras apenas ficaram no meio onde estava vivendo. Gosto de escrever e vi na montagem das peças uma forma de transcender o meu ser e chegar a demonstrar personagens que ajudaria a criar o nosso imaginário e compreender nossa realidade. Peças como O Seminarista de Bernardo Guimaraes e Pagador de Promessas de Dias Gomes são exemplos claros.

Evan – Ainda falando em teatro, você participou de várias adaptações de histórias famosas, como o senhor mesmo citou, O Pagador de Promessas de Dias Gomes. Conte pra gente um pouco mais sobre essa trajetória no teatro.

Professor Rachid – As adaptações foram o início deste chamado. Tínhamos na época um grupo escolar de atores e atrizes e sempre nas datas comemorativas vínhamos com apresentações e era um grande momento. Assim brotou a nossa maior peça de teatro.  O seminarista com 1: 54 minutos que tivemos varias sessões. O Pagador de Promessa veio para abrir as portas da escola para outros municípios e o grupo começou a circular pelo MS.

Evan – Você tem também uma ligação muito forte com o movimento da cultura negra e demonstra isso em tudo o que faz; na educação, no teatro ou como palestrante. Qual o maior desafio que a comunidade negra ainda enfrenta nos dias atuais aqui no Brasil e quais a maiores conquistas, no seu modo de ver?

Professor Rachid – O maior desafio é a população negra se reconhecer como negra. Na minha opinião, a cor declarada pelo censo como parda é uma forma de discriminação aos negros. Pois se juntarmos estas duas particularidades somos 56% da população brasileira e se deixarmos somente negra, somos apenas uma minoria étnica. Aí está o porquê ter a cor parda, para não reconhecer como os negros ser a maioria. Sendo assim uma tentativa de embranquecimento da população brasileira, nascida ainda no Brasil Colonial que o atual  governo federal luta para tirar o povo negro da história do Brasil, negando assim a nossa trajetória e a nossa história ao colocar no principal símbolo de luta e resistência, a Fundação Cultural Palmares, quem projeta esse idealismo de negação. A maior conquista atualmente na minha opinião, é o fortalecimento das bases e a sociedade tendo maior conhecimento sobre a história dos negros e sua trajetória.

(Acima alguns eventos com participação do Professor Rachid)

Evan – Falando agora um pouco mais sobre a literatura em si. Você diz que a poesia é uma paixão. Conte-nos um pouco sobre essa paixão e sua trajetória literária com a poesia.

Professor Rachid – Olha aprendi a ler em histórias em quadrinhos, pouco tarde para a época – mas a leitura de imagem foi e é importante para o despertar desta paixão literária. Na época escolar cheguei a ler três obras clássicas por semana, tanto era a minha paixão, na minha adolescência, pela literatura. Junto com ela, as cartas, a primeira forma de expressar esse amor. Assim nas cartas de paixões juvenis e platônicas fez com que os primeiros poemas fossem uma forma de expressar o que sentia. Hoje as vejo e …(risos)…..como era melancólica e como dramatizava tudo. Dali nasceu essa vontade de falar sobre o cotidiano, o amor a cultura pantaneira, meu tempo de criança e a vocação de ser uma liderança de um povo. O que me levou através da rede social conhecer o Projeto do amigo Benedito Carlos, grande poeta e difusor da cultura literária do Pantanal, o Projeto Passa na Praça que a Arte te Abraça e aqui estou sendo entrevistado por você. Algo imaginável neste tempo.

Coletânea Passa na Praça que a Arte te Abraça 3

Evan – Há temas específicos que você gosta de abordar nas suas poesias ou isso varia dependendo da inspiração de cada dia?

Professor Rachid – Conforme o dia, como disse, a inspiração é o cotidiano onde moro, minha cidade, meu Estado, meu país e o mundo. Assim como os fatos políticos e culturais ligado ao povo negro e ao povo originário das águas…lembranças ou fatos históricos que marca o tempo e a vida de alguém.

Evan – Sempre gosto de perguntar sobre projetos futuros, pois escritores, poetas, artistas de um modo geral, sempre estão envolvidos em alguma coisa. Contigo não vai ser diferente. Tem algum projeto sendo desenvolvido? O que podemos esperar do Valdecir Rachid em um futuro breve?

Professor Rachid – (Risos). Quem não os tem, não é mesmo? Tudo na vida é uma roda viva, quem faz a velocidade desta roda somos nós. No momento o meu projeto maior é superar os obstáculos e a distância que temos para as políticas públicas – sejam para os artistas e para as comunidades tradicionais. Para o futuro que realmente conheçam artistas que estão no anonimato e de a eles a oportunidade que mereçam.  Seja eu um dos que irá oportunizar essa realidade e, que os povos negros sejam tratados com equidade seria utópico, mas o Valdecir Rachid já navega nesse sonho.

Evan – Quais são suas inspirações literárias? Quais são os autores que você gosta de ler ou quais obras lhe marcaram?

Professor Rachid – José de Alencar, Machado de Assis, Castro Alves, Manuel Bandeira, Olavo Bilac e Bernardo Guimaraes, Jorge Amado – obras – “O Guarani”, “O Gaúcho”, “Lucíola”, “Navio Negreiro”, “O Seminarista”, “O Cortiço”. Obra marcante é “O Seminarista” de Bernardo Guimarães.

Evan – – Se você pudesse ter uma mentoria, uma conversa, um aconselhamento, de qualquer pessoa, famosa ou não, viva ou não, de quem seria? E por que?

Professor Rachid – Machado de Assis. Por quê? Porque ele foi um escritor que conseguiu valorizar o passado, o presente e através de sua escrita deixou um legado para nós preparar e fazer o nosso futuro, uma pena que a grande maioria de nossos governantes não leem e não entendem uma boa leitura, por isso, estamos como estamos, sem um timoneiro que possa levar-nos ao curso certo das águas de nossas vidas e ao futuro brilhante de uma grande nação. Dar o valor devido a educação como ela merece.

Evan – Rachid significa “conselheiro”, então no papel de mentor, de conselheiro, que mensagem você deixaria para todos os poetas e escritores que ainda buscam seu lugar ao sol?

Professor Rachid – Não desistir jamais. Persistir. Sempre terá pedras. As pedras estarão lá.  Basta apenas desviar-se delas que lá elas continuarão, mas você estará para além das pedras.

Evan – Professor Rachid, foi um enorme prazer conversar contigo e conhecê-lo melhor. A equipe À Espreita deseja todo o sucesso em suas lutas, projetos… enfim, em tudo que fizer. Um grande abraço literário e fraterno.

Essa foi nosso bate-papo com o professor Rachid. Esperamos que tenham curtido tanto quanto eu. Deixem seus comentários!

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À Espreita Entrevista: Odair Gonçalves Marquez

Professor, poeta, músico e muito mais. A entrevista de hoje tem direito a declamações e conversa animada.

Odair Gonçalves Marquez é Mestre em Educação Matemática pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, é professor efetivo na Rede Municipal de Educação de Corumbá-MS e da Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul. Além disso Odair ainda acumula outras ocupações na área da literatura, da fotografia e da música.

Hoje, nossa conversa é com esta grande figura do cenário corumbaense, Odair Gonçalves Marquez. Confira!

Evan – Primeiramente é uma grande satisfação para nós do À Espreita poder conversar com você sobre quem é o Odair Gonçalves Marquez. Você é Mestre e professor de Matemática. Como um cara de exatas acaba se tornando também um poeta?

Odair – É uma honra receber o convite para falar um pouco sobre o meu trabalho artístico com vocês. E, o interessante é que a parceria com a arte começou bem mais cedo do que pensar em matemática como profissão. Lembro bem que em 1986 tive a honra de conhecer a saudosa professora Ângela Maria Perez, já falecida, que gostava de levar poesia para a sala de aula. Em uma das ocasiões ela resolveu nos convidar para uma exposição na escola e depois para visitar a casa da senhora Izulina Xavier, artista plástica de Corumbá MS. E assim fui me encantando cada vez mais com a poesia. A matemática veio no ano de 1998, quando resolvi definir a minha trajetória profissional. Parecem opostos, mas quando se pensa em métrica e rima tudo se completa.

Evan – Você tem uma relação estreita com a música também. Conte-nos um pouco sobre essa história.

Odair e sua paixão pela música

Odair – Na minha família, meu pai e meu avô eram músicos. Uma das coisas que eu mais gostava era quando ambos se sentavam no quintal de casa e começavam a tocar e cantar juntos. O meu avô tocava mais de sete tipos de instrumentos de corda e meu pai tocava violão e baixo. Eu não imaginava que um dia aprenderia violão, mesmo assim comprei um no ano de 1992. E comecei a aprender justamente no dia 28 de fevereiro de 92, no dia que ocorreu uma grande enchente na cidade de Corumbá. De lá pra cá, toquei em igrejas, escolas e movimentos culturais, e procurei me aperfeiçoar. Gosto muito de cantar e tenho um gosto particular pelas músicas do Almir Sater, no entanto, percebo grande influência da MPB nas músicas que procuro aprender.

Evan – Então a música já é coisa de família… está no sangue. (Risos). Você teve alguns de seus trabalhos selecionados para antologias como o Passa na Praça que a Arte te Abraça. Conte para nós um pouco sobre essas antologias e seus trabalhos que participam.

Odair – Eu estava um tempo sem escrever e Benedito me convidou para participar das antologias do Passa na Praça que a Arte te Abraça. Eu já havia deixado passar alguns convites e então resolvi voltar a escrever. Para quem escreve e para por um bom tempo, fica meio complicado voltar, mas fiz um propósito e retornei. É claro que participar de uma antologia é muito gratificante, não só por produzir e publicar a sua arte, mas por perceber que um trabalho coletivo está sendo produzido e que é fruto de experiências que começaram nas manhãs de sábado na praça da Independência, onde eram expostos os trabalhos dos artistas corumbaenses.

Odair com um exemplar da Antologia Passa na Praça que a Arte te Abraça

Evan – Esse “Passa na Praça que a Arte te Abraça” tem história. Muitas delas já foram contadas aqui. Agora, conta pra gente, você tem algum projeto para um livro solo ou algum outro projeto literário?

Odair – Eu tenho vários escritos, como crônicas, contos, poemas, poesias, mas ainda não pensei em publicar. Talvez daqui a alguns anos possa pensar diferente, mas por enquanto, estou postando alguns escritos em meu blog “Caminhos Recriados”.

Evan – Existem temas específicos que você gosta de abordar em seus poemas ou tudo depende do momento?

Odair – O tema que mais prefiro abordar é amor, paixão, embora escreva sobre temas variados, prefiro aflorar aquilo que está no coração com muita vontade de sair. Falar de amor e de paixão, além de fazer bem ajuda as pessoas, que querem falar sobre os sentimentos, a se abrirem e muitas vezes elas comentam com você o quanto a poesia que escrevi tem ajudado.

Evan – Você é também participante do Café Literário. Conta pra gente um pouquinho sobre isso.

Poeta Odair no Café Literário

Odair – O Café Literário foi um evento idealizado pelo Benedito C. G. Lima e apadrinhado pelo SESC Corumbá, mas que por algumas situações perdeu o auxílio e daí precisou caminhar com suas próprias pernas. Ele consiste num eventuo cultural, estilo sarau, onde os artistas e convidados se reúnem e vivem momentos de muita cultura, declamação de poemas, leitura de trechos de livros, crônicas, músicas e danças. É um evento muito gostoso de disseminação cultural.

Evan – O que você gosta de ler? Algum autor ou autores favoritos?

Odair – Eu gosto muito de Augusto Cury, pois ajuda a fortalecer e abrir a mente para situações reais da família e sala de aula. Mas carrego muito em mim os poemas de Cassiano Ricardo. Um dos poemas que amo é “O relógio”.

Diante de coisa tão doída

Conservemo-nos serenos

Cada minuto da vida

Nunca é mais, é sempre menos

Ser é apenas uma face

Do não ser, e não do ser

Desde o instante em que se nasce

Já se começa a morrer.

Hoje, como estou no campo da pesquisa em História da Educação Matemática, estou lendo muito sobre a história de Mato Grosso e Corumbá, e o Lenine C. Povoas com o Lécio G. de Souza tem sido meus livros de cabeceira.

Evan – Normalmente os membros da nossa família são nossos primeiros leitores. Sua família curte poesia? Eles leem o que você escreve? Te dão um feedback disso?

Odair – A minha família não é muito leitora, mas curte música, então participam comigo mais da parte musical do que da parte escrita de poemas, poesias e crônicas. Acho até legal, porque a gente se mistura e vai produzindo outras coisas juntos. Tenho dois sobrinhos que tocam junto comigo e minha esposa também é cantora, isso traz um convívio diferente para a família.

Evan – Vivemos ainda um momento de distanciamento social. Tendo em face todas as mudanças que isso nos imputou, como você avalia os meios eletrônicos e a acessibilidade a eles, tanto do artista para com seu público, quanto dos professores com seus alunos e vice-versa?

Odair – Não imaginávamos viver o meio digital de forma tão intensa. De repente, a gente para e tudo se distancia. Foi como me senti, sem poder ver meus alunos, sem poder entrar numa sala de aula e lecionar matemática, sem poder sentar-se com um grupo de amigos e fazer um sarau. Mas o meio digital conseguiu nos aproximar bastante. Para as aulas, o meio remoto possibilitou a utilização de vídeo aulas produzidas por nós mesmos, atividades podiam ser enviadas por e-mail, plataformas e WhatsApp, enquanto tirávamos dúvidas pelo Google Meet. Aproveitando dessas ideias fomentamos o evento Café Literário Digital, que aconteceu pelo Google Meet e esse mês será transmitido pelo Facebook. As inovações ajudaram bastante na divulgação do trabalho artístico e, acredito que o meio digital nos leva mais longe do que imaginávamos. Enquanto os nossos encontros aconteciam apenas dentro de uma sala ou auditório, agora temos a possibilidade de falar para um público maior e isso fica disponível na internet enquanto outras pessoas têm acesso. Eu tenho uma experiência de um curso que ministrei em agosto desse ano, onde teve acesso simultâneo de cerca de cem pessoas e hoje conta com mais de seiscentos acessos. Então, o meio digital tem suas vantagens, a poesia que declamamos on-line ficará disponível e outras pessoas verão.

Evan – Aproveite esse espaço para convidar os leitores que ainda não conhecem suas obras procurarem conhecer mais.

Odair – Para aqueles que gostariam de conhecer o meu trabalho convido a participar das edições do Café Literário na última quinta feira de cada mês, no Facebook, com o link a ser divulgado pelos artistas de Corumbá MS. Também podem visitar meu blog caminhosrecriados.blogspot.com para ler meus poemas e crônicas e aqueles que gostariam de ver meu trabalho fotográfico podem curtir o site www.odairmarquez.com. Também podem adquirir as coletâneas “Passa na Praça que a Arte de Abraça” com os artistas locais e assim divulgar e engrandecer o nosso trabalho.

Sonho…

Quero sentir o seu abraço no meu corpo

Deixando o seu perfume sobre o meu

Na pele desfrutar todo o encanto

de um mundo que se tornou inteiro meu.

Quero poder correr os olhos pela casa

e ver a ternura em cada lugar

pois o que toca com sua mãe desenha um mundo

que nunca imaginei poder ganhar.

E no infinito desse mundo fascinante

sorri ao ver o seu semblante a me olhar

e me envolver

Pois sei que ao seu lado todo instante

o sonho que um dia quis sonhar

me fez viver.

Poeta: Odair Marquez – Corumbá MS.

Pensando em ti mais uma vez

Sei o quanto é bom acordar com o teu sorriso

e sentir o teu perfume doce pelo ar

Ouvir sua voz pela casa a cantarolar

Canções que lembram tanto da gente

Como é bom te olhar nos olhos

Como é bom te reconhecer em meio da multidão

É impressionante o quanto o dia é lindo quando você está.

Poeta: Odair Marquez – Corumbá MS.

Agradeço muito pela oportunidade de falar um pouco do meu trabalho e gostaria de deixar aqui o meu abraço a todos que curtem a cultura corumbaense e pedir que continuem valorizando o trabalho de cada um dos artistas e que acompanhem os trabalhos que estão sendo divulgados e as apresentações que estão disponíveis em vários canais e redes sociais. Obrigado.

Evan – Nós é que agradecemos, Odair. Foi uma grande satisfação com direito a show de poesias. Nós, do À Espreita desejamos todo o sucesso para você em tudo o que fizer. Grande abraço!!

Esse foi nosso bate-papo com o autor Odair Gonçalves Marquez. Esperamos que vocês tenha apreciado tanto quanto nós.

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À Espreita Entrevista: Jane Baruki Ferreira

Professora, Pedagoga e Psicóloga, Jane Baruki Ferreira fala de suas experiências de ensino e como utiliza a poesia nesse processo.

A entrevistada de hoje é a Poetisa Jane Baruki Ferreira. Ela nos contou sobre sua carreira, seus projetos, suas paixões em uma conversa descontraída e prá lá de interessante. Confiram.

Evan – Olá Jane, para nós do À Espreita é uma satisfação muito grande poder conversar um pouco contigo e falar sobre literatura. Sua formação nas áreas de Psicologia e Pedagogia permitiram-lhe ter uma ampla vivência no ensino. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória na educação.

Jane – Aos 17 anos me formei professora. Apesar da pouca idade, percebia a responsabilidade do magistério. Cursei Psicologia de 1969 à 1973 e Pedagogia em 1985. Mesmo estudando exercia o Magistério. Tive ótimos professores que transmitiram uma bagagem acadêmica sólida. Em 1970, fiz um curso de Educação Física e de Euritmia. Tais conhecimentos, apliquei durante toda a minha vida como professora, mãe e terapeuta.

Evan – Como você mesmo nos contou agora, uma de suas especializações é em Euritmia. Acredito que muitos não conheçam. Poderia contar-nos um pouco sobre esta modalidade, como é aplicada e sua experiência na sua utilização?

Jane – A Euritmia é um ramo da Antroposofia, composta de exercícios rítmicos que movimentam, harmonizam e expressam os corpos: Etérico, Anímico e o Eu (Espírito) através do corpo físico. Ela é aplicada na Arte, na Educação e na Terapia(Medicina). Seus efeitos benéficos atuam no homem por inteiro: aquele que pensa, sente e quer, com entusiasmo e o calor do amor. No meu livro: “O Segredo da Aprendizagem”, Transformando a rotina em ritual, relato a minha experiência nesta técnica e em outras. No meu romance: “ Meu Eterno Amor, Minha Grande Batalha”, narro como recuperei terapeuticamente o meu marido, realizando com ele a Euritmia.

Jane Baruki Ferreira no Projeto Passa na Praça que a Arte te Abraça com os poetas Beneditos C. G. de Lima e Vivi Mendez

Evan – Fantástico! Confesso que fiquei curioso para saber mais a respeito da Euritmia. Vamos falar um pouquinho sobre a nossa situação atual. Há algum tipo de lição que se pode tirar desse período de Pandemia em relação à educação, metodologias, condições sociais, etc?

Jane – Sim, muitas lições. A humanidade estava vivendo um desiquilíbrio rítmico exagerado. Quando não colocamos ritmo em nossa vida por vontade própria (de dentro para fora), as interferências externas nos obrigam a fazê-lo. Na correria que vivíamos antes da Pandemia, quais conteúdos anímicos estávamos registrando em nossa memória? E na das crianças? Durante este período de isolamento, os pais aprenderam a serem mais pais, os filhos a serem mais filhos. Quem aproveitou o tempo e cultivou o amor familiar e humano, cresceu bastante como indivíduo. Tenho tantas lembranças das nossas reuniões familiares onde convivíamos e convivemos com uma felicidade plena. A Pandemia fez o homem despertar para o seu maior valor: “A Vida”. Creio que depois deste período de convivência familiar, as crianças se abasteceram afetivamente, se tornaram mais calmas, mais seguras. Surpreenderão pais e professores na aquisição dos conteúdos intelectuais. No meu blog:: www.janocca.blogspot.com postei em junho deste ano a crônica: “Época de São João”, onde expresso a minha esperança do efeito Pandemia.

Evan – Sabe que é interessante ouvir e pensar a respeito disso, pois normalmente as pessoas lembram apenas dos efeitos negativos que a pandemia nos imputou. Quem soube aproveitar esse tempo para restabelecer ou fortalecer laços familiares, com certeza, cresceu. Como profissional da educação, a senhora tem artigos e pesquisas publicadas em revistas especializadas. Pode nos contar um pouco sobre isso e sobre o retorno profissional oriundo dessas conquistas?

Jane – Evan, escrevi muito pouco no período em que atuava profissionalmente. Aposentei em 1998. Comecei a relatar as experiências e ensinamentos registrados em minha memória, apenas em 2011. O período da minha produção literária é dos meus 60 até os 70 anos, (10 anos). O retorno destas conquistas foi apenas pessoal e social.

Evan – Mas estes conhecimentos transmitidos, certamente, abençoam a vida de outros profissionais atualmente. Você participou da Bienal de São Paulo em 2013 e 2015. Conte-nos um pouco sobre esta experiência.

Jane Baruki Ferreira na Bienal de 2013

Jane – Em 2013, participei da Bienal através da Editora Scortecci e em 2015, através da Editora Literarte, sendo em ambas, convidada. Foi uma experiência positiva, pois já havia tentado participar por iniciativa própria em 2011, mas os custos eram muito altos.

Evan – Seus trabalhos já foram selecionados para diversas antologias, inclusive já foi vencedora também de concursos literários. Pode nos contar um pouco sobre estas experiências e como é ver seu trabalho literário chegar à outras pessoas?

Jane Baruki Ferreira no 8 Festival América do Sul realizado em Corumbá-MS

Jane – Em 2011, escrevi o livro: ”O Segredo da Aprendizagem”, apresentando-o no “Festival da América do Sul” em Corumbá- MS. Os corumbaenses lotaram a plateia do evento “Quebra Torto com Letras” e muitas pessoas adquiriram o livro. O movimento não tomou o ritmo que eu esperava, então comecei a escrever poesias, com o intuito de divulgar o livro de aprendizagem, o qual acho ser muito importante para a época atual. O meu objetivo é despertar nas pessoas a reflexão sobre a própria vida e o próprio destino, principalmente das crianças e adolescentes, para a construção de um país mais justo, humano e consciente.

Evan – Você possui vários livros editados e publicados. Pode nos contar um pouquinho sobre cada um deles?

Jane – Sim Evandro. Com prazer. “O Segredo da Aprendizagem”. Nele transmito um embasamento filosófico, necessário ao professor que deseja se entender e entender a criança como um todo. “No homem assim, como no Cosmos as energias de todos os corpos se interpenetram e virtuam em harmonia (saúde) ou em desarmonia (doença). Além de várias técnicas desenvolvidas por mim, como também, exercícios de Euritmia. “Prelúdio Para O Despertar” Composto de 77 poesias. Conteúdos que emergiram da minha alma, relacionando sempre: verdade, nobreza e beleza. Auxiliam no trabalho da compreensão interna da fala. “ Crônicas da Vida” Contem as mais significativas Crônicas já postadas no meu blog, com algumas crônicas novas. “Meu Eterno Amor, Minha Grande Batalha” A vida é um ato de amor. Minha trajetória de vida em forma de romance, relatando costumes da época. Questionamentos, dúvidas, conflitos e esclarecimentos na juventude. Cursos e convívios marcantes em Portugal. Constatações de visões com revelações históricas. Muito amor e confiança em nossa missão a dois.

Evan – Com certeza tem muito conteúdo interessante aí. E… não só interessante, mas também importantíssimo para nossa vida. Além de tudo isso você ainda tem um blog, como citou anteriormente. O que podemos encontrar lá?

Jane – Relatos significativos de memórias da minha vida, questionamentos e esclarecimentos de situações atuais, o observar da natureza, o conviver social, o sentir a música, experiências com os meus netos etc. Épocas do Ano: Verão, Outono, Inverno e Primavera. Relacionando estas épocas com os Arcanjos regentes e seus efeitos sobre o homem, a terra e o Cosmos.

Evan – Vou deixar o endereço do blog disponível, mais uma vez no final da entrevista para quem ficou curioso, assim como eu. Agora conta pra gente um pouco sobre seus projetos literários para o futuro. Algum em andamento?

Sarau de Poesias . Trabalho desenvolvido com as minhas poesias em Jau-S.P. pela prof Sandra Ferreira Coutinho.

Jane – Sim, desde 2019, dou assessoria gratuita aos professores que adquiriram os meus livros, aplicam as técnicas e trabalham algumas poesias minhas. Depois de nove longos anos, vejo as minhas poesias penetrando nas escolas, dando bons frutos. Como efeito, harmonizando alunos, salas de aulas, professores, escolas e lares, produzindo afetividade manifesta nos ambientes. Espero que aos poucos este jardim cresça, que nele brotem cada vez mais e mais lindas flores, que enfeitarão a vida de milhares seres humanos neste mundo. Estou aberta a todos interessados em conhecer, dialogar e aplicar estes conteúdos. Coloco-me a disposição através do meu messenger e ou email. janebferreira@gmail.com. Este é o meu novo objetivo de vida, mesmo estando distante fisicamente, acompanhar intensamente o novo vir a ser o Homem do Futuro.

Evan – Que legal! É esse tipo de atitude e iniciativa que nos faz agradecer a Deus por conhecer cada vez mais pessoas iluminadas como você através do À Espreita. Sabe, no início tínhamos o objetivo apenas de falar sobre literatura de mistério, suspense e terror, mas conhecemos tantas pessoas maravilhosas em tantas vertentes diferentes que achamos que o À Espreita tinha que se tornar maior e não nos arrependemos disso. Pra finalizar, que mensagem você deixaria as pessoas que pretendem seguir a carreira de escritor?

Jane – Escrevam, pois escrever é um grande investimento para o próprio desenvolvimento. Escrever nos auxilia a organizar as nossas ideias e sentimentos, mas tenham sempre uma profissão paralela para o próprio sustento. Confiem e acreditem no que escrevem. Não entrem em crise se as suas produções literárias não tiverem a divulgação que almejam. Em novembro de 2015 postei no meu blog a crônica: “Por onde Andam os Incentivos Culturais?”. A literatura brasileira ainda não foi assimilada. Temos um grande caminho pela frente.

Evan – Muito obrigado novamente, Jane, pelo seu tempo e disposição em conversar conosco. Desejamos todo o sucesso em seus projetos pessoais e profissionais. Um grande abraço da Equipe À Espreita.

Segue abaixo os endereços eletrônicos do blog e para contatar a professora Jane Baruki Ferreira, e quando eu digo professora, não estou apenas tratando da profissional, mas sim também, uma professora para a vida.

blog: www.janocca.blogspot.com

e-mail: janebferreira@gmail.com

facebook/messenger: https://www.facebook.com/jane.barukiferreira/

Para adquirir os livros da autora Jane Baruki Ferreira entre em contato com a própria autora por e-mail ou messenger.

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À Espreita Entrevista: Ngunza Domingos Alberto

Hoje nossa entrevista é internacional. Cruzamos o Atlântico (virtualmente) para falar com o poeta, escritor, professor e ativista cultural angolano; Ngunza Domingos Alberto.

Ngunza nasceu no Waku-Kungo, Província do Kwanza-Sul, Angola. Ngunza Domingos Alberto é poeta, revisor e editor literário, professor, estudante de Língua e Literatura em Língua Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto.

Evan – Olá Ngunza. Para nós do À Espreita é um prazer poder conversar um pouco contigo e falar sobre você, seus projetos e, claro… literatura. Você é membro efetivo da A.J.A.L. Conte-nos um pouco sobre o que é a A.J.A.L., como funciona e qual a sua participação?

Ngunza – A.J.A.L., acrônimo que significa Associação dos Jovens da Literatura  é uma organização  socio-literária e cultural, e de âmbito nacional que  consiste na promoção e valorização da literatura, cultura e educação, unindo na concretização dos seus fins, jovens amantes da Literatura, artes cênicas entre outras para o alcance dos objetivos preconizados. A A.J.A.L. está  voltada para a dinamização, formação da juventude e não só, na identificação das fragilidades do sistema de ensino, da cultura, focando-se nas respectivas soluções por meio de adoção de projetos sociais, de resgate de valores éticos, morais e literários, para a harmonização das sociedades onde estiver inserida. Participo nesta organização como membro, assumindo o cargo de Diretor Nacional para Área Acadêmica e Literária cujo a mim compete: Criar e apresentar programas de incentivos e promoção e formação literária, hábito de leitura e escrita, bem como promover feiras de livros, coordenar concursos etc.

Evan – Que legal! Associações como esta são muito importantes em qualquer país que queira tornar a cultura disponível, tanto na fomentação de novos produtores como de consumidores de produtos culturais. No seu entender, quais as diferenças da literatura africana para a brasileira?

Ngunza – A Literatura como expressão de escrita artística, difere sempre de país a país, isso devido as influências socioculturais e políticas que envolvem cada escritor. E nesta senda, posso afirmar que existem alguns traços distintos entre a literária africana e a literatura brasileira, em particular na assimilabilidade de temáticas  associadas as suas correntes literárias surgidas ao longo da sua história, e que ainda é tangível  na literatura contemporânea, a incorporação de vivência, temáticas de engajamento social, regionalismo, tendências estéticas entre a arte erudita e da arte popular da escrita etc. Em suma, os fatores históricos de cada país ou continente são elementos cruciais que possam diferenciar a sua produção literária.

Evan – Você teve um trabalho premiado em 2018, no Brasil, por sua participação no Concurso Internacional Castro Alves. Como foi isso e o que representou para você ter seu trabalho reconhecido em um concurso de tanto renome?

Ngunza e alguns de seus reconhecimentos

Ngunza – Toda premiação é sempre um aditivo de estímulo para qualquer artista, sem mensurar a sua dimensão. A minha participação ao Concurso Internacional Castro Alves foi por meio de um convite formulado por uma amiga brasileira  chamada Deisi. Nós partilhavámos uma simbiose admiração de escrita poética. Decerto que não esperava esta distinção, justificando pela dimensão do concurso, porém esta premiação, pra mim, representa mais uma satisfação, não somente para exaltação do ego, mas como um princípio de abordar a literatura com mais responsabilidade.

Evan – Você já participou de diversas antologias, além de seu próprio país, também em Moçambique, Portugal e aqui no Brasil. Como é, para você, participar dessas coletâneas e ter seu trabalho exposto em meio a outros escritores e poetas de diferentes países?

Ngunza – Para a minha participação em várias coletâneas, diria que, em alguns é fruto da exposição dos meus textos poéticos nas redes sociais, que resultaram em convites como por exemplo, em Moçambique e destacar no Brasil, na antologia “Florilégio de Esperança”,  “Passa na Praça que Arte te Abraça”.  Foi graças ao meu  entusiasta, amigo, poeta e grande promotor literário Benedito Carlos Gonçalves de Lima, cujo a ele devo a minha honra e admiração pelo apoio incansável! Tenho-o como um pai! As demais coletâneas participei por via de concurso como em Portugal. No entanto, ter minha participação no meio de vários escritores e poetas, simboliza um significado muito hermético, dando ilações de sinais promissores sobre a evolução da minha escrita poética.

Evan – Você tem algum trabalho literário solo ou projeto para desenvolver algum?

Ngunza – Depois de uma atividade intensa de escrita, chega um momento em que sentimos a necessidade de retirar os nossos textos engavetados e tornar ao público, e é neste sentido em que me encontro. Tenho alguns trabalhos literários, livros de poesia com perspectivas de publicar assim que as condições financeiras forem favoráveis. Mas também tenho alguns projetos  voltados ao incentivo da Literatura Infantil e ao mercado editorial para a promoção de novos talentos de escrita literária,  e não só.

Evan – Então vamos aguardar as novidades em um futuro próximo, espero. (Risos). Agora, conta pra gente um pouquinho da sua experiência como professor.

Ngunza – Partindo do adágio que o professor é espalho da sociedade, eu na qualidade de professor, a minha experiência tem sido de um aprendizado, reconhecendo que nós aprendemos mais quando ensinamos ou partilhamos o pouco que a gente saiba. E no final de tudo, percebemos que participamos no desenvolvimento integral desta ou daquela pessoa, cuja ação será um contributo para o bem da sociedade .

Evan – Quais são seus autores favoritos? Algum em quem você se espelha ou inspira? Alguma indicação de leitura para nós?

Ngunza Domingos Alberto

Ngunza – Ainda tenho dificuldade de discriminar os meus autores favoritos e os que atiçam a minha inspiração poéticas,  pois tenho apreciação da arte em várias dimensões, embora não descarto em mencionar Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato da Cruz, Isabel Ferreira, José Luís Mendonça,  John Bella,  Noêmia de Sousa,  Pepetela, Florbela Espanca, Carlos Drummond e Ondjaki… e tantos outros poetas e escritores. Para leitura sugiro o livro “Leito do Silêncio” de Isabel Ferreira e outros livros de autores mencionados acima.

Evan – Agora vamos para as perguntas difíceis. (Risos). O que é a poesia para você? Conte para nós um pouco sobre essa relação.

Ngunza – A poesia para mim é a conexão íntima  em resposta de sentimentos ou pensamentos imediatos da alma  entre os artifícios das palavras metafóricas. A poesia é um sopro, é um estado de alma, e para sua melhor composição o poeta deve  seduzir-se pelas palavras e pela expressão íntima da alma.

Evan – A própria resposta já daria uma bela poesia. (Risos). Fale um pouco pra nós sobre os projetos literários do qual participa e sua perspectiva para o mundo no período pós pandemia.

Ngunza – Face a situação da pandemia que aflige o mundo, e como consequência a paralização de certos projetos literários, dentro dos projetos em que estou inserido, temos buscando meios para nova adaptação de acordo com a realidade atual, como a realização de formação  de criação literária online, realização de tertúlia virtual com os escritores, poetas e leitores com objetivo de manter um intercâmbio artístico e incentivar o hábito da leitura e escrita neste período da pandemia, sendo que as perspectivas depois da pandemia é tornar estas atividades mais intimistas entre a classes dos escritores e leitores.

Evan – Que mensagem você deixaria para os colegas escritores e para os leitores?

Ngunza – Reconhecer que a leitura é importante na vida de qualquer escritor, por outro, assumir a escrita com responsabilidade e procurar meios que possam contribuir no desenvolvimento das nossas  habilidades escritas, portanto escrever. Escrever é o eco para auscultar a intensidade do nosso grito literário.  Para os leitores, que o livro seja um meio primordial para aquisição dos conhecimentos e superar a nossa ignorância. Leiam sempre…!

Evan – Ngunza, muito obrigado pela entrevista. Tenho certeza que serviu de inspiração e lição para muitos colegas poetas, escritores e incentivadores da cultura de um modo geral. Grande abraço da equipe À Espreita e muito sucesso na sua jornada literária!

Espero que vocês tenham apreciado esse bate-papo com o poeta Ngunza Domingos Alberto. Deixem seus comentários e mensagens para o nosso grande Ngunza.

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À Espreita Entrevista: Gerson Morais

Poeta, Escritor, Coach e Palestrante, entre outras atividades profissionais, Gerson Morais nos fala sobre sua carreira literária, seus projetos e suas perspectivas.

Hoje nossa entrevista é com uma figura muito conhecida na região pantaneira. Gerson Morais. Gerson é o típico ser-humano que quer estar sempre aprendendo e compartilhando. Sua trajetória o demonstra e numa conversa muito interessante, ele nos contou um pouco sobre si e sua carreira.

Evan – Sua formação é na área da língua portuguesa. É natural que a literatura permeie sua vida, no entanto, passar de mero leitor à escritor não é para muitos. Conte-nos como foi que você começou a escrever e desenvolver paixão pela poesia.

Gerson – Sou  formado no ensino médio em : Técnico de eletricidade, Magistério e  Técnico em Transações Imobiliárias,  portanto sempre gostei  de estar estudando muito, além de inúmeros cursos que  tive a oportunidade de fazer principalmente pelo SENAC, na UFMS  fiz LETRAS – Português/Inglês , pós-graduado em Língua portuguesa, Metodologia de Ensino  e  Cerimonial.  Comecei  escrever pequenas poesias no ensino fundamental com trovas curtas  para poder  tirar um pouco da minha inibição, embora muitos não acreditem, pois  me comunico com muita facilidade  e falo também para grandes públicos.  Comecei muito cedo participar de um grupo de poesias que se chama até hoje ALEC (Associação de Poetas e Escritores de Corumbá e Ladário),  liderado pelo Professor e escritor Benedito C. G. Lima,  e a partir daí  entrei em alguns concursos onde fora selecionado e obtive algumas primeiras colocações, outras vezes nem tanto, mas deu-me motivação para continuar escrevendo.

Evan – Uma coisa interessante que descobrimos sobre você é sua paixão por organização de festas, inclusive atuando como apresentador e criador de eventos. Como é essa relação com a animação de festas?

Gerson – Sempre fui muito organizado em minhas tarefas e como tenho uma boa retórica, ideias e formação profissional, resolvi  junto com um grupo de três colegas: Professor Walbes Vasconcellos , Prof. José Alberto de Abreu  e eu, Prof. Gerson Morais – criamos um grupo denominado “NHAC’S DOG” e que posteriormente tornou CACARECO SHOW, que  é o nome artístico do Professor Walbes, e  eu fazia as apresentações, locuções, brincadeiras. O grupo sempre se destacou em teatros, apresentações, shows e produções artísticas e poéticas.

Evan – Explique para nós o que são os “Cafés Literários” e qual sua atuação nestes eventos.

Gerson – O café literário, nome designado  para  compor um grupo heterogêneo de grandes poetas  e poetisas, que  se reúnem para falar e ouvir um pouco de poesias, músicas entre outros. Evidente que esse grupo demonstrou interesse, e na liderança do Benedito C. G. Lima,  conseguimos  realizar  alguns sonhos  que foram os lançamentos de alguns livros e os cafés literários  que  eram estabelecidos quase mensalmente num lugar público de nossa cidade de Corumbá-MS.

Evan – O “Passa na Praça que a Arte te Abraça” aí em Corumbá já ficou famoso aqui no blog. Conte-nos um pouco mais sobre como funciona esse encontro e qual a sua participação.

Passa na Praça que a Arte te Abraça

Gerson – O  “Passa na Praça que a Arte te Abraça”  é um grande  projeto que tomou  grandes  proporções, pois  pode reunir  em um local público, que por sinal é muito bonito e centralizado de nossa cidade, onde  alternadamente  os poetas, artistas, músicos se encontravam e podiam falar de poesias, colocar suas poesias nos bancos ou no varal literário, tirar fotos  e divulgar o seu trabalho que no momento ainda não é muito valorizado.

Evan – Vamos falar um pouco sobre antologias literárias. Você já participou de várias, inclusive como organizador. Pode nos contar um pouco sobre essas experiências?

Gerson – Sim, tive  a grata de satisfação de participar de mais de  18 coletâneas, na minha cidade e no meu Estado, tive participação também em outras cidades e até em outros países como Alemanha, México, Bolívia e Paraguai onde tenho alguns trabalhos de poesias, monografias, teses e artigos publicados.  Em 1988  eu tive  a honra também de lançar minha  primeira organização de um livro chamado “POEMAR DE LETRAS”, onde reuniu os melhores poetas da UFMS – Campus do Pantanal – onde coordenei , corrigi  e  lançamos  este livro.

Evan – Conte-nos um pouco sobre a APEC e sobre seu papel como diretor.

Gerson – A APEC  (Associação de Poetas e Escritores de Corumbá)  foi muito importante para nossa cidade teve a liderança de um grande escritor e poeta, seu BALBINO DE OLIVEIRA, que foi nosso primeiro presidente, em seguida tive a honra de Presidir por 2 anos a APEC, fui diretor financeiro, diretor de marketing e um dos grandes colaboradores desse grupo, mas infelizmente por motivos de apoios maiores hoje  temos o grupo com bastante dificuldade de continuar trabalhando. Tenho que exaltar dois grandes nomes de nossa cidade  que trabalham na cultura e  que são incansáveis:  BENEDITO C. G. LIMA  E BALBINO DE OLIVEIRA. Gostaria de fazer uma observação sobre isso: Temos outros grandes nomes da cultura em nossa cidade, espero que todos entendam  que todos somos importantes e que cada um tem sua devida  e fundamental história para nossa cidade.

Evan – No seu livro solo “Poesias com Sentimentos” podemos encontrar poesias que falam muito sobre o eu interior de cada um, sentimentos, valores, etc. Conte-nos mais sobre a composição de “Poesia com Sentimentos.”

Gerson – Poesias com Sentimentos – livro editado com muitas poesias que falam do amor, da saudade, do amigo, da família , de pessoas que lutam pela cultura, da valorização de datas especiais e um livro que deu-me uma grande projeção, pois tive o prazer de lançar em vários locais de minha cidade. Lancei na BIENAL DO RIO DE JANEIRO e  teve a publicação divulgada e sendo vendida  nas principais  livrarias do Brasil .

Gerson Morais com seus livros “Poesias com Sentimentos” e “O Sucesso em Suas Mãos”.

Evan – Isso é fantástico! Além de “Poesias com Sentimentos” você tem outros livros publicados? Conte um pouco sobre seu canal no Youtube e o que podemos encontrar lá.

Gerson – O  canal do Youtube  foi um projeto que lancei este ano, onde tenho colocado  poesias,  parábolas, colocarei algumas palestras, frases motivacionais, entre outros. É um projeto novo ainda que começou no mês de setembro de 2020.  O canal do Youtube  é denominado  Prof  Dr.  e Coach  Gerson Morais  e  peço  gentilmente que  quem puder  compartilhe  e  se inscreva no canal e dê o seu like  que ficarei muito feliz. Outras novidades serão lançadas no canal,  tudo  de forma gradativa. Livros  Lançados como POESIAS COM SENTIMENTOS , POEMAR  DE LETRAS E  O SUCESSO EM SUAS MÃOS, além das participações em outros.

Vídeo do Canal do Professor, Coach e Poeta Gerson Morais

Evan – Queremos sempre saber sobre novos projetos, porque somos um povo muito curioso. O que podemos esperar do escritor Gerson Morais num futuro próximo. Alguma coisa já em andamento? Algum sonho ainda à realizar?

Gerson – Sonhos  são muitos e na minha opinião nunca acabam, sou incansável em busca da felicidade e do amor e quero lançar outros livros ainda, tenho mais dois em andamento, no entanto, dependo de pessoas que queiram investir na cultura, pois todos os livros solos que fiz foram lançados por mim mesmo e não foram baratos. A venda dos livros  é muito devagar, pois depende da amizade e do carinho dos colegas e amigos. Quero aproveitar  e dizer que tenho livros à disposição para venda : “ O Sucesso em suas mãos” e “Poesias com sentimentos” no valor de R$ 30,00 cada um  e na compra dos dois por apenas R$ 50,00 pode entrar em contato comigo que levo, se for na minha cidade, ou procurar no Ygarapé Sushi  que temos a pronta entrega ou ainda pode entrar em contato via Whatsapp pelo 67-9-9225-1035. Gratidão!

Evan – Que mensagem você deixaria para os colegas escritores, que como você, buscam seu espaço e para os apreciadores da literatura de um modo geral?

Gerson – Quero deixar um grande abraço e um carinho enorme aos nossos ilustres escritores, poetas, artistas, músicos, cronistas, contistas, atores, palestrantes, etc.,  e dizer  que  a cultura está dentro da gente  e temos que acreditar sempre que tudo é possível. “Somos uma ave que voa no meio de um oceano. Estamos em busca do amor e do sucesso e de uma caminhada  que  seja  feita por muito carinho. Precisamos  fortalecer os elos por onde caminhamos e os laços que unem a cultura da nossa cidade e do nosso povo.” GRATIDÃO SEMPRE. Quero agradecer pelo carinho que sempre recebo por onde tenho caminhado e isto é fruto de nossa personalidade e da nossa perseverança. Sucesso a todos!

Este foi nosso bate-papo com o autor Gerson Morais. Espero que nossos leitores tenham curtido tanto quanto nós. Desejamos todo o sucesso ao Gerson em sua vida e sua carreira e esperamos ter mais notícias literárias suas em breve.

Para se inscrever no Canal do Youtube de Gerson Morais é só clicar aqui.

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À Espreita Entrevista: Gersony Maria Cerqueira

Escritora relembra seus tempos de cantora e sua relação de amor com a música e a escrita. Conta um pouco sobre sua história de dedicação à educação e sua carreira como escritora.

O blog À Espreita tem sempre procurado conversar com grandes autores, muitos deles ainda pouco conhecidos a nível nacional, mas que são de uma importância gigantesca para nossa cultura, diversidade e conhecimento. Ativista cultural, cantora, escritora e poetisa, Gersony Maria Cerqueira também é professora aposentada, formada em Letras e Pedagogia, e hoje conversa conosco falando um pouco seu sobre passado, presente planos para o futuro.

Evan – Olá Gersony. Confesso que foi um prazer pesquisar um pouco sobre você para poder elaborar essa nossa entrevista. É surpreendente como o Brasil é rico em talentos que, por muitas vezes, são desconhecidos do grande público. Na década de 60 a senhora ficou conhecida como a Rita Pavone do Pantanal. Conte para nós como é essa história e com se deu sua relação com a música.

Gersony tem uma forte ligação com a música.

Gersony – Às vezes fico pensando o que chegou primeiro em minha vida, se foi a música ou a escrita de textos. É muito tênue o limiar da época de cada uma. Me alfabetizei antes de entrar na escola, pois era muito curiosa em ler e escrever, e no antigo curso primário, já me destacava com minha redações. Minha mãe me ensinou muito em casa. Logo comecei a participar de um programa de rádio a Hora da Ave Maria e uma vez por semana, eu ela montávamos o texto e na mesma época nasceu em mim , a DECLAMADORA. Em todas as festas , comemorações eu decorava e interpretava uma poesia. Tem algumas que sei até hoje, mas hoje em dia interpreto também as minhas, as de colegas e participei de um outro programa de rádio interpretando minhas e de outros autores poesias durante dois anos. Eu estudava num colégio de freiras Vicentinas, por isso os programas vespertinos da Ave Maria. No mesmo colégio comecei estudar piano, que era próprio das meninas de colégio aprenderem. Só que todos notaram meu dom para música. Nisso comecei a aprender violão e já cantar um pouco, vendo que era afinadinha e tendência a ter bom ritmo. Até então tinha já quase 10 anos e morava em Jundiaí, estado de São Paulo onde nasci e então mudamos para Mato Grosso do Sul, na época Mato Groso, na cidade belíssima de Corumbá. Outra cultura, outro clima, outra vida, outro Colégio, agora colégio de freiras Salesianas. A única professora de piano na cidade na época morreu e meu pai me pôs para aprender acordeon e continuava de algum jeito o violão. Tenho até hoje, o acordeon que meu pai me deu. Tocava por partitura, valsa, boleros e tangos, mas aprendia a tocar as polcas paraguaias , guarânias de ouvido. Nisso começou a fazer sucesso a artista Rita Pavone, e quando eu cantava a minha voz se assemelhava à dela. Nisso, eu já tocava melhor o violão e meu pai comprou-me uma guitarra pois já era o começo do Movimento Jovem Guarda no Brasil, Beatles, no exterior, e cantores famosíssimos na Itália, e entre eles Rita Pavone. Eu vinha para São Paulo com constância e me inteirei de tudo, aprendi um pouco do idioma italiano para saber o que eu estava cantando e comecei a fazer shows, muitos shows beneficentes em Corumbá e várias outras cidades de Matogrosso do Sul, cidades de fronteira, Brasil, Paraguai e Bolívia,e era um prazer muito grande, participei de alguns programas de TV de São Paulo, Rio, e tinha um programa de músicas italianas, também em Corumbá. Minha mãe sempre me acompanhava em tudo. Mas naquela época também cantava na Igreja, algo que no passar da minha vida sempre cantei, e hoje em dia ainda canto algumas músicas tradicionais da cultura pantaneira, nos encontros literários que participo. Cantar também faz parte da minha vida, da minha essência. Como disse no início, não sei quem veio primeiro , a escrita ou a música, mas elas andam juntas em mim. Recentemente, já com idade comecei a aprender viola.

Evan – Que história maravilhosa! E como começou sua relação com a escrita?

Gersony – Minha relação com a escrita, nasceu nos primeiros anos de escola… o prazer e a facilidade para escrever. Mas já na adolescência senti as palavras crescerem dentro de mim de tal forma, que não se contentaram em serem só palavras, mas a se vestirem de poesia, de rimas, de contos!! E eu já comecei a fazer cadernos de poesia, diário ,próprio de meninas daquela época, escrever cartas, exprimir dessa forma os sonhos, as dúvidas sobre a vida que se descortinava perante mim. Nisso pedi ao eu pai que gostaria de estudar numa escola pública. Eu cursava o curso normal. Aliás sou normalista, nome que se dava a quem fazia o curso para ser professora, o curso Normal. Em Corumbá cursei Letras e depois em São Paulo, Pedagogia. Hoje sou professora aposentada e tenho muito orgulho desse meu caminhar na Educação onde também incentivei em meus alunos a poesia e a música!! Faria tudo outra vez. Então fui para a escola Maria Leite em Corumbá e foi ali que tudo começou realmente. Foi lá que conheci o Benedito C. G. Lima, hoje escritor de renome e ativista cultural, autor de muitos livros e criador de muitos projetos educacionais e culturais em Mato Grosso do Sul. Tinha um jornal nessa escola, onde ele ainda em tenra idade participava e me convidou para escrever alguns textos. Pronto, foi o ponta pé inicial. Em seguida ele fundou a ALEC da qual fiz parte desde o começo, e ele já um visionário valente coordenou a primeira Antologia do grupo e eu fiz parte com algumas poesias, foi a minha primeira publicação, há mais de 40 anos atrás, e essa publicação é o meu grande orgulho, o livro NOSSA MENSAGEM. Inclusive, uma das poesias minhas nesse livro até hoje ganha muitos concursos, e eu sempre a declamo nos eventos em que participo, que se Intitula CONCHA DO MAR. Eu a coloquei aqui nesta entrevista. Hoje em dia também faço parte de um grêmio Literário na cidade de Jundiaí que se chama Pedro Fávaro.

Concha do Mar – Poesia de Gersony Maria Cerqueira

Evan – Quais livros ou autores são seus favoritos? Quais você nos indicaria?

Gersony – Eu gosto muito de livros de Poesias e livro de Contos, que são os estilos literários que pratico também. Gosto imensamente de Manoel de Barros, gosto de Saint Exupéry, Richard Bach, Pablo Neruda, Olavo Bilac entre tantos e do grande livro, que é uma biblioteca, que atravessa os séculos, a Bíblia. Estes poucos dos quais falei, com certeza, os indico.

Evan – De onde vêm as inspirações para seus próprios textos, poesias, etc?

Gersony – Tudo me inspira. Situações, meus filhos e netos, observações de coisas pequenas, coisas grandes, conversas, às vezes uma palavra, um olhar, acontecimentos todos, mas principalmente, a natureza rica e bela em suas águas, mar e rio, seus sons, perfumes e cores, animais, sol e lua, entardecer e clarear, todas as criaturas de Deus, a própria vida. O amor.

Gersony buscando inspirações diante do Rio Paraguai

Evan – Você tem uma forte ligação com o Grupo ALEC. Explique para nós um pouco do que se trata o Grupo ALEC e qual sua participação.

Gersony – Como mencionei anteriormente, o Grupo Alec foi a minha base, o meu inicio, o meu alicerce poético, e hoje é o meu grande orgulho em poder fazer parte desde os primórdios da sua criação, onde fiz parte, no florescer da minha adolescência junto aos outros adolescentes tão sonhadores, tanto quanto eu, mas que já em tenra idade, sabíamos da nossa responsabilidade perante a juventude daquela época, sob a batuta do meu queridíssimo amigo Benedito C. G. Lima e tinha outros poetas também de enorme atividade mesmo, eu era mais só poetisa. Todos continuamos na ativa em se tratando de poemas. A sigla ALEC, no inicio, Grupo ALEC, Arte Literária Estudantil de Corumbá, se transformando em Academia de Literatura e Estudos de Corumbá, fundada em 07 de Janeiro de 1972. Recentemente, no ano de 2017, o professor Benedito promoveu um encontro festivo em Corumbá, para comemorar os 45 anos da ALEC, que reuniu de novo até os poetas que se mudaram da cidade e os mais novos participantes do grupo, lançando na ocasião comemorativa uma Antologia especial, com o título Florilégio da Esperança, antologia organizada pelo professor Benedito C. G.Lima e o dr. Germano de Lemos , poeta também desde o inicio da formação do grupo e participante desde a primeira antologia que citei.

Evan – Você já participou de algumas antologias ou coautorias. Conte um pouco sobre elas.

Gersony – Sim. Tenho participação em mais de cem antologias das mais variadas. Antologias de poesia, de contos, de entidades, a maioria de participação de concursos, alguns em que ganhei prêmio máximo também, em várias cidades, estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul e Portugal.

Evan – Uau! É um número impressionante! Vamos falar um pouco sobre o Projeto Passa na Praça que a Arte te Abraça, que já ficou famoso aqui no blog. Conte um pouco mais para nós sobre este projeto e qual a sua colaboração.

Gersony – Esse é mais um grande e belo projeto de Benedito que só tem crescido através dos anos, mas que minha participação , tem sido nas antologias todas que já tem quatro volumes, sendo que fiz o prefácio, de uma delas e noutra o comentário inicial, e colaboro com minhas poesias, em todas as edições. A praça, a qual é palco semanal do projeto, projeto esse muito abrangente, não só de literatura, mas democraticamente da arte em geral, aliás, projeto berço de vários outros projetos afins, que se estendem inclusive até à Bolívia. Projeto modelo para outras cidades e estados, é um local muito querido em meu coração. Ela, a praça, onde acontece o projeto, por tantos anos continua linda, cheia de pontes e aves pantaneiras, rica e centenária vegetação, bancos perpetuamente tradicionais e um coreto maravilhoso!!!

Evan – Além de tudo que já nos contou tem algo mais, que artisticamente, tenha realizado?

Gersony – Praticamente já falei quase tudo, podendo citar experiências também com o teatro desde os tempos dos bancos escolares até os dias de hoje, mas de modo amador. Como declamadora , sou autodidata, é dom mesmo, aliás, arte é um dom que me sustenta.

Evan – Escritores, poetas, artistas de um modo geral, sempre estão envolvidos em um novo projeto. Está preparando algo para ser apresentado futuramente?

Gersony – Sim. Por motivos alheios à minha vontade ,mesmo com um vasto material, não tenho ainda um livro solo. Como eu disse , sou professora aposentada, então das antigas, que tudo fazem no caderno. Colo figurinhas, desenho… Preciso arrebanhar tudo e fazer um livro de poesias, quem sabe dois, e tenho o projeto de um livro, um conto também, já em andamento. Sou muito vagarosa, algo que às vezes é previdente, mas por vezes fico atrasada.

Evan – Que mensagem ou conselho você quer deixar para seus leitores, futuros leitores e colegas de escrita em todo o Brasil?

Gersony – Por falar em colegas de escrita , participei com um prazer enorme num projeto da professora e escritora Cidinha Lima, que já participou numa entrevista neste blog e me é muito querida, num trabalho de despertar o prazer da poesia nos adolescentes de hoje e divulgação dos autores pantaneiros. Um conselho, seria, para todos, independente de qualquer situação ou idade, ESCREVA!!! Uma mensagem, TAMBÉM A TODOS: AME!!!!

Evan – Muito obrigado pela conversa, Gersony, espero que todos tenham apreciado esse nosso bate-papo tanto quanto eu. Desejamos todo o sucesso para você e queremos ser avisados quando sair seu livro solo. (Risos).

Para conhecer um pouco mais do trabalho da nossa querida poetisa vou colocar duas de suas poesias logo abaixo:

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À Espreita Entrevista: Bruna Souza Arruda

Escritora intimista, Bruna conta como usa a poesia para expressar seus sentimentos, suas angústias e também exorcizar seus próprios fantasmas.

Expor-se! A entrevista de hoje é com a escritora e poetisa Bruna de Souza Arruda. Ela nos conta sobre o grande desafio que a levou a escrever. Expor o seu “Eu”. Através das palavras ela encontrou uma forma de expressar seus sentimentos, suas frustrações e também sua esperança e conquistas. Em uma conversa franca, Bruna mostra como a sua força de vontade para falar sobre assuntos delicados a ajudou a enfrentar melhor seus próprios desafios e a ajudar outros a conseguir fazer o mesmo.

Evan – Olá Bruna, para nós é uma grande satisfação poder conversar com você para saber um pouquinho mais sobre a escritora, poetisa e a pessoa que a Bruna é. Com certeza, muitos dos nossos leitores hoje poderão identificar-se contigo. Quem conhece a Bruna diz que ela respira poesia. O que te motivou a começar a escrever a sua poesia?

Bruna – Foi por precisar me expressar, me descobrir e aliviar, a escrita para mim serve como purificação da minha alma e reorganização de pensamentos.

Evan – Você também estuda Direito e Gestão de Marketing, o que deve tomar muito do seu tempo. Você ainda consegue administrar seu tempo para continuar se dedicando aos seus trabalhos de escrita?

Bruna – Apesar de trabalhar e estudar em duas faculdades, é a coisa que me consegue me fazer sentir sã. Viva. Me dedico como posso e ao mesmo tempo, como quero, às vezes há 2 textos no mesmo dia, as vezes 2 ao mês.

Evan – Você se diz uma escritora intimista. Conte-nos um pouco sobre isso e como você espera atingir seus leitores com a sua mensagem.

Bruna – Espero ser a porta-voz, mesmo que soe exagerado, do que eu não tinha tanto contato no meu amadurecimento que é falar sobre a depressão, ansiedade e afins, falar sobre frustrações e não só ser positiva o tempo todo. Ser e demonstrar quem eu sou para que as pessoas possam ser quem eles são e se redescobrirem para saber que tudo está e vai ficar bem.

Evan – Você tem dois livros publicados, “Um Texto Meu” e sua continuação, “Mais Um Trecho”. O que você pode nos contar sobre o processo de criativo de seus livros.

Bruna – Os dois livros foram pensamentos necessários durante crises de ansiedade, daí eu fui escrevendo e externalizando tudo que havia dentro de mim. Em 2016-2017 tive várias crises de ansiedade e escondi por muito tempo de muitas pessoas ao meu redor, quando lancei o “Um texto meu”, lancei como forma de conversar com meus pais e outros familiares por meio daquele livro, o segundo “Mais um trecho” só foi uma consequência de precisar falar, precisar escrever e ser minha própria escrita. Juntei alguns anos de salário e lancei sozinha, meus pais souberam na hora que chegaram aqui qual era o tema.

Evan – Você também já participou de várias antologias. Já são oito ou mais. Conte-nos um pouco sobre a diferença de preparar um material solo com a de preparar um texto que vai figurar entre o de outro poetas e escritores. Qual a diferença de sentimento ao ver o resultado final?

Bruna – Eu fiquei totalmente satisfeita e feliz, mas ao mesmo tempo sentia tanto medo de ser quem eu sou no meio daqueles trechos, ao mesmo tempo, precisava demonstrar quem eu era. Era mais do que poesias, foi algo totalmente diferente, precisar me ocupar sozinha, me fazer sozinha e também poder ter oportunidade de demonstrar durantes algumas páginas a mais todos ou quase todos meus sentimentos, foi bem mais trabalhoso mas foi algo que me deu um orgulho gigantesco de poder contatar uma editora e custear o serviço, como também poder escrevê-lo sozinho e editar pela Amazon, algo bem mais libertador. Ser tudo aquilo só meu, foi o que mais me deixou entusiasmada e me fez dizer: caraca, eu sou escritora!

Evan – Você foi participante do Projeto Leia Mulheres. Conta pra gente um pouco mais sobre esse projeto e como foi ser a escritora homenageada de fevereiro deste ano.

Bruna Souza Arruda foi a escritora homenageada no Evento Leia Mulheres Fev/2020

Bruna – Eu me senti tão radiante, primeiramente, por saber da existência de um projeto que dá visibilidade para mulheres escritoras, e ainda mais por ter sido chamada, algo que achava impossível. Me senti feliz por poder voltar ao lugar onde começou, mesmo que tivesse agora em endereço diferente, e me sentia como uma criança que ganha seu presente no natal, não há explicação e agradecimentos suficientes para poder dizer o quanto valorizar a escrita, e ainda mais dar voz para mulheres, ainda mais para uma artista local poder se expressar e ter seu lido livro por pessoas que moram na mesma cidade. Foi um momento muito especial e que guardarei para sempre, novos laços formados e a ressignificação de ler mulheres para mim. Atualmente, participo do grupo e pretendo ler todas as recomendações possíveis que elas nos colocam, desafios e experiências novas!

Evan – Você tem um canal no Youtube e no Instagram. Conte o que podemos encontrar por lá.

Projeto Recite Poesia – Canal do Youtube

Bruna – Esse ano decidi lançar um projeto chamado “RECITE POESIA”, comecei no Instagram e migrei para o Youtube, estou fazendo no meu tempo para poder realmente ser algo espontâneo e que consiga transmitir os escritores maravilhosos que já pude conhecer.

Evan – O que podemos esperar da Bruna para o futuro. Já está desenvolvendo algum novo projeto literário?

Bruna – Um novo livro, novos eventos on-line e também eventos presenciais quando tudo estiver normalizado.

Evan – Conte para nós um pouco sobre seus sonhos. Tem algo que você pretende realizar que lhe deixaria completamente realizada?

Bruna – Lançar mais livros e poder proporcionar mensagens agregadoras na vida das pessoas, poder “aconselhar” e ser um exemplo, mesmo com todos os meus defeitos. Acreditar que sou boa o suficiente.

Evan – Que mensagem você deixaria para seus colegas de escrita e leitores de todo o país?

Bruna – Não desistam de vocês, felizmente ou infelizmente: tudo é um ciclo. As coisas se renovarão.

Evan – Foi um prazer conversar com você, Bruna. Espero que todos curtam esse bate-papo da mesma forma que nós curtimos. Foi um prazer!

Para conhecer um pouco mais do trabalho da nossa querida Bruna Souza Arruda clique nos links abaixo:

Bruna Souza Arruda – Escritora Intimista

Em destaque

À Espreita Entrevista: Vivi Mendez

No dia do seu aniversário, autora argentina, mas com coração brasileiro, lança seu novo livro de poesias. Conheça a médica, educadora, autora e defensora dos direitos humanos que vem fazendo história na fronteira Brasil/Bolívia.

Na linha de frente Brasil/Bolívia, Alicia Viviane Mendez Rosales ou simplesmente Vivi Mendez, é uma mulher que representa a luta pelos direitos humanos, do empoderamento das mulheres e na defesa de minorias com grande atuação em comunidades indígenas. Argentina de nascimento, Vivi desenvolve atividades em Corumbá (Brasil) e Puerto Quijarro (Bolívia). Atua como professora, escritora, médica e terapeuta. Detém o título Honoris-Causa em Direitos Humanos, concedida por uma universidade espanhola. Vivi Mendez ainda estudou Administração Educativa, Pedagogia, Psicopedagogia, Arte-terapia, Fotografia e Medicina, com atuação na Cruz Vermelha.

Evan – Hoje entrevistaremos Vivi Mendez, coincidentemente, bem no dia dos seu aniversário e também dia do lançamento do seu livro de poesias chamado Alicitas. Além de ser uma honra, é também um grande prazer poder conversar contigo. Desde já, agradecemos a sua disponibilidade e atenção em falar conosco. Você é dona de um currículo invejável em diversas áreas. Saúde, pedagogia, direitos humanos e também… literatura. Conte para nós, como uma médica descobriu o talento para escrever, expressar seus sentimentos e sua visão de mundo através da escrita.

Vivi – Acho que não foi a médica quem descobriu a escrita e sim a escrita foi a que me levou a querer ser médica… Desde criança gostava de cuidar plantas, animais, pessoas, e da relação com a natureza e minha mãe, (especialmente minha mãe Alicia, junto a minhas avós, todas mulheres fortes e guerreiras) a escrita foi uma boa companheira de todo tipo de momentos. Meu pai escreveu para mim uma poesia no meu violão quando  eu tinha 5 anos. Desde que a vi ali, incrustada na madeira, e depois recitada por ele,  Francisco, meu desejo de escrever desde minha genuína humanidade, surgiu com força de nunca parar. A primeira vez que escrevi um livro, aos 8 anos, o qual se chama “As flores de meu caminho”, tive a minha mãe como minha primeira leitora, e vi ela chorar ao terminar de lê-lo. Assustei. Mas depois ela me deu o abraço mais intenso que já senti em toda minha vida, e de ali em frente soube que escrever, era bom, era curador, era libertador. Minha mãe foi minha inspiração sempre para nunca deixar de estudar, e por isso recorri os universos da filosofia, da teologia, da pedagogia e psicologia, dos direitos humanos,  das artes,  da musica, das terapias e da medicina. Cuidar de almas, acho que é minha missão. Cuidar de mim e das pessoas que me rodeiam. Cuidar delas por inteiro, não só do corpo e sim de todo seu ser: sua mente, sua espiritualidade, de toda sua integralidade como ser humano. Isso tem muita poesia. Tem muita humanidade. Tem erros e acertos, tem intentos, medos e coragem. Somos tudo isso, e só nossos sentimentos e emoções se completam na expressividade de nosso ser por meio da cultura que criamos e recriamos todo dia. Atualmente sigo estudando, se bem a medicina exige estudar todos os dias, (e muito mais nesta época de pandemia), aproveitando a quarentena, também continuo estudando Musicoterapia e Gestão Hospitalar.

Vivi Mendez recebendo seu título de honoris
causa em Pedagogia

Evan – Você se diz “Argentina de nascimento, boliviana por casamento, brasileira por filhos e latino-americana por vocação e cidadã do mundo por amor.” Conte-nos um pouco sobre como é essa história.

Vivi – Nasci em Tucumán, Argentina. Meu esposo, Bismark, é boliviano e adquiri a nacionalidade por matrimônio. Ao crescer nossa família, decidimos assentar residência em Corumbá, MS, na fronteira Brasil-Bolívia, lugar que funciona até hoje como comando geral para ver crescer filhos e netos, e não abandonar nossas tríplices raízes argentinas, bolivianas e brasileiras. Por ter filhos das três nacionalidades, somos uma família tipo Mercosul, literalmente, mais temos filhos e neto até no Reino Unido. Nossa família, tomou o mundo nas suas mãos e está tentando fazer sua parte como cidadãos deste planeta.  

Evan – Recentemente você registrou um novo estilo de poesia. Fale para nós sobre esse novo estilo e como ele se diferencia dos demais. 

Vivi –  Este novo estilo literário de poesia breve se chama ALICITAS, honrando a minha mãe. Tive o prazer de estudar com ela tanto teologia como pedagogia. Na área da pedagogia gostávamos muito da alfabetização e a psicogênese. Na época, iniciamos a escrita de um livro que nunca terminamos, “A criança e seu jogo”(provável projeto a retomar em 2021). Nessa época, brincávamos muito com as letras e os versos, e tratando de crianças, este universo é infinito. Assim surgiu os jogos de palavras, que depois, estudando medicina e neurologia, junto a meu filho Adrian, que hoje é neurocientista, vimos a importância destes exercícios para o cérebro. Continuei desenvolvendo um tipo de jogo específico e assim surgiu ALICITAS: se inicia com qualquer letra desta palavra e se continuam sucessivamente, 7 palavras-versos mais iniciando com a segunda letra da palavra anterior em formato de escadinha. Desta maneira, tentando criar uma imagem poética, sem usar signos de pontuação… É um tipo de exercício mental que ao mesmo tempo nos propõe um exercício linguístico. Tenta traduzir palavras que surgem de nosso imaginário, podendo ser realizadas em qualquer idioma. Poderia dizer, neste sentido, que ALICITAS traz algo de poesia terapêutica para a alma e para novas amizades, já que este estilo nos uniu numa pagina de Facebook muito interativa e produtiva para todos. 

Evan – Impressionante! E agora você está lançando o livro ALICITAS, Poesia Breve, trazendo à luz esse novo estilo de poesia. Como foi o processo de criação para este livro?

Capa de ALICITAS – Poesia Breve

Vivi – O processo se deu nessa pagina do Facebook, própria para a divulgação e assim somaram-se vários escritores, autores, amigos e entusiastas que compartilharam suas criações no estilo de ALICITAS. Posso dizer que estamos lançando uma obra a 36 pares de mãos…Me acompanham 35 autores nesta antologia coletiva, onde eu sou, mais uma autora entre tantos entusiastas e amantes de ALICITAS. Este primeiro livro traz 160 ALICITAS, todas desde o genuíno exercício de compartilhar, sem julgar, e tentando respeitar as regras de composição. Assim surgiram estas composições finalistas, todas dentro das normas literárias propostas por ALICITAS.

Evan – Você já participou de várias antologias, co-autorias e autorias de outros livros e tem até um disco gravado. Conte para nós um pouquinho da sua trajetória na literatura e que chegou até a música.

Album “Ofreciendo Mi Corazón” de Vivi Mendez

Vivi – A música sempre me acompanhou desde pequena e com ela estava a poesia. Não consigo separar as duas coisas. Minha família e muito musical. Todos os meus irmãos cantam igual ao que meus pais cantavam e escreviam poesias ou composições musicais. Tenho irmãos compositores e cantantes muito talentosos. Acho que isso vem de berço. Mas o primeiro livro surgiu aos 8 anos, depois algumas poesias na adolescência, ganhando concursos e festivais. Somente depois, de algumas antologias compartilhando com outros poetas, me animei à meu primeiro livro solo, dedicado a meu esposo pelo seu aniversário. Depois disso, já tinha bastante coisa na gaveta que durante os anos ficou tomando corpo como  um vinho, e não parei de publicar e criar até agora. Claro que também escrevo coisas mais científicas, com cunho pedagógico, com objetivo laboral…mas o que conta para mim é a escrita livre, onde nada nem ninguém pode te julgar, onde deixas tua alma livre só para expressar. E ali você se encontra escrevendo desde o que você é realmente e nesse transe você encontra muitas almas que vibram como você. Isso e fantástico. Minha quarentena não seria igual sem meus amigos poetas. A musica me eleva, me dá esperança, compartilhar isso, me faz mais humana. Não pretendo ser boa poeta, boa cantante, intérprete ou  boa compositora. Só pretendo ser o melhor que posso ser, desde toda minha falha humanidade em constante evolução. E este crescimento nunca se dá sozinho: crescemos juntos aos outros que nos acompanham nesta caminhada da vida. A poesia e a musica, é isso, instrumentos que me fazem dar vontade de ser uma ser humana cada dia melhor.

Evan – Direitos Humanos é uma das suas bandeiras, inclusive até com reconhecimentos da própria ONU. Como foi que essa luta entrou na sua vida?

Vivi – Trabalhei mais de 30 anos na defesa de direitos humanos em distintas frentes, mas sempre dedicada a populações tradicionais, ribeirinhas ou originárias. Conhecer outras culturas ampliou minha percepção de humanidade e como observadora, juíza, defensora, ativista, na pastoral e na prática comunitária, aprendi coisas que nenhuma universidade me ensinou. Fui escolhida pela ONU como liderança  pelos 30 anos de serviço e recebi todo o apoio necessário para cursar algumas demandas latino-americanas que ainda estão em litígio. Além deste reconhecimento, aporto à instituições como a Cruz Vermelha como voluntária dirigindo uma filial na Bolívia, colaboro na Anistia Internacional, faço  parte da Ong PNP em questões de incidência política, sou acadêmica da Organização Mundial de Defensores de Direitos Humanos (OMDDH)-Pacto Global da ONU, onde desempenho função de Embaixadora Imortal da Paz para as Nações, onde também recebi o Doutorado  Honoris Causa em Direitos Humanos no ano 2018 e desde então colaboro assessorando em algumas causas e questões comunitárias como amici curiae e atuo na FEBLACA, como acadêmica correspondente cultural.

Evan – Uau!! Realmente é muito trabalho e de suma-importância. Vamos falar um pouco agora da área pedagógica, porque contigo, assunto é o que não falta. (Risos). Você tem um vasto conhecimento na área de pedagogia e psicopedagogia também e já trabalhou e ainda trabalha em diversos projetos voltados à educação. Conte-nos um pouco sobre essa trajetória e quais os principais desafios que os profissionais da educação enfrentam, na sua perspectiva.

Vivi – Tenho 30 anos na educação também, e recebi este ano em junho o Doutorado Honoris Causa em Pedagogia pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Trabalhei na educação formal, na não formal em Ong e instituições do terceiro setor, e em universidades tanto publicas como privadas. Trabalhei na Unesco, nas principais reformas educativas na latino-américa como consultora e para uma cumbre presidencial do Mercosul e outras organizações.  O desafio  será sempre de dar o verdadeiro lugar que merecem aos educadores de qualquer nível ou modalidade educativa. Se bem, a tecnologia surge como braço forte nesta época de distanciamento social, nada será efetivo se não conta com o olhar pedagógico destes profissionais. Estes tempos têm exigido demais dos docentes que não estavam preparados para interagir digitalmente, e mesmo assim, com dificuldades, eles estão dando conta do recado, mas ainda são muitas cobranças à eles e nada de apoio estrutural. Baixos salários, sem condições tecnológicas nas escolas, nem treinamentos de qualidade para eles… assim fica difícil esta tarefa de educar, sendo cobrada só na via da entrega de resultados quando nada se dá a eles para complementar sua ação pedagógica, que de fato, é transformadora quando se realiza com muita consciência humanizada para uma educação verdadeiramente humanizante. Educar hoje não é passar informação,  é encaminhar o entendimento e o processamento para a seleção de tais informações e isto é fundamental para a criação de juízo crítico e posicionamento  genuínos na formação de cidadãos protagonistas de seu tempo.

Evan – São tempo difíceis para todos, sobretudo para a educação. Cobrança sem suporte não é novidade, e isso, na quarentena ficou ainda mais evidente. Voltando a falar de projetos literários, além de ALICITAS, existe algum outro projeto ligado à literatura em desenvolvimento? Algum novo livro em andamento ou algo parecido?

Vivi – Sempre tenho as gavetas cheias de projetos paralelos: O livro infantil “Meu mundo de queijo”, inspirado na minha sobrinha, Abril, está sendo traduzido em três idiomas e isso é apaixonante, porque cada cultura tem sua visão sobre o universo infantil e suas expressões próprias.  Estou trabalhando nas traduções ao espanhol dos livros de terror do escritor Eduardo Mendes (a quem admiro muito) e  apoiando como editora na escrita do primero livro de minha amiga Katiuscia Mendez sobre a Pandemia. São Mendez com “s” e com “z”, familiares das letras, não de sangue… curiosamente! (Risos). Mas este ano foi interessante porque descobri vários familiares aqui no Brasil também por causa das letras! Este ano publiquei exatamente (contando ALICITAS que sai hoje do forno) 8 livros. Por 2020, acho suficiente. Nisto, a pandemia, ajudou.

Evan – Educação e cultura estão intimamente ligadas. Embora ninguém tenha certeza de como serão as coisas futuramente, falando em pandemia, qual a sua expectativa para a retomada das diversas atividades humanas e econômicas, principalmente na área da literatura, artes, cultura em geral? Acredita que haverá uma retomada das atividades, dos projetos ou vamos amargar sérios danos à essas atividades?

Vivi Mendez em um de seus diversos trabalhos educacionais

Vivi – A cultura está mais viva do que nunca, as artes se adaptaram ao mundo digital e não para de gritar pelas injustiças, a inconsciência e a falta de cidadania. Este é o papel da arte. A cultura manifesta por meio das diferentes expressões quem somos e o que queremos. Lamentavelmente, os governos não vêm neste direito, que temos como cidadãos, um motor para o desenvolvimento, e isto é um erro grave. A verdadeira força está nas pessoas e nas suas cosmovisões, sua criatividade e modus operandi de responder aos desafios dos tempos, encontrando soluções e construindo redes solidárias de inteligência coletiva,  exercitando a resiliência  e evoluindo dia a dia desde o seu melhor. A verdadeira economia deveria estar centrada nestes valores das pessoas, não nos interesses mesquinhos de poucas pessoas donas de grandes corporações e empresas gigantescas que terminam moendo a carne humana e descartando suas vísceras em nome dos grandes capitais. O dinheiro é bom para melhorar a vida das pessoas, mas não pode seguir morrendo pessoas pelo dinheiro. Este custo está sendo muito grande; O planeta grita. Não temos mais dúvidas disso, mas ainda a máquina está em mãos poderosas que não se importam com a vida. É aqui que reside o valor de nossa cultura e toda arte que podamos produzir desde nossos valores: nossa identidade, nossas populações, nossas fortalezas são as únicas que em sua singularidade podem dar sentido ao surgimento de uma nova humanidade onde se priorize a vida em todas suas manifestações.

Vivi Mendez e alguns dos seus trabalhos literários

Evan – Que mensagem você gostaria de deixar para os amantes da literatura, sejam eles leitores, autores, fomentadores, etc.?

Vivi – Leiam, tudo o que puder, todos os estilos, conheçam a variedade de suportes e diversidade de criações e seus criadores literários. Por trás de cada produto literário existe uma pessoa com toda uma humanidade para se descobrir. A cultura é um direito! Expressar-se também! Não desperdice seus direitos! Ampliem seus universos de compreensão, saiam de suas caixinhas. Só a educação nos dá o poder de pensar por si próprios. E como dizia minha mãe, “a educação liberta!” Seja, sobre todas as coisas, um ser livre!

Evan – Vivi, muito obrigado pelo seu tempo, sua disposição em conversar com a gente e espero que nosso leitores tenham curtido tanto esse nosso bate-papo quanto nós do À Espreita. Desejamos todo sucesso em seu trabalho e nosso agradecimento, em nome de todos os leitores, por todo o seu empenho na causa do ser-humano. Muito sucesso com Alicitas!

Esta foi nossa conversa com este ser maravilhoso chamado Vivi Mendez. Se você gostou, curta, deixe sua mensagem, comentário…

Abaixo um pouco mais do trabalho literário de Vivi Mendez. Não deixe de conferir.

Conheça outras obras de Vivi Mendez disponíveis na Amazon. Clique aqui.

Em destaque

À Espreita Entrevista: Leidiane Garcia

Conheça a professora e musicista que está resgatando a música regional para crianças e jovens pantaneiros.

Olá queridos seguidores do À Espreita. Hoje trazemos uma entrevista um conteúdo um pouco diferente. Normalmente trazemos escritores e poetas para nos contarem um pouco sobre sua história, suas obras, sua luta pela cultura nacional. Hoje, trazemos outra lutadora da cultura nacional, em especial, a sul-mato-grossense, que atua através da música regional. Conheçam a instrumentista e professora Leidiane Garcia.

Evan – Olá Leidiane, é um prazer para nós conversar contigo hoje. Estamos bem curiosos em saber sobre sua história, seus projetos e sobre seu peculiar instrumento, o qual carrega sempre contigo. (Risos). Para quem conhece a professora Leidiane Garcia é impossível desassociá-la dos instrumentos musicais. Como a música entrou na sua vida?

Leidiane – Foi através da apreciação da prática musical de alguns parentes distantes que percebi a música. Já em torno dos 11 anos de idade, expressei a minha mãe, a vontade em aprender a tocar violão; algum tempo depois, ganhei meu primeiro violão que ficou guardado a espera de um professor. Foi aos 13 anos, que iniciei meus estudos do “Violão Clássico” com o professor Anderson Francellino, no Horto Florestal, em Campo Grande. Aos 14 anos, além das aulas de violão clássico particular, também recebi bolsa para estudar o repertório da “Orquestra de Violões de Campo Grande”, com a qual gravei, no ano de 2006, o CD em comemoração aos 10 anos de existência, lançado em 2007, quando deixei de ser integrante. A partir dessas experiências percebi que a música não seria somente um hobby e no ano de 2004, aos 17 anos de idade, passei no vestibular e ingressei na faculdade de Música, da UFMS- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. Desde então, venho buscando estudar e me aprimorar.

Evan – Como isso te levou ao desejo de ensinar? Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória na educação de crianças e jovens.

Leidiane – Como todo(a) instrumentista, não imaginei atuar como professora, afinal, venho de uma família de professora e que deixou evidente a realidade profissional. Porém, logo no primeiro ano de faculdade, aos 18 anos, comecei a atuar em escolas de música e conservatórios, como professora de violão clássico e violão popular. No estágio me aproximei da “Musicalização Infantil”, no SESC Horto. Foi justamente, quando o meu campo de visão e atuação se abriu, pois percebi que não bastava levar um planejamento pronto a realizar era preciso estar disposta a observar e alterar o que havia preparado, de acordo com a reação dos alunos.

Evan – Uma das coisas que chamam a atenção sobre seu trabalho musical, e talvez seja curioso para as pessoas de outras partes do Brasil, é um de seus instrumentos musicais: a viola de cocho. Conte-nos um pouco sobre sua relação com este instrumento e como ele é um diferencial no ensino da música regional.

Festival de Arte e Cultura do IFMS/Corumbá, Viola de cocho Alcides Ribeiro/ MT, em 2018. (Foto: linha do tempo do Facebook)

Leidiane – Em 2008, decidi adquirir uma nova experiência em terreno desconhecido, atuar num projeto social e mudar para uma cidade que não conhecia, Corumbá. Foi em 31 de março que cheguei à cidade para atuar como professora de violão clássico e popular, e, com a responsabilidade de conhecer a viola de cocho junto ao mestre cururueiro Agripino Soares Magalhães (in memoriam), para que então, pudesse iniciar os meus alunos ao instrumento na Escola de Artes Moinho Cultural Sul Americano. Naquele ano criei e fui a regente da “Orquestra de Violões do Moinho”, que realizou apresentações na abertura do “Quebra-torto com letras” no 6 º Festival América do Sul “O Diálogo Multicultural Sul-Americano”, de 29 de abril a 03 de maio de 2009. Já em 2009, tive a oportunidade de aprimorar meus conhecimentos sobre o modo de fazer a viola de cocho, com Alcides Ribeiro e adquirir exemplares do instrumento. Também, conheci a execução da viola de cocho, com o professor Abel Santos Anjos, na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. O que tornou possível preparar os alunos para formar um “naipe” de 8 violas de cocho para o “Moinho in Concert O Reino da Rainha Nuvem”, 2009. Posteriormente, ocorreu minha aproximação aos mestres da tradição do Siriri e Cururu de Corumbá e Ladário, entre eles, o mestre Sebastião Brandão.

Evan – Assim como em todo o Brasil, os problemas sociais são constantes e presentes na vida das crianças desde muito cedo. Na sua opinião, como educadora, quais são os principais desafios que enfrentam as crianças e jovens de Corumbá e região?

IV Congresso de Educação do CPAN, apresentação do “Grupo Vocal, de Percussão e Dança do Siriri”, no Auditório Salmão Baruki, 2019. (Foto: linha do tempo do Facebook)

Leidiane – Acredito que um dos desafios seja a dificuldade de acesso e usufruir dos bens culturais de forma efetiva em seu cotidiano. Afinal, não são todos que podem se locomover da Nova Corumbá ao Centro da cidade e participar de uma oficina de construção da viola de cocho, fazer aula de dança e/ ou de um instrumento musical, por exemplo. A cidade tem suas divisões simbólicas. É por isso, que levei para sala de aula a oficina do “modo de fazer” a viola de cocho, o ganzá e o mocho junto ao mestre cururueiro Sebastião Brandão, com apoio do Escritório Técnico do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de Corumbá/ MS, além de contar com colaboradores da música erudita da localidade. Mas, fiz também o inverso, tirei da sala de aula nossas produções para levar para outros “lugares” da cidade, como: auditórios, espaços abertos e em eventos externos.

Evan – Você tem uma identidade marcante com o “Siriri”, ritmo típico da região centro-oeste. Como surgiu a ideia de trazer o Siriri para dentro da sala de aula? Conte-nos um pouco sobre o “Grupo Vocal de Percussão e Dança do Siriri”.

Leidiane – Inicialmente, decidi apresentar as cantigas do Siriri, junto à prática vocal, devido à ausência de recursos materiais para a iniciação musical dos alunos; e, com a proposta apresentada observei o encantamento dos alunos diante do novo incentivo realizado na aula de Arte, com a Música inserida naquele contexto. Gradativamente, levei meus materiais para as aulas, como instrumentos musicais: viola de cocho, ganzá, o mocho, o violão entre outros. Quando iniciamos a prática musical desses instrumentos, percebi que havia criado a base do grupo que idealizei, o “Grupo Vocal e de Percussão do Siriri”. Então, efetivei ensaios de 1h com alunos interessados em tocar os instrumentos acompanhadores, ganzá (reco-reco de bambu percutido com baqueta feita de osso de costela de boi) e o mocho (banco percutido com baquetas feitas de cabo de vassoura); também, ensaios com o vocal e o “Grupo de Dança do Siriri”.

Evan – Desde 2014, você desenvolve projetos na escola. Conte-nos um pouco sobre o “Projeto Piloto: Música e Patrimônio”, realizado no ano de 2018.

Leidiane – O “Projeto Piloto: Música e Patrimônio” é um dos projetos que realizei ano após ano, desde 2014. Este surgiu da necessidade de estreitar os laços entre a Educação Musical no que tange ao estudo e prática musical, e a questão do Patrimônio Cultural Imaterial dos municípios de Corumbá e Ladário- MS, no que diz respeito ao “modo de fazer a viola de cocho, o ganzá e o mocho” e sua execução, o conhecimento e prática vocal das cantigas do Siriri, e sua dança em pares. Uni esses dois conceitos para estimular as crianças a conhecer, estudar e se apoderar do instrumento, para escrever e tocar suas criações.

Evan – O “Projeto Piloto: Música e Patrimônio” já participou de algumas premiações.  Foi premiado localmente e agora é finalista de um prêmio nacional, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2020, realizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Ter um projeto finalista, quem sabe até campeão, (estamos na torcida) de um Prêmio nacional, agora entre 121 projetos concorrentes em todo o Brasil deve ser gratificante. Qual a sensação de alcançar esse reconhecimento? Qual a dimensão do retorno que isto pode trazer para o projeto?

Leidiane – Ter o projeto selecionado em uma premiação nacional evidencia estar no   caminho certo, pois é uma ação que permite o diálogo entre a Educação Musical e a Educação Patrimonial, estreitando os conhecimentos teóricos, práticos, da tradição oral e da memória dos envolvidos no projeto. Desde o ano de 2014, tenho buscado escrever projetos para realizar em sala de aula, com o objetivo específico de oferecer aos meus alunos uma aula de Arte significativa, que vá além dos muros da escola. E, assim também, com os projetos realizados, busco sempre sujeitar a premiações, pois é a forma que encontro de divulgar meu trabalho e os resultados alcançados, pois senão, ficarão presos somente a minha memória, sem que tenham possibilidades materiais e simbólicas de ir além, sendo reconhecido.

Leidiane com uma viola de cocho que ela construiu junto ao mestre Sebastião Brandão numa oficina do modo de fazer a viola de cocho realizada no IPHAN/ Corumbá, em 2018. .O “mocho” (banco que está do lado direito), instrumento de percussão, foi feito por Alcides Ribeiro/ MT. A tela do fundo foi feita a pedido dela, com a ideia demonstrar a “postura para execução do violão clássico”, obra do amigo Vitor Hugo. No lado esquerdo, não tão evidente, está uma viola de cocho feita pelo cururueiro Sebastião Brandão.

Evan – Você é Educadora Musical e Mestre em Educação. Conte-nos um pouco mais sobre suas atividades além da sala de aula.

Leidiane – Atuo como professora de Violão Clássico, Violão Popular e Viola de cocho, no final de semana, para alunos particulares e para meus alunos bolsistas. Os alunos bolsistas são aqueles que se destacaram na aula de Arte e que convidei para estudar violão e iniciar na viola de cocho, com autorização e responsabilidade dos pais em levar o (a) aluno (a) até minha residência, uma vez por semana. Paralelamente, ensaio os grupos que criei no ano de 2014, o “Grupo Vocal e de Percussão do Siriri” e o “Grupo de Dança do Siriri”, hoje também chamados de “Grupo Vocal, de Percussão e Dança do Siriri”. Tenho atuado como solista e realizado apresentações com o duo Miranda- Garcia, que integro junto ao tenor Virgílio Miranda. 

Evan – Conte-nos um pouco mais sobre seus próximos projetos, planos, sonhos. O que podemos esperar da Leidiane Garcia em um futuro próximo?

Leidiane – A princípio, a reflexão e análise dos projetos já realizados para sujeitar a publicação. Aproveitar os convites para realização de apresentação executando violão solo, a viola de cocho e junto ao duo Miranda- Garcia apresentando minhas transcrições do repertório da cultura popular brasileira. Repensar formas de realização das “Oficinas do modo de fazer a viola de cocho” desenvolvidas junto ao mestre Sebastião Brandão e ampliar parcerias com profissionais do campo do “Patrimônio”, e da Educação, em Corumbá. Repensar formas de realização dos ensaios do “Grupo Vocal, de Percussão e Dança do Siriri”, objetivando o estudo de novo e antigo repertório para voz, percussão e instrumento de cordas (violão e viola de cocho), e também, agregar parcerias na elaboração dos movimentos da dança. Além da espera e expectativa por resultados positivos do prêmio.

Evan – Que mensagem você deixaria para seus colegas professores de todo o país?

Leidiane – Desejo que tenham a ousadia e a constância em defender sua “área de formação”, em específico, àqueles que escolheram na Arte, a Música, como alimento para o corpo e para o conhecimento.

Evan – Obrigado Leidiane pelo papo inspirador. Nós sabemos que você é bem ocupada e ter conseguido um tempo para conversar com a gente já nos enche de orgulho. Desejamos todo o sucesso em seu trabalho e estamos na torcida pela premiação.

Espero que vocês tenham gostado do nosso bate-papo com a professora Leidiane Garcia. Ver exemplos de dedicação com este é que nos enche de esperança e a certeza de que o Brasil pode dar certo. É um trabalho de formiguinha realizado em vários cantos do país, mas que trazem resultados maravilhosos. Fazer a diferença nas vidas de crianças e jovens é o alimento para o futuro. Fica aqui, nossa homenagem e reconhecimento à professora Leidiane Garcia, assim como à muitos outros educadores e voluntários de todo o Brasil que fazem a educação dar certo!

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À Espreita Entrevista: Cidinha Lima

Professora e poetisa, Cidinha Lima nos conta um pouco sobre sua trajetória, seus planos para o futuro pós-pandemia e os desafios da profissão.

Hoje a entrevistada do À Espreita é a nossa querida Cidinha Lima, professora, licenciada em Letras pela UCDB e poetisa, publicada em diversas antologias.

Evan – Olá Cidinha, é uma alegria para nós poder conversar um pouco contigo e poder falar um pouco sobre sua história, sobre educação, literatura e poesia. Você é formada em letras desde 1997 e é professora de português na rede pública em Campo Grande. Imagino que seu amor pelas letras e pela língua portuguesa vem desde cedo. Conte para nós um pouquinho sobre quando você descobriu isso e como foi a trajetória até se tornar professora?

Cidinha – Primeiramente, agradeço essa oportunidade que estou tendo de falar um pouco de minha trajetória. Sou-lhe grata. Desde criança, sempre gostei de estudar. Amava ouvir histórias de meus pais, falando de suas histórias quando vieram do nordeste, e depois a vinda deles para Mato Grosso do Sul. Sempre fui muito apaixonada pelos livros, logo aprendi a ler as histórias e livros de poemas. Adorava folhear os livros de gravuras e usava a imaginação para rabiscar os versos. Lembro de minha primeira redação na 3ª serie, tinha 9 anos, e também já queria ser professora. Era para escrever sobre meu pai. Escrevi um texto bonito e tirei um dez. A partir daí comecei a escrever. Terminei o ginásio em Corumbá-MS. Em 1985 , vim para a Capital fazer o segundo grau. Escrevia em meus cadernos. Até hoje gosto de escrever pois, a caneta e lápis sempre me acompanham. Entrei no Instituto, colégio de freiras, onde por alguns anos passei, trabalhando em obras missionárias, acompanhando jovens, crianças e adultos, na catequese, liturgia e outros. Desligando da Congregação anos mais tarde, iniciei a carreira do Magistério muito cedo e sempre amei esse mundo juvenil. Terminei a Faculdade de Letras, continuei exercendo o magistério, fiz meu Concurso no Estado, assumi em 2002. Sempre sonhando com meus escritos.

Evan – Pela sua vivência na escola pública, quais são os maiores desafios que os alunos e professores têm enfrentado durante a pandemia?

Cidinha – É um período difícil, todos tivemos que nos reinventar de alguma forma, encontrar formas e maneiras para estar próximos, apesar do distanciamento social. Aperfeiçoar estratégias de como chegar até o aluno de forma clara e objetiva. Posso dizer que estamos aprendendo muito com tudo isso. Não é muito fácil, ninguém estava preparado para isso, e como nem todos tem acesso às tecnologias, isso também dificulta o ensino e a aprendizagem. Acreditamos que tudo vai passar logo.

Evan – Quando foi que você decidiu levar a poesia a sério e tornar as suas poesias conhecidas?

Cidinha – Sempre tive o sonho de deixar-se conhecer, mas a timidez me acompanhou por anos. Muitos amigos e amigas que liam meus escritos, sempre me incentivam para publicar. A ideia foi amadurecendo e através de meu irmão, Jorge Lima, que também é poeta e escritor. Ele me apresentou o poeta Jesus Hernandez Martim. Ele estava escrevendo a História de Corumbá, um livro com vários autores de Corumbá e me convidou a publicar com dois poemas e, então, aceitei o convite. Escrevi Nossa Amizade e Manhãs e Noites, foi lançado em 2002. A partir daí, meu irmão, sempre falando e incentivando sobre participar do Grupo ALEC em Corumbá. Fui ficando mais interessada e entusiasmada em querer conhecer e participar. Ele me apresentou o poeta Benedito C. G. de Lima, onde com muita alegria fui recebida e tenho uma gratidão enorme em poder participar desse movimento literário.

Evan – Ficamos conhecendo um pouco do projeto Passa na Praça que a Arte te Abraça quando entrevistamos o poeta pantaneiro Benedito C. G. de Lima. Conte para nós um pouquinho mais sobre este projeto inspirador e como é sua participação?

Cidinha – Bem, eu participo faz quase 5 anos. É uma riqueza enorme, uma oportunidade de estar com os artistas, os poetas e as pessoas, na praça. Levar nossos poemas, falar com o público, mostrar a nossa cultura. É realizado sempre aos sábados, na parte da manhã. Eu só participo quando estou na cidade, no período de férias e feriados, por morar longe. É um encontro maravilhoso, alunos também visitam a praça, com exposição dos poemas.

Projeto Passa na Praça que a Arte te Abraça

Evan – Você tem poesias publicadas em diversas antologias. Conte um pouquinho para nós sobre suas poesias, suas inspirações, que tipo de temas você aborda ao compô-las?

Cidinha – Amo escrever. Meus textos são variados. Gosto muito do romântico, escrevo algumas reflexões sobre a vida, o ser e também de cunho religioso, falo sobre amizade e amor. Acredito na palavra que pode tocar a alma. Quanto a inspiração? Deixo fluir, e assim vou colocando no papel aquilo que consigo sentir e viver. Busco na natureza, no ser humano, na realidade, em Deus, minhas inspirações.

Evan – Você tem um projeto de divulgação dos poetas pantaneiros. Como é este projeto e como as pessoas podem conhece-lo ou até mesmo participar?

Cidinha – Iniciei na escola onde trabalho, sobre leitura, o ano passado. Este ano, devido a pandemia ficou difícil dar continuidade. Foi uma experiência para ajudar os alunos a despertarem o sentimento pela magia da palavra pois, observei que muitos têm vergonha dos próprios textos que escrevem. Primeiro leram dez autores pantaneiros, vida e obras dos mesmos e depois solicitei que produzissem seus próprios poemas. Depois foram digitalizados e feitos em forma de livros cartonera. Capas confeccionadas a mão, de papelão. Fizemos uma exposição na própria escola. Pretendo retomá-lo em breve, assim quando tudo passar.

Evan – Quais são seus futuros projetos para um futuro próximo? O que podemos esperar da Cidinha Lima em breve?

Cidinha – Estou trabalhando no livro de poesias de minha autoria, será lançado em breve. E pretendo lançar outro, em parceria com meu irmão, Jorge Lima. Um sonho de muito tempo.

Evan – O Brasil ainda é um país que pouco valoriza o hábito de ler. A pequena parcela de ávidos leitores brasileiros encontra dificuldade em conhecer novos autores nacionais visto que as prateleiras das livrarias se encontram abarrotadas de livros de autores estrangeiros. Alguns de qualidade até bem duvidosa. Você concorda com essa afirmação? Na sua opinião porque isto acontece?

Cidinha – Há pouco investimento na educação. Não se preocupam em oferecer um ensino de qualidade, não há incentivo à leitura. Acredito que a falta de cultura em relação a ler é grande, por isso o interesse é pouco. Publicar um livro não é barato. Temos autores brasileiros fantásticos, porém desconhecidos ainda por muitos.

Evan – Quais autores te influenciaram? Que tipo de livro você costuma ler? Tem alguma indicação para nós? Algum livro que tenha lhe surpreendido?

Cidinha – São muitos que amo. Ressalto Fernando Pessoa, Cora Coralina, Clarice Lispector, Adélia Prado, Manoel de Barros, Raquel Naveira, entre outros. Leio sempre livros que ajudam a melhorar a vida, a espiritualidade. A Bíblia sempre me surpreende.

Evan – Que mensagem ou conselho você quer deixar para seus leitores, futuros leitores e colegas de escrita em todo o Brasil?

Cidinha – A vida é breve. Aproveitar cada segundo faz toda a diferença. Ler é nutrir-se não só de conhecimentos, mas alimento da alma. Vai minha saudação poética a todos vocês. Muito obrigada! Agradeço essa oportunidade que me ofereceu em partilhar um pouco de minha história. Grata por tudo. Deus abençoes seu trabalho.

Evan – Nós é que agradecemos pela oportunidade, professora Cidinha. Desejamos-lhe todo o sucesso com seu livro de poesias e em tudo que fizer.

Esse foi nosso bate-papo com a professora e poetisa Cidinha Lima. Acreditamos que a professora Cidinha representa milhares de profissionais do ensino em todo o país, que mesmo em meio a tantas adversidades, busca dar o melhor de si em favor da cultura, do ensino, da intelectualidade e do senso crítico de cada criança e jovem.

Encerramos a entrevista de hoje com uma poesia de autoria de Cidinha Lima:

Amar

Um adorar prateado

Sem manchas e sem medo

Compreender um mistério

Adormecer na fantasia

Vida que se inicia

Um aroma inebriante

Em êxtase envolvente

Um cantar melancólico

Mas o que é amar?

Desejar, delirar, esperar?

Tentativas em vão

O segredo está no coração

Coração marcado para sempre

Um querer comprometer

Apaixonar sem morrer

Apenas viver com prazer

Amar um adorar prateado

Num ritmo acelerado

Canções do ir e vir

Como então definir?

Amar compromisso a dois

Sem receios, nem mesmo para depois

Apenas contemplar nossa vida

Na graça e sonho de amar sem limites.

Cidinha Lima.

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À Espreita Entrevista: Marcela Farias

A Entrevista de hoje é com uma escritora encantadora, Marcela Farias. Ela fala sobre si, seus trabalhos e seus sonhos.

Hoje temos a honra de conversar com uma grata revelação da literatura, Marcela Farias. A autora é formada em História, mas como se diz, tem a arte na veia. Participante de eventos das mais variadas vertentes artísticas como teatro, caligrafia, artesanato, pintura e claro… a literatura, Marcela nos conta hoje um pouco sobre sua trajetória em uma entrevista para lá de interessante. Confere aí:

Evan – Oi Marcela, primeiramente é uma satisfação poder conversar contigo e saber um pouquinho mais sobre a escritora Marcela Farias. Sua formação é de licenciatura em História. Como a literatura entrou na sua vida? Em que momento você decidiu que queria ser escritora também?

Marcela – Desde os dez anos de idade gosto de escrever versos, porém, somente na adolescência comecei a ler romances. Sobre ser escritora me veio depois de muito sofrimento e, de tentar me compreender nos meus erros e acertos, que eu poderia através de todas as minhas desventuras criar histórias. Sempre gostei de escrever, e, quando adolescente almejei escrever romances, mas não consegui. Não sonhava em ser escritora, até que quando finalmente consegui escrever o meu primeiro livro de ficção, percebi que queria criar outras histórias e, portanto, tornar-me uma escritora.

Evan – Você nasceu em Manaus, morou em diversas cidades e agora reside em Campo Grande. Quase se tornou freira e virou professora. Conte um pouquinho para nós como foi essa trajetória… como chegamos na Marcela Farias de hoje?

Marcela – Eu era uma adolescente manauara, que foi morar no Rio de Janeiro com quatorze para quinze anos de idade. Era muito religiosa, gostava de ler romances, pintar e estudar História. Foi um longo processo até compreender o que eu realmente queria, qual era a minha vocação… acredite, estou em constante construção como pessoa. A vida religiosa me ensinou muitas coisas, por isso, não me arrependi de ter entrado para congregação, só que apesar de ser uma bela vocação, eu mesma não tinha, então, não permaneci e, desisti. Estudei licenciatura em História por estar morando em Corumbá na época, e não havia muitas opções, eu não tinha como me sustentar morando em outra cidade. Infelizmente, não me adaptei a sala de aula. Mas a História Mundial serve de inspiração para criação das minhas estórias ou histórias. A Marcela Farias de hoje sonha em construir uma família, continua indo para igreja como leiga, gosta de pintar como hobbie e sonha em ver todos os seus livros publicados e sendo reconhecida internacionalmente. O último sonho é tão pequeno, né?! (Risos).

Evan – Toda realização começa com um sonho, não é mesmo? E por falar em sonhos, em “No Mundo dos Sonhos” você conta a história de Rosa, uma jovem do interior cheia de sonhos, mas que esbarra na falta de oportunidades do mundo real. Conte para nós um pouquinho dessa trama mágica e o que lhe inspirou a escrever esse livro.

Marcela – Muitas coisas da minha vida me inspiraram, como os meus próprios fracassos, a vontade de ser artista e, não conseguir. A Rosa tem de mim, principalmente o fato de eu ser birrenta, contudo, ela é principalmente como eu era quando mais jovem. Ainda possuo muitas coisas da adolescência, mas digamos, que eu mudei alguma coisa. (Risos). Mas é só uma inspiração. Resumidamente “No Mundo dos Sonhos” narra a história de uma adolescente de dezessete anos que faz um pedido para Deus para realizar sete sonhos. Depois disto, toda a noite passa a abrir uma passagem que a conduz para um mundo misterioso, onde ela vai tentar realizar os seus sonhos… contudo, lá tem um segredo. O que me inspirou para construir este mundo foram sonhos que tive quando estava dormindo, e o meu próprio espírito sonhador de querer conhecer outros países e culturas e ser artista plástica, entre tantas coisas. Mas não se engane, não é um livro de fantasia como qualquer outro, discute de modo profundo sobre o sentido da vida. “No Mundo dos Sonhos” foi meu primeiro livro, por isso, um grande aprendizado, tanto de experiência de vida, quanto de aprender a escrever, mesmo não sendo uma “gênia” da gramática e tendo dificuldade para memorizar. Da literatura, minhas fontes de inspiração são O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder e Alice No País das Maravilhas e através do Espelho.  Uma curiosidade é que quando vou escrevendo uma história, é como um filme sendo criado na minha mente.

Evan – Ter uma publicação física é o sonho de muitos escritores e “No Mundo dos Sonhos” tem sua versão física. Conte um pouco sobre o processo de encontrar uma casa literária para o seu livro. Como foi esse processo e quais foram os principais desafios?

Marcela – Foram inúmeros desafios, só consegui publicar depois de dois anos que terminei de escrever. Nunca imaginei que fosse tão difícil conseguir publicar um livro como físico, porque aliás, quase ninguém quando escreve o primeiro romance sabe. Em qualquer país é difícil, mas no Brasil, devido ao pouco hábito de leitura de maior parte dos brasileiros, entres outros fatores, conseguir publicar um livro numa grande editora brasileira é quase impossível, principalmente se for o primeiro. Então, meu padrasto fez um empréstimo para mim, e assim, precisei pagar para uma editora que cobra pela publicação. E depois disso veio outro desafio, divulgar e vender. Realmente não é fácil porque recai só sobre o escritor fazer isso. Contudo, eu ainda acredito como sonhadora que sou que uma grande editora ainda publicará os meus livros e, colocará nas livrarias de vários cantos do país e, quem sabe do mundo. Estou a procura, hein! Deixo uma dica: quando estiverem procurando uma editora “cuidado! ”, analise bem se valerá a pena e, se é tudo feito com honestidade.

Evan – Grande conselho! Não são poucos os relatos de escritores tendo enormes dores de cabeça com algumas editoras. Precisa pesquisar e se informar bem. Agora, conte-nos um pouco sobre seu segundo livro, “O que há no seu Coração?”

Marcela – “O que há no seu coração?” é uma linda história que mistura amor, suspense, ficção científica e drama. Falará também de questões existenciais, e vai dentro do coração da personagem, que se chama Heloise. Ela é descendente da aristocracia brasileira, foi criada pela avó, mas apesar de todas as oportunidades que teve na vida, possui um vazio no seu coração, como grande parte de nós. Contudo, não me prendo somente a tristeza, a vida tem seu lado bonito. Heloise vive uma aventura de viajar no tempo e, vai parar em plena década de 1950. É surpreendente o que vem depois. Para quem se interessar em ler este meu bebê, está a venda em plataformas, por enquanto, a Amazon.

Evan – Você ainda tem um livro de poesias, “Da Imaginação”. Que temas você aborda em suas poesias e no que você se inspira?

Marcela – “Da Imaginação: A poesia em meio ao caos”, tem temas como o amor, os sonhos, a simplicidade da vida, meus questionamentos existenciais. É uma reunião de pensamentos e poesias. As poesias para mim servem como um meio para desabafar, assim, em geral são poesias escritas em meio ao caos da minha vida, pois como encontrar beleza quando tudo está preto e branco, quando só quero chorar e me entregar? Os problemas dão belas poesias.

Da Imaginação: A Poesia em meio ao Caos de Marcela Farias

Evan – É como dizem por aí, o artista extrai o melhor de si em seus momentos de maior sofrimento. Muitas vezes isso é verdade. Você tem autores nos quais você se espelha, ou dos quais você recebeu influência? Que tipo de livros você costuma ler?

Marcela – Eu deixo me influenciar por muitos autores, mas eu diria que há mais obras que me influenciam do que autores. Gosto muito de histórias de amor e, como uma boa romântica gosto de Nicholas Sparks. (Risos). O Mundo de Sofia está entre meus livros preferidos. Eu poderia citar muitos outros livros como os clássicos O Jardim Secreto, Orgulho e Preconceito, Dom Casmurro… e, autores que me influenciam, não sei se sou tão boa como eles e, sempre tento ter o meu diferencial como escritora, ser a Marcela Farias.

Evan -Quais são seus hobbies? Existem projetos paralelos voltados à literatura ou à arte de um modo geral dos quais você participa?

Marcela – Meus hobbies são pintar, assistir filmes, gosto de caminhar entre a natureza, viajar, apesar de que não tenho dinheiro para isso e, estamos na pandemia. Amo ir a museus e teatros. Não coloco a leitura aí, porque agora isto é trabalho. (Risos). Enfim, muitas coisas. Já participei quando morava em Corumbá, do Passa na Praça que a Arte te Abraça do ALEC, na verdade, mesmo distante, ainda participo. E não sei se dá para incluir, mas também vez ou outra, participo de grupos de leituras.

Evan – Dá pra incluir sim. (Risos). Grupos de leituras são ótimos tanto como hobbies ou como projetos literários. O que podemos esperar da Marcela Farias em um futuro próximo? Projetos literários em andamento?

Marcela – Além dos livros citados, tenho mais dois romances escritos. Assim, o que podemos esperar é mais publicação de livros. Espero sinceramente que sejam publicados como físicos. Como estamos na Pandemia não dá para almejar a realização de muitas coisas em 2020.

Evan – Tempos muito complicados mesmo. Essa pandemia derrubou os projetos do mundo inteiro. Não há o que não foi afetado de alguma forma. Mas… que mensagem você deixaria para os colegas escritores e para os leitores?

Marcela – Leitores continuem amando a literatura e leiam livros de autores brasileiros também, incentivem seus filhos a lerem desde criança. E aos escritores, aqueles que são ativistas, meus parabéns pela doação ao outro! E aqueles que são apenas escritores, meus parabéns pelo dom maravilhoso! E vamos expandir a literatura brasileira dando oportunidades aos escritores da Literatura Fantástica também.

Evan – Isso aí! Vamos apoiar a literatura nacional e fazer a fantasia decolar. Temos ótimos escritores, inclusive de literatura fantástica no Brasil. Marcela, foi um grande prazer poder conversar contigo. Eu, particularmente, curti muito. Espero que nossos leitores gostem tanto quanto nós do À Espreita. Te desejamos todo o sucesso e que seus sonhos, grandes e pequenos, se realizem. Grande abraço da Equipe À Espreita.

Se você curtiu nossa entrevista com a escritora Marcela Farias, deixa aí seu comentário. Para conhecer melhor as obras da Marcela, clique nos links abaixo e adquira seus exemplares.

No Mundo dos Sonhos você pode adquirir por este link, que é o da editora ou diretamente com a autora. Segue as redes sociais para falar ou simplesmente seguir a Marcela Farias.

Instagram: @marcela.ofarias

Facebook: marcela.ofarias1987

O que há no seu Coração?

 

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À Espreita Entrevista: Eduardo da Costa Mendes

Escritor sul-mato-grossense é o destaque do À Espreita de hoje.

Hoje, vamos publicar a entrevista que fizemos com o autor Eduardo da Costa Mendes de Corumbá-MS. Eduardo tem 27 anos, é estudante de Pedagogia, dono de um sebo e de uma Editora artesanal, a Elmo Negro. Em 2019 o autor foi condecorado com a placa de Destaque Literário em Corumbá pela ALEC e com a medalha da Embaixada da Poesia, concedida pela Academia Virtual de Letras, Poesia e Cultura. Eduardo nos conta sobre suas obras, seus projetos e mais um pouquinho da vida desse destaque literário do Mato Grosso do Sul, para o Brasil.

Evan – Olá Eduardo, fico muito feliz em poder conversar contigo e falar um pouco sobre você, sua carreira como escritor, suas aspirações e sua maneira de ver a literatura atualmente. Conta um coisa pra gente. Como foi que a literatura entrou na sua vida?

Eduardo – Meu caso com a literatura é bem parecido com o da maioria dos escritores, pois também não me imaginava seguindo esse caminho. Porém, o fato do meu caso com a literatura ser semelhante ao de muitos outros não significa que a forma como eu comecei, se pareça também (risos). E você vai entender o motivo. Acredito que por função de eu ser um jovem “noventista”, um dos meus maiores sonhos era trabalhar com histórias em quadrinhos, até por que a influência dos desenhos sobre o meu processo criativo é bastante forte. Mas infelizmente não desenvolvi habilidades na área artística suficientes para fazer histórias em quadrinhos com os padrões de excelência os quais eu almejava. Mas o sonho sempre se manteve e com o passar do tempo, vi que muitas das minhas ideias tinham potencial para se tornarem enredos completos e bem trabalhados. Foi aí que decidi dar uma chance à literatura na minha vida. No ano de 2010, enquanto eu ainda servia às forças armadas, fiz uma viagem de navio para o Paraguai. E nessa viagem não havia muitas coisas diferentes do trabalho a se fazer e, por conta dos monótonos dias que passei à bordo, resolvi começar a escrever a primeira história da minha vida. E foi em um paiol de alimentos, onde eu descascava batatas quase que ininterruptamente, que comecei a escrever o livro “Ictus Vitae: O diário de Claudio”, em um caderno velho, onde fazíamos anotações dos materiais que entravam e saíam do paiol. Desde então não se passou um dia sem que eu escreva ao menos 200 palavras.

Evan – Você é um grande contista com mais de 30 contos escritos de gêneros que vão desde a ficção científica, passando pela fantasia e indo até o horror. Quem ou quais são suas inspirações para escrever?

Eduardo – Por escrever muitos gêneros literários, me baseio na escrita de muitos autores. Mas uma coisa que eu sempre gosto de esclarecer é que eu não me inspiro nas obras de outros autores, eu me atenho ao “poder de sintaxe” que cada um expressa em suas obras. Gosto muito dos autores que possuem uma qualidade linguística bem rebuscada, pois, acredito que dessa maneira aprendo a escrever melhor. Por conta disso, gosto muito do Charles Baudelaire, Edgar Alan Poe, Robert E. Howard, H.P Lovecraft, Machado de Assis… Mas falando dos autores atuais, tenho muito apreço pela escrita do André Vianco, Clecius Alexandre Duran e da Ana Lucia Merege.

Evan – Legal. Citar autores atuais é sempre bom para os valorizar enquanto estão entre nós, não é mesmo? (Risos) Gosto muito também desses três que você citou, inclusive sigo eles nas redes e fui em um lançamento do Vianco há uns dois anos. Mas vamos continuar falando sobre você. Além de escritor você também é desenhista. Você costuma ilustrar suas histórias? Conte-nos um pouco da sua relação com o desenho e se você tem algum projeto envolvendo esse talento.

Eduardo – Sim, eu costumo ilustrar minhas próprias obras, mas isso só acontece, por não possuir grana para mandar ilustrar o tanto de livros e contos que eu já escrevi (risos), pois se dependesse da minha vontade, pagaria para que fizessem esse trabalho. E quanto aos projetos relacionados a ilustrações feitas por mim, a resposta também é sim. Além das obras as quais eu já ilustrei, não somente minhas, mas também as das pessoas que buscam pelos trabalhos da minha editora, tenho a pretensão de ilustrar cada conto meu, pois a grande maioria possui mais de trinta páginas sem diagramação e acaba sendo mais vantajoso vendê-los separadamente. Por conta disso, atualmente estou trabalhando mais com os desenhos do que com a literatura em si.

Capa de Ictus Vitae: O diário de Claudio de Eduardo da Costa Mendes

Evan – Você levou 4 anos escrevendo a obra “Ictus Vitae: O diário de Claudio”, um romance que mistura ficção científica e distopia. Conte para nós um pouco sobre a trama dessa história.

Eduardo – Quando eu comecei a escrever o livro Ictus Vitae: O diário de Claudio, não imaginei que ele tomaria as proporções as quais possui. Foram quatro anos para apresentá-lo ao público. Dentre esses quatro anos, gastei um ano afinco com pesquisas que coubessem nas minhas pretensões para com a obra. Mais um ano escrevendo à mão e outro para digitar e por fim, foi gasto mais um ano para que o mesmo passasse por todos os processos de correção ortográfica e ilustração de capa. E foram quatro anos muito difíceis, pois eu nunca havia escrito nenhuma página vinda da minha própria mente antes e já de cara, comecei com um “calhamaço” que extrapola as 600 páginas. Mas no final das contas, deu tudo certo e o Ictus Viate: O diário de Claudio, se tornou o primeiro livro de uma série que já conta com o segundo volume pronto e o terceiro com mais que a metade escrita. Sua história se passa em um Brasil pós-apocalíptico devastado por uma terceira guerra mundial, a qual foi motivada por uma disputa internacional pelo conhecimento de uma nova bactéria descoberta na Amazônia. Todo o livro é narrado em primeira pessoa, justamente pela voz do personagem Claudio. Esse personagem é o supervisor de um esquadrão militar que faz a segurança do ambiente onde vivem. E após um estranho pedido de socorro, vindo de outro grupo de sobreviventes, esse esquadrão parte de Brasília rumo à Floresta Amazônica, e é durante toda essa trajetória, que a aventura se desenrola. O livro tem um estilo literário bem simples, bem diferente do qual eu adoto hoje em dia, mas é bastante detalhado e possui um tom de violência bem forte. Segundo os leitores que me deram retórica sobre a obra, os personagens são bem construídos e fáceis de se apegar (coisa que não recomendo, pois é muito provável que isso te frustre).

Evan – Isso parece bem interessante! No segundo livro, “Ictus Vitae: O diário dos sobreviventes”, você traz um pouco mais de ficção científica, com muita guerra envolvendo a trama. No que você se baseia para narrar suas histórias. Existem experiências reais que motivaram ou inspiraram as cenas de ação desse romance?

Eduardo – Depois de perceber que o Ictus Vitae se tornaria uma série, decidi tentar algo maior. Minha intenção é fazer com que essa série se destaque pela complexidade de sua trama principal e as secundárias e para isso tive que ir mais a fundo nas pesquisas, pois não sou um escritor de ficção científica que simplesmente escreve o que vem à mente. Eu sempre pesquiso sobre o assunto para tentar reproduzir o mais próximo da realidade, dando ao leitor uma imersão maior. E o fato de ter sido militar também me deu algumas bases para criar situações de maior ação, coisa que é o ponto chave da série Ictus Vitae.

Evan – Logo no início de O diário dos sobreviventes, existe uma nota do autor para os leitores. Nesta nota há meio que um desabafo seu sobre a supervalorização dos autores internacionais tanto pelas grandes editoras quanto pelo público em geral e da subvalorização dos autores nacionais e suas obras. Essa prática não é segredo algum para ninguém. No seu modo de ver, por que isso acontece? Qual sua visão sobre este assunto e o que deveria ser feito para que os autores nacionais pudessem ocupar lugar de destaque no cenário literário?

Eduardo – Seria impossível negar que, talvez por conta da pouca valorização, em sua grande maioria, os autores brasileiros não se esforçam tanto para escrever, quanto os autores internacionais. E isso está nítido na qualidade literária expressa nos livros nacionais. Parece que nós autores não lemos tanto quanto deveríamos e quase sempre apresentamos obras que não passam do “mais do mesmo”, acreditando que estamos sendo super inovadores. Outro fato é que as editoras não são realizadoras de sonhos, elas são empresas interessadas em faturar grana alta e como os leitores dão preferência para os autores internacionais, elas acabam “puxando a sardinha” para o lado com a maior probabilidade de lucro. Acredito que a única maneira desse quadro ser revertido é com o interesse dos leitores nas obras nacionais. A partir do momento que os leitores começarem a comprar mais obras nacionais, as coisas melhoram. Do contrário… ficaremos nessa mesma situação sempre.

Evan – Concordo, esse é um problema de preconceito dos leitores para com os autores nacionais. Existem uma infinidade de ótimos escritores nacionais ainda pouco conhecidos do grande público. Você tem também um livro dedicado ao público infantojuvenil, “O Jogo dos Planetas”. Fale um pouquinho sobre esta história para nós.

Capa de O Jogo dos Planetas de Eduardo da Costa Mendes

Eduardo – A obra “O Jogo dos Planetas” é o romance mais recente que escrevi. Estranhamente tive a ideia da história enquanto assisti o caminhar de uma daquelas aranhas pernudas, que cismam fazer ninhos no alto das paredes das casas. Exatamente! Todo esse livro foi visto e planejado, por mim, durante a observação do caminhar de uma aranha “domiciliar”. E se trata de uma obra de ficção científica espacial, a qual relata a aventura de um casal de irmãos gêmeos durante uma competição intergalática, que tem como prêmio, a evolução de seu planeta natal. A Terra no caso. Lá eles se deparam com uma porção de outros jovens dos mais variados planetas e competem em corridas, que os levam aos mais variados planetas. É bem interessante ressaltar que a dupla de irmãos não é brasileira, eles residem nas ilhas Maldivas e participam da competição com o mesmo barquinho o qual usam para tirar seu sustento do mar. Apesar de eu definir a obra como infantojuvenil, é importante ressaltar que sua linguagem não é tão coloquial, tornando-a um pouco complexa para leitores com poucos hábitos de leitura. Mas acabo por resumir que é uma boa obra e bastante original em muitos aspectos.

Evan – “Marianas” é uma história curta, mas parece diferente de suas outras obras. Fale um pouco sobre o que lhe inspirou a escrever esta história. Você tem algum novo projeto em andamento ou para realizar em um futuro próximo?

Eduardo – A obra Marianas é uma peça de teatro que criei para trabalhar com meus alunos. É uma história que envolve temáticas relevantes para se trabalhar com os adolescentes. Teve muito sucesso e aceitação na escola e pelos pais dos alunos. A história gira em torno de uma jovem chamada Mariana, residente na Cidade Mariana. Daí se deu o nome: Marianas. Mariana engravida de seu namorado, mas decide não contar, pois ele está prestes a ir realizar seu maior sonho, cursar medicina na capital paulista. Por conta disso, a jovem se depara com uma porção de problemas comuns na adolescência. A um primeiro momento, eu não ia publicar como obra, mas por conta dessa peça ter ajudado muitos dos meus alunos a compreender melhor a vida em si, resolvi refinar o texto e publicar. E quanto a novos projetos, para esse ano publicarei uma coletânea de contos de horror que já está escrita e talvez o terceiro volume da série Ictus Vitae, que se chamará Ictus Vitae: O diário da Expansão (Notícia de primeira mão).

Evan – Além de tudo isso você ainda é estudante de pedagogia, tem um sebo e uma editora artesanal. Como você concilia o tempo para dar conta de tantas atividades? Fale um pouco sobre elas para nós.

Eduardo – Eu não sou o tipo de cara que planeja o próprio tempo, mas sou muito disciplinado no que diz respeito os meus afazeres profissionais. Dessa maneira consigo dar conta de tudo o que me proponho fazer. Amo muito tudo o que faço e por isso não vejo meus afazeres como obrigações.

Evan – Que mensagem você deixaria para os colegas escritores, que como você, buscam seu espaço e para os apreciadores da literatura de um modo geral?

Eduardo – Se empenhem tanto quanto possam, meus camaradas. Os gozos desse mundo não pertencem a nós escritores, mas somos os maiores responsáveis pela sanidade da humanidade e por obrigação, temos que nos doar para que nosso legado se perpetue. Não desistam jamais.

Eduardo, obrigado por falar conosco e compartilhar de suas experiências. Nós estamos sempre abrindo espaço para novos autores falaram sobre si e suas obras e apreciamos muito a conversa. Espero que os leitores tenham gostado também e aguardamos os comentários. Sucesso sempre e um grande abraço da equipe À Espreita.

Para conhecer melhor as obras do Eduardo da Costa Mendes é só clicar nos links abaixo e adquirir seus exemplares, se desejar.

O Jogo dos Planetas

Ictus Vitae: O diário de Claudio

Ictus Vitae: O diário dos sobreviventes

Marianas

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Vozes do Joelma – Resenha

Livro reúne 4 contos baseados em fatos e lendas sobre a maldição sobre o Vale do Anhangabaú, mais especificamente sobre o terreno do Edifício Joelma.

Quatro estilos diferentes bem demarcados. Marcos DeBritto, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini narram quatro histórias e tentam explicar a maldição encalacrada na região do Edifício Joelma.

Embarque em uma viagem pelas mentes de grandes autores do terror nacional, narrando histórias relacionadas com um dos maiores desastres já ocorridos no Brasil: o do incêndio no Edifício Joelma em 1974.

Vozes do Joelma tem a apresentação, do também escritor, Tiago Toy que prefacia cada um dos quatro contos contidos na obra. O objetivo é o de aproximar as diferentes narrativas em volta de um único centro, uma entidade, um ser que comunica-se com o leitor de maneira assustadora e sarcástica, o que funciona muito bem.

Pois bem, vamos as quatro contos de Vozes do Joelma: os gritos que não foram ouvidos.

“Os Mortos Não Perdoam” de Marcos DeBritto

O primeiro conto se passa em 1948, antes do Edifício Joelma existir, na região onde anos mais tarde o edifício arderia em chamas. É narrado em terceira pessoa e conta a história de Pablo, um rapaz que sonha em casar-se com sua namorada. No entanto, existe um grande empecilho: A família dele. Com o decorrer da narrativa o leitor começa a perceber alguns detalhes que vão dando mais corpo ao enredo e se mostram fundamentais para sua conclusão. Pablo é assistente do laboratório de Química da USP e utiliza-se de seu cargo para roubar produtos químicos que ele utiliza para drogar-se. Ele sustenta a mãe e duas irmãs, no entanto é desprezado pelas mesmas e tratado sempre como um serviçal e um fracassado. O relacionamento entre ele e a família é a problemática da história que vai ganhando forma e peso à medida que ele percebe ser impossível casar-se e ser feliz com sua amada e conviver com sua mãe e irmãs. O resultado é um conto muito bem desenvolvido, te prendendo na pele do protagonista e vendo o mundo pela sua ótica.

“Nos Deixem Queimar” de Rodrigo de Oliveira

Também contado em terceira pessoa, este conto trata do incêndio do Joelma em si, em 1974. No entanto, o autor traz personagens e acontecimentos que culminam no desastre em uma narrativa que demonstra toda a sua imaginação visceral. Em um dos escritórios do Joelma, Samara denuncia seu próprio chefe, Gabriel, de ter cometido um terrível crime à polícia. Ele precisa fugir antes que seja pego. As coisas não acontecem como o esperado nem para Gabriel e nem para Samara que veem seu mundo pegar fogo. Este conto, traz uma celeridade maior, é mais violento e sanguinário que o primeiro, que é mais introspectivo e psicológico.

“Os Treze” de Marcus Barcelos

Narrado em primeira pessoa, Os Treze conta a história de Amilton da Correia, um rapaz pobre que enquanto garoto sofre juntamente com a mãe, a violência do pai até que são abandonados por ele. Desde cedo Amilton aprendeu a se virar e a cuidar de si e da mãe doente, tornando-se como ele mesmo se intitula, um “faz-tudo”, um cara “especializado” em serviços gerais. De bico em bico ele se vira como pode até que a mãe morre e ele não tem como enterrá-la. É neste cenário que a história tem uma reviravolta e o seu destino acaba se cruzando com o das treze vítimas que morreram no incêndio do Joelma em um elevador e nunca foram identificadas. A história é muito bem elaborada e vai trazendo o terror aos poucos, na verdade, até demora um pouco para que ele chegue, mas quando chega faz valer à pena. Dos quatro contos foi o que me trouxe uma narrativa mais fluída e gostosa de ser lida, embora todos os quatro sejam muito boas. (Minha opinião).

“O Homem na Escada” de Victor Bonini

O último conto é também o mais longo. Narrado em primeira pessoa pela protagonista, dona Solange, ele traz a linguagem coloquial nos diálogos e nas introspecções da protagonista o que traz um toque de realidade à trama. A história se passa no prédio abandonado, (aqui não ficou bem claro para mim, se é o Joelma depois do incêndio ou antes de acabar a construção ou outro edifício da região) ocupado por uma comunidade de sem-tetos. Dona Solange tem uma filha que está grávida de um vagabundo que as maltrata e está envolvido com o tráfico. De uma maneira ou de outra, dona Solange tenta resolver a situação o que acaba em um crime. Ela recorre a ajuda de um misterioso homem na escada toda vez que precisa de algo para acobertar uma mentira ou um crime, mas tudo tem um preço e uma hora ele será cobrado. No início é possível que estranhe-se a narrativa, pois todo o tempo dona Solange fala com uma voz dentro da sua cabeça, depois que você entende isso fica mais tranquilo. De todos os contos esse é o que, para mim, foi mais perturbador. É tensão do início ao fim, é físico e psicológico e você sua frio junto com a protagonista.

A tragédia do Edifício Joelma é um dos maiores desastres já acontecidos no Brasil com mais de duzentos mortos. Mais de quarenta anos depois ainda vive na memória e assombra a imaginação de muitos. A região toda remonta lendas do período colonial e as atrocidades cometidas contra índios e escravos. Muita dor e sofrimento podem ter feito do local um lugar onde o ódio está preso e o mal acaba se manifestando. Tanto criam nisso que os indígenas nomearam o lugar como Anhangabaú ou, Águas do Mal.

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À Espreita Entrevista: Emivaldo Alves

Emivaldo Alves, autor de “Vidas Que Se Encontram”, fala sobre si e sua carreira em uma entrevista muito legal.

Na última semana publicamos um artigo sobre o livro “Vidas Que Se Encontram” e agora entrevistamos o autor da obra, Emivaldo Alves. Foi um papo muito legal onde ele falou sobre si mesmo, seus projetos e um pouco mais sobre seu livro. Acompanhem!!

Evan – Olá Emivaldo, é um prazer poder conversar contigo. Confesso que fiquei bem intrigado com a premissa do seu livro “Vidas Que Se Encontram”, até curioso de como a história se desenrolaria. Então hoje vamos conhecer você um pouco melhor. Você tem uma carreira bem diversificada, jornalista, fotógrafo, músico e escritor. De tudo isso o que é profissão e o que ainda é hobby?

Emivaldo – Sou jornalista e fotógrafo de formação, entretanto, músico e escritor são puramente hobby, mas ainda sou uma pessoa apaixonada por esportes.

Evan – Também adoro esportes, é quase como um vício (risos). Você pretende tornar os hobbys em profissão futuramente. Tem já algum plano?

Emivaldo – Pretendo sim. Mas ainda não fiz planos.

Evan – Legal, queremos ser avisados quando fizer estes planos, hein! Vamos falar um pouquinho sobre sua carreira de escritor. Quando e por que você decidiu se tornar escritor?

Emivaldo – Tudo começou em Tocantins, minha terra natal em 1980. Desde garoto fui fascinado por poesia, tinha vários cadernos escritos e não levava a coisa muito a sério. Tinha uma professora que pegava no meu pé para que publicasse os escritos, mas a vida sempre nos guarda surpresas, um dia por ironia do destino acabei perdendo tudo.  Quando mudei para Brasília passei por um aprendizado fantástico, como sempre gostei de ler, passei a ser mais crítico quando lia um livro, o nível da escrita e o público ao qual era destinado, isso foi um laboratório e tanto para mim. Resolvi cursar Comunicação Social, o que de fato me deu base para escrita e assim prossegui com o hobby. Confesso que não tinha pretensão em me tornar escritor, mas sabe aquele hobby que a gente tem e de repente chegamos a conclusão: O que vou fazer agora? Então pensei, chegou o momento de publicar.

Evan – Conte um pouco para nós sobre “Vidas que se Encontram” e como foi a concepção da história?

Emivaldo – A história em si é baseada sim num evento catastrófico, o que de fato ocorreu. Tive um amigo que viajou com sua namorada para a Tailândia naquela época, de acordo com seus relatos foi uma experiência desafiadora para ambos. Quando ele me contou seus relatos dramáticos eu pensei: “Essa história é realmente fascinante”. Então decidi escrever o livro, o que não foi uma tarefa fácil, pois tive que jogar toda minha emoção na dramaticidade, e então o autor acaba sofrendo junto com o personagem, foi uma experiência muito rica para mim.

Evan – “Vidas Que Se Encontram” é seu primeiro livro? Você tem outros livros ou escritos?

Emivaldo – Na verdade publicado sim. Mas ao todo são 22 livros escritos, inclusive estou finalizando um denominado: DILEMAS.

Evan – 22 livros? Esperamos ver mais do seu trabalho em breve! Como é sua rotina como repórter do Tribuna Rural?

Emivaldo – Quem almeja trabalhar como jornalista é preciso entender que a maioria das vezes vai ser preciso marcar compromisso e desmarcar, vai ter que trabalhar nos finais de semana, vai sair correndo quando o chefe te liga mesmo estando em casa. Você precisa realmente gostar da coisa, não é uma profissão glamourosa como muito pensam.

Evan – É verdade. Quando vemos o repórter na TV ou lemos suas matérias nos jornais, não fazemos ideia do trabalho que há por trás disso tudo. Fale um pouco sobre seus projetos para o futuro. Podemos esperar mais algum livro para este ou o próximo ano?

Emivaldo – Em 2020 estarei participando de alguns eventos literários pelo Brasil, como a FLIP de Paraty, no Estado do Rio de janeiro e outras mais. Para 2021 estarei lançando um novo livro, ainda não sei por qual selo será lançado.

“Vidas Que Se Encontram” de Emivaldo Alves

Evan – A história narrada em Vidas que se Encontram fala de superação, luta pela sobrevivência e sobre um acidente que quase tirou a vida do protagonista. Você já nos falou sobre a história do seu amigo que inspirou o enredo do livro, mas quanto a você, já passou por algo semelhante, digo, tem algo de autobiográfico misturado com a ficção?

Emivaldo – Quando garoto passei por um drama terrível em minha vida, na verdade creio que cada um de nós já passamos. Em algum momento da história eu levei isso para o personagem, o que me leva a crer que existe sim algo de biográfico junto com a ficção.

Evan – Você tem alguma influência na literatura, um autor em que se inspira, um guru? (Risos).

Emivaldo – Quando garoto lia Monteiro Lobato, José Lins do Rego, Machado de Assim. Mas a verdadeira influência veio através de Gabriel García Marques, Ernest Hemingway e José Saramago.

Evan – Que mensagem você deixaria as pessoas que pretendem seguir a carreira de escritor?

Emivaldo – Primeiramente que você busque o público que quer atingir, isso já um bom começo, depois estar psicologicamente preparado para um mercado em que tal profissional não é valorizado pelas editoras, quem já publicou um livro sabe exatamente do que estou falando, já que estas preferem dar oportunidades para “autores de nome”, e isso deve ser o motor propulsor para que você quebre esses paradigmas. Que você escreva com paixão e emoção para tocar o coração do seu leitor, e que jamais desista do seu sonho, pois, por mais difícil que pareça, você vai chegar lá.

Esta foi nossa conversa com Emivaldo Alves, autor de “Vidas Que Se Encontram”. Espero que vocês tenham curtido da mesma maneira que a gente curtiu. Desejamos ao nosso amigo Emivaldo muito sucesso com este e os próximos livros e esperamos por mais notícias suas em breve. Se você não leu nosso artigo sobre “Vidas Que Se Encontram”, clique aqui.

Um grande abraço da equipe À Espreita.

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Vidas Que Se Encontram – Novos Autores

Uma viagem de férias, planos para toda uma vida, mas o inesperado bate à sua porta e o que era para ser lazer e descanso transforma-se em um terrível pesadelo.

Se você pudesse saber que sua vida mudaria completamente depois de um determinado episódio, o que você faria? Estaria preparado? Tentaria fugir do evento? Na verdade, este tipo de coisa é imprevisível e nunca sabemos o que nos espera na próxima esquina, nem no subsequente minuto de vida.

Vidas Que Se Encontram é o romance lançado pelo escritor tocantinense, radicado em Brasília, Emivaldo Alves, onde podemos encontrar uma história repleta de emoção, superação e autorrealização.

No enredo Tyller Fergison sai em uma viagem de férias. Esperava-se que tudo corresse bem, enfim, férias deve ser sinônimo de descanso, de curtição, de relaxamento, de matar as saudades ou de novas experiências. O acontece à seguir não deixa de ser uma nova experiência, mas aquele tipo de experiência que seria totalmente evitada, se houvesse uma maneira de a prever. Um terrível acidente muda por completo os planos de Tyller e em vez de descanso ele encontra a fadiga, em vez de curtição ele luta para sobreviver.

Longe de casa e sem ter a quem recorrer ou pedir ajuda, o protagonista precisa manter-se vivo a todo custo, agora cercado de privações e dificuldades, pois toda e qualquer tarefa se tornara um grande desafio. Além disso ele precisa administrar o fator psicológico para manter o equilíbrio e conseguir sair daquela situação. Na medida que os dias passam lutar contra a morte torna-se uma tarefa ainda mais árdua.

É neste momento em que parece que a vida de Tyller será abreviada que uma garota cruza seu caminho e consegue levá-lo de volta para sua família. Tendo conseguido sobreviver ao acidente ele agora precisa aprender a conviver com a dor e as marcas que o acidente deixou em sua vida, dar valor à pequenas coisas que antes eram imperceptíveis e abrir portas para novas possibilidades, uma nova maneira de se ver a vida.

Vidas Que Se Encontram nos traz uma reflexão muito interessante sobre o verdadeiro sentido da vida e se há motivos para certas coisas acontecerem ou se tudo não passa de obras do acaso. Vidas Que Se Encontram está disponível para venda no site da Amazon e pode ser baixado em sua versão digital clicando aqui.

Em breve entrevistaremos o escritor Emivaldo Alves, enquanto isso aproveite para conhecer esta história emocionante e cheia de reviravoltas.

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The Witcher – Dos livros à série

Saga do bruxo Geralt de Rívia chega à Netflix no fim deste mês. Conheça sua origem e o que esperar desta série que promete ser um grande sucesso.

Muitos fãs do bruxão estão em polvorosa aguardando o dia 20/12, estreia da nova série da Netflix, “The Witcher“. Seja pelos livros ou pelos games, a história do bruxo caçador de monstros tem uma legião de fãs em todo o mundo e depois da revelação do trailer, estão todos otimistas pois, deve vir coisa muito boa por aí.

Talvez você seja apenas um apreciador de séries, ou um leitor ávido. Quem sabe… um jogador de games compulsivo? Não importa! The Witcher promete meter o pé na porta e surpreender os fãs.

Mas, vamos lá. Você conhece a origem da saga The Witcher? Então, sabendo ou não, vamos dar uma pequena explanada para que você se familiarize com a série.

The Witcher nasceu de um concurso de contos.

Nos anos 80 a revista polonesa Fantastyka, especializada em ficção científica e fantasia abriu um concurso de contos. Um dos participantes foi Andrzej Sapkowski com o conto intitulado “Wiedźmin”, ou em tradução literal, O Bruxo. Andrzej não venceu o concurso, mas mesmo assim, ganhou fãs e continuou escrevendo outros contos sobre as aventuras de Geralt de Rívia e o universo que o cercava. Com o sucesso alcançado com estas primeiras obras, mais livros foram escritos

The Witcher – Capa de o Último Desejo

Na década de 90 estas histórias foram reunidas em duas coletâneas: “O Último Desejo” e “A Espada do Destino.” Em seguida vieram outros livros.

  • O Sangue dos Elfos – 1994
  • Tempo do Desprezo – 1995
  • Batismo de Fogo – 1996
  • A Torre da Andorinha -1997
  • A Senhora do Lago – 1999

O Universo de Geralt de Rívia.

As histórias são ambientas em um mundo medieval que lembra as jornadas épicas de J. R. R. Tolkien com algumas diferenças básicas. Aqui os seres humanos são retratados em sua maioria como pessoas traiçoeiras, corruptas e egoístas. Este mundo também é infestado por diversas criaturas inspiradas pelo rico folclore eslavo, como anões, elfos e muito mais. No entanto, os humanos são novatos neste mundo, habitando-o não mais de 500 anos antes das primeiras aventuras de Geralt. Antigamente este mundo foi colonizado por elfos que vieram de outra dimensão. Quando chegaram, encontraram gnomos e anões e houveram guerras entre eles. Os anões acabaram retirando-se para as montanhas enquanto os elfos ficaram nas planícies e florestas. Quando os humanos chegaram travou-se uma nova guerra da qual os últimos se tornaram vitoriosos e dominantes da maior parte deste mundo. Os, considerados não-humanos, tornam-se cidadãos de segunda classe vivendo em pequenos subúrbios.

O continente é dividido entre Os Reinos do Norte, onde acontecem a maior parte das histórias, o reino ao sul é O Império de Nilfgaard. Ao oriente existem outros lugares como o Deserto de Korath e as Montanhas Flamejantes, mas que ainda são desconhecidas em sua maior parte. Outros países ainda são citados, normalmente em transações comerciais com Os Reinos do Norte.

Por fim, vamos falar do protagonista: Geralt de Rívia. Geralt é um bruxo, termo que dá nome à série. Neste universo bruxos são caçadores de monstros, geneticamente modificados quando jovens, desenvolvendo habilidades sobrenaturais para o propósito de se exterminar ameaças mortais. Os cabelos brancos, que lhe dão o apelido de Lobo Branco é um dos resultados da tal mutação. Sendo um dos últimos bruxos, Geralt é contratado para dar fim à monstros ameaçadores em diversos lugares, agindo como uma espécie de mercenário.

Para o autor, Geralt foi criado justamente para esse propósito, humanos comuns não poderiam realizar a tarefa de matar monstros aqui e acolá:

Sapateiros pobres não matam monstros”, afirmou ao Eurogamer sobre outros contos populares da época. “Soldados e cavaleiros? Geralmente são idiotas. E padres só querem dinheiro e transar com adolescentes. Então quem mata monstros? Profissionais. Você não contrata um aprendiz de sapateiro para fazer seus sapatos, você contrata um profissional. E então eu inventei o profissional para matar monstros.

Geralt de Rívia versão Game

Outros personagens também têm destaque na série como Yannefer e Ciri. A primeira é uma poderosa feiticeira e tem papel importante na trama. Já a jovem Ciri é filha da princesa de Cintra. Ela acaba se tornando protegida de Geralt, mas não se engane, ela é também muito poderosa e uma das personagens mais interessantes deste universo.

Dos livros para as HQ’s e Games

Muitas histórias em quadrinhos foram escritas sobre esse universo contando as aventuras do bruxo Geralt de Rívia, mas foi nos jogos que ele tornou-se mundialmente famoso, introduzindo posteriormente as obras literárias que lhe deram origem. A história retratada nos games data de 30 anos após o último livro, então quem conhece The Witcher apenas pelos games não conhece todo o universo que envolve os personagens e vice-versa.

The Witcher – HQ

The Witcher – A série da Netflix

Não se precisa dizer que as expectativas dos fãs dos livros ou jogos deste universo são altíssimas. Mas não só destes como também da legião de fãs do ator Henry Cavill que interpreta o bruxão na série. O ator britânico ganhou notoriedade ao interpretar o Superman nos filmes “O Homem de Aço”, “Batman v Superman” e “Liga da Justiça”. Tendo agradado o público por seu trabalho interpretando o mais icônico super-herói de todos os tempos, Cavill começou a brigar por papéis mais relevantes e Geralt pode ser reflexo deste sucesso.

Pelo trailer apresentado, tanto Geralt na pele de Cavill, quanto as demais personagens, a ambientação e a história parecem muito fiéis ao que os fãs já estão acostumados. Isso é sempre muito positivo. A série deve seguir os acontecimentos da série literária pelos primeiros livros, então presume-se que será diferente das histórias dos jogos.

Segundo alguns críticos que já assistiram ao primeiro episódio da série, The Witcher vai fazer “Game of Thrones” parecer algo ruim. Exageros à parte, o que se espera da nova série da Netflix é algo de altíssima qualidade, mas isso, só o tempo poderá confirmar.

Segue o trailer da série para você ir se preparando e tirando suas próprias conclusões.

The Witcher – Trailer

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Sob As Luzes de Yule – Coletânea Natalina

Sob As Luzes de Yule apresenta 16 contos de ótimos autores nacionais de forma pouco ortodoxa.

Entramos no último mês do ano. Para a maioria das pessoas é a época favorita do ano, o mês das luzes, das festividades, dos reencontros, de reunir a família, etc. Eu também adoro a época do Natal, parece que há algo diferente no ar. Sem dúvida é uma época mágica, não só pelo que representa, mas também pelos sentimentos que são reavivados conforme o Natal se aproxima.

O Yule

O Yule é uma comemoração do norte da Europa pré-Cristã e era celebrado desde os dias finais de dezembro até o início de janeiro abrangendo o Solstício do Inverno. No hemisfério sul, a mesma celebração era realizada no mês de junho. Na celebração do Yule confeccionavam-se bonecas de milho que eram levadas às casas das pessoas ao som de canções típicas do Yule. Acreditava-se que este ritual atraía bênçãos aos moradores daquela casa. Com o passar do tempo à celebração do Yule foi-se incorporando ao Natal cristão e muitos símbolos da festa ainda são encontrados em nosso Natal tradicional como os pinheiros, as guirlandas e até mesmo as cores: vermelho, verde, dourado e branco. Outra tradição do Yule era a Tora do Yule, onde se faziam três buracos em uma tora e em cada uma delas colocava-se uma vela. Uma vermelha, uma branca e uma preta para simbolizar a deusa tríplice. O tronco era também decorado com azevinho, sempre verde, para simbolizar a união da deusa com o deus. Uma coincidência entre o Yule e a festividade do Natal é que ambos representam o nascimento de uma criança, a Criança da Promessa.

Sob As Luzes de Yule

Com uma proposta um pouco diferente, a Coletânea “Sob As Luzes de Yule” apresenta 16 contos de 14 autores nacionais que abordam o Natal de formas surpreendentes e muito diversificadas. Ficção Científica, Fantasia e o Gótico são explorados dando toques de magia, drama e suspense a esta época do ano que ainda tem uma carga positiva tão envolvente sobre nós até os dias de hoje.

Os Contos abordam a época do Natal e utilizam-se em seus enredos tanto das tradições natalinas cristãs como das pré-cristãs.

A capa intrigante e chamativa, uma obra de arte, é do artista José Neto. A difícil tarefa de reunir e selecionar os contos que fazem parte desta coletânea são as organizadoras Lu Evans, Ale Dossena e Graci Rocha. O prefácio da obra é assinado pelo professor Osvaldo Meza e a revisão da obra é de Valter Cardoso.

Abaixo relacionei os contos que fazem parte da coletânea, bem como seus respectivos autores, responsáveis pela chuva de experiências natalinas que permeiam as linhas de Sob As Luzes de Yule, das mais sublimes às mais horrendas.

  • Uma Jornada Histórica – Rafael Bertozzo Duarte
  • O Milagre de Yule – Julia de Sousa Dias
  • Tão Podre Quanto Eu – Júlia de Sousa Dias
  • Entrega de Natal – Luiz Felipe Vasques
  • A Pequena Heloise – Liana Zilber Vivekananda
  • Genitura – Valter Cardoso
  • O Últimos Presente de Yule – Vagner Abreu
  • A Batalha Antes do Natal – Henrique Duarte
  • Rei Azevinho – Kurousagi Yoyakin
  • Noite de Natal para Castigar – Evan Klug
  • Aventura de Natal – Patrícia Dias
  • Natal Restaurador – Roberto Minadeo
  • O Castelo de Joulupukki – Cristiano Konno
  • Krampusnacht – Lu Evans
  • Alaha – Lu Evans
  • APP PN – Ale Dossena
Sob As Luzes de Yule – “Os Culpados”

Sob As Luzes de Yule está disponível em formato e-book para compra no site da Amazon. Para adquirir o seu basta clicar aqui.

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A Garota da Capa – Novos Autores

A Garota da Capa, o Conto Repaginado – Livro 1 realiza o sonho de todo(a) nerd de maneira criativa e ousada.

Você já imaginou um universo onde os mais diversos personagens da cultura pop interagem em uma grandiosa aventura? Isto abre um leque de possibilidades infinito! Que tal personagens de contos de fadas frequentando escolas de magia, seres míticos adentrando universos de franquias consagradas do cinema? Personagens que fizeram história nas telas do cinema ou TV participando juntos, adentrando cenas ou se enfrentando. O mais legal de tudo isso são as sutis mudanças nos nomes de personagens e lugares, tudo para atiçar sua perspicácia em caçar referências.

Sim, ele existe e se chama Universo DG30. É a obra do autor Douglas Rufino, que depois da paródia “Rua Nova”, vem com uma continuação ainda mais ousada, A Garota da Capa, o Conto Repaginado – Livro 1. Pelo título seus instintos de caçador de referências devem estar apitando. Trata-se dela mesma, nossa Chapeuzinho Vermelho. Mas, não pense que você já conhece a história, como o subtítulo deixa claro, o conto foi repaginado… e repaginado aqui, quer dizer mudanças drásticas, mirabolantes e universos colidindo.

Quem já leu a obra anterior de Douglas Rufino, “Rua Nova”, pode ter uma ideia ao que me refiro e é claro, se a saga Crepúsculo não é mais a base desta paródia, muitos dos personagens oriundos desse universo ainda estão bem presentes nesta nova aventura. Na verdade, esta nova história passa-se 20 anos depois dos ocorridos em “Rua Nova”. Pois bem, A Garota da Capa, o Conto Repaginado – Livro 1 é apenas mais uma parte deste universo em constante expansão. Esta aventura traz novos rostos, origens e rumos aos personagens de contos de fadas e também trazem a descoberta de um passado distante e oculto.

Batalhas épicas, magia, cenas de ação (com ou sem slow-motion), e muitas… muitas referências. Rosanne Redine, é a protagonista, nossa já tarimbada Chapeuzinho Vermelho. Mas, uma coisa que gostei muito nessa personagem foram algumas mudanças realizadas pelo autor, como sua etnia. Diferente da Chapeuzinho tradicional, aqui ela é uma jovem negra e descolada. Confesso que ela me lembrou um pouco a caracterização da personagem Estelar na série live-action dos Titãs. Além disso ela é uma jovem comum que assim como muitas outras pessoas, questiona seu lugar no mundo e a realidade onde vive.

Devido à um grave acidente no laboratório da escola em que estuda que culminou com o desaparecimento de um professor, Rosanne e seus amigos começam a investigar os estranhos acontecimentos que se sucedem. As investigações são recheadas de diálogos que enchem a trama com muito mais suspense que seu antecessor e seu desfecho… abre ainda muitas outras possibilidades. É só o que posso dizer, acrescentando que o final fica aberto e o autor já está trabalhando na sequência.

As cenas de ação acontecem sempre em velocidade, você tem a sensação de que se piscar, vai perder algo. Sim, tem mortes, sangue, heroísmo e uma nova descoberta a cada capítulo. Tudo que os contos de fadas requerem com o adicional de não se saber o que esperar ou quem você vai encontrar no próximo parágrafo.

Não se preocupe com as “viagens” dessa trama. Os elementos clássicos também estão presentes. Tem uma vovó, uma casa na floresta. A Saga Crepúsculo ainda entrega o garoto vampiro e o musculoso menino lobo. Tudo está lá. A graça está em ver como esses dois universos coexistem e como os demais vão adentrar na história. O que mais posso dizer? Melhor parar por aqui, pois minha língua, ou melhor, meus dedos estão loucos para entregar “spoilers”. Então apenas… “Lerigou!”

Book Trailer – A Garota da Capa

Se você ainda não conhece o Universo DG30, recomendo que inicie por “Rua Nova”.

Rua Nova – A Saga Que Músculo

Para ler A Garota da Capa, o Conto Repaginado – Livro 1, disponível gratuitamente no Wattpad, clique aqui.

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Rua Nova – A Saga Que Músculo – Novos Autores

Paródia da Saga Crepúsculo e outros sucessos do cinema ganha as páginas de divertida história non-sense.

De Todo Mundo em Pânico à Os Vampiros que se mordam, de Top Gung à S.O.S. Tem um Louco Solto no Espaço. Sempre foi divertido dar gargalhadas assistindo às mais hilárias paródias sobre filmes hollywoodianos.

O autor Douglas Rufino criou um universo onde pode-se compartilhar personagens e as mais mirabolantes situações de diversos filmes famosos em uma única cena e assim por diante.

Rua Nova é o primeiro livro de uma série que promete estourar seus miolos com tantas referências. Como o próprio nome da obra já deixa a dica, este universo tem como base a Saga Crepúsculo, mas listando algumas das referências, personagens, situações e a própria narrativa que transforma tudo em um gigante non-sense, posso citar algumas:

  • A Origem
  • Transformers
  • Mad Max
  • Batman v Superman
  • Blade, o Caçador de Vampiros
  • Vingadores
  • Matrix

E muito mais.

Como a ideia principal encontra-se em Crepúsculo nossa protagonista não poderia ser ninguém nada mais, nada menos que Bella… ou melhor, Ella Zwan. Aliás, toda a narrativa da história é feita por ela. Nesta paródia a jovem que parece sempre estar sob o efeito de sedativos e alucinógenos, parte em busca de seu amado Etward Bullen, o pálido vampiro marmorizado que brilha ao sol. Também temos, a todo instante na trama, a aparição (das mais variadas e desvairadas formas) de Calientob Black, o jovem musculoso e descamisado que transforma-se em lobo.

À partir daí Ella, com toda sua falta de expressão facial, fará de tudo para reencontrar seu grande amor que deixou-a e seguiu para a Itália. Ela terá a ajuda, além do jovem e corpulento lobisomem, também de sua cunhada, Alince e mais uma gama de personagens quase infinitos, saídos das mais diversas produções cinematográficas.

Outra constante nesta absurda obra, são as referências à tecnologia recente, desde redes sociais à marcas e modelos de aparelhos celular.

Outra coisa que você precisa entender para não se perder na história e aproveitar o maior número de easter-eggs e referências possíveis, é que a todo momento a cena muda, como se Ella despertasse dentro de um novo sonho sempre (O que também é uma referência, fique ligado). Isso acontece o tempo todo, então não se preocupe, você estará entendendo certo. Os mais desatentos podem se perder. É assim que funciona!

O mais legal de toda a história é realmente sair caçando todas as referências possíveis. Elas estão lá, o tempo todo, esperando para serem descobertas.

Tenho um amigo, que como eu, adora tudo isso.

Rua Nova, encontra-se disponível gratuitamente no Wattpad e você pode embarcar nessa aventura muito louca clicando aqui.

Sinopse:

Enquanto inconscientemente se torna a razão da libido de seu melhor amigo Calientob Black; que por sua vez sente cada vez mais saudades do que eles ainda não viveram, Ella Zwan tem uma desagradável surpresa; quando seu namorado Etward Bullen vai embora para algum lugar misterioso da Itália, se despedindo apenas pelo Twitter. No entanto; isso não ocorre apenas nas redes sociais: todos os familiares dele também somem da mansão onde moram, no coração da floresta que cerca a pacata cidade de Enforks. Ainda arrasada com tudo o que houve, Ella descobre que terá de correr contra o tempo, pois graças a uma terrível mentira contada por Calientob, durante uma ligação misteriosa e de longa distância, Etward passa a acreditar, que realmente foi trocado por um famoso caçador de vampiros cinematográfico. Contando com a ajuda de amigos improváveis; Ella precisa impedí-lo de cometer um erro terrível, enquanto um fantasma do passado surge à espreita, para espalhar o caos.

O autor já prepara a continuação, Elipse, com ainda muitas loucuras e referências, então corre lá no Wattpad para acompanhar.

Rua Nova – Book trailer

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10 Dicas de Livros para o Halloween – O Velho de Morganville.

Finalmente chegamos ao Halloween, Dia do Saci, Dia das Bruxas, etc. A indicação de hoje é um Suspense de tirar o fôlego.

Sim, vou puxar a sardinha para minha brasa, afinal, o que será do escritor se não souber “vender” seu trabalho e sua imagem.

Evan Klug é escritor, roteirista, e editor no blog À Espreita. Embora sempre esteja envolvido em algum projeto mais relacionado à comédia, quando o assunto é escrever… algo acontece e as trevas tomam conta da sua mente.

Autor do livro “Olhos Vermelhos” e de contos como “Minha Pequena Fantasma” e “A Porta Trancada”, Evan Klug também é participante de várias antologias, inclusive poéticas. Além de ter obras disponíveis na Amazon, também disponibiliza seus escritos em plataformas gratuitas como Wattpad e Sweek.

A dica de hoje é o Conto “O Velho de Morganville“, já premiado diversas vezes como melhor conto ou melhor conto de terror. A história tem uma pegada policial, embora não envolva a polícia diretamente, mas há toda uma investigação realizada pelo padre Mitchell. Além do padre, na trama, há um condenado à morte aguardando sua execução, um massacre acontecido em uma fazenda e um personagem estranho que está no meio de toda a história: O Velho de Morganville.

Se você gosta de investigação, suspense, terror e sobrenatural, tudo alinhado com um ótimo enredo, O Velho de Morganville foi feito para você.

Sinopse:

“O jovem padre Mithell vai ouvir a confissão de um condenado à câmara de gás. O último desejo deste condenado é que o padre acredite na sua história. Diante de um relato tão surpreendente, Mitchell resolve investigar… e o que ele descobre irá mudar todo o seu futuro.”

Para baixar seu exemplar de O Velho de Morganville, clique aqui.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – Nas Sombras do Horror

Na véspera do Halloween liberamos nossa penúltima dica de livros do gênero terror e suspense para você deliciar-se neste dia 31.

Pris Magalhães e Ivan Campelo trazem à luz essa obra de terror, lançada agora, apenas 4 dias antes do Halloween.

Nas Sombras do Horror é um livro de contos que promete trazer o que há de pior na mente do ser humano, mesclado ao terror físico que ele mesmo pode vir a cometer.

Os contos trazem a inquietante premissa que questiona: O que separa humanos de monstros?

Pris Magalhães e Ivan Campelo não são iniciantes quando se fala de suspense e terror, ambos têm livros e contos publicados com essa temática e sabem o que estão fazendo. Fica aqui o nosso convite para conhecer esta obra e saber mais sobre o que se passa nas profundezas das mentes sombrias de seus autores.

Nós curtimos a ideia do livro e o indicamos para que você conheça Nas Sobras do Horror.

“A loucura sempre foi inerente aos seres humanos, mantendo-se na parte obscura do subconsciente, mas abrir a porta e deixá-la dominar seus instintos é o que os separa dos monstros.
Porém, e quando os monstros saem do imaginário e tomam forma?
O que é humano e o que é sobrenatural se misturam nesses contos de puro terror, levando o leitor a suspeitar de tudo à sua volta.
Até que ponto você consegue ir com sua curiosidade?
O que o separa dos Monstros?”

Para adquirir o seu exemplar é só clicar aqui.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – Numezu

Com o Dia das Bruxas se aproximando nossa dica de hoje é um livro que ainda encontra-se em pré-venda, quentinho das fornalhas do inferno.

Jorge Alexandre Moreira é autor de livros e contos de terror, já tendo participado de diversas antologias do gênero. Seu romance de estreia “Escuridão” foi considerado por alguns sites especializados como um dos melhores livros de terror já lançados no Brasil.

O autor está lançando agora sua nova obra de terror, Numezu. O livro está em pré-venda no site da Monomito Editorial.

Conheça Numezu:

É a última chance para Laura e Raoul. Mentiras, drogas e traição arrastaram seu casamento ladeira abaixo e esse casal de brasileiros aposta suas últimas fichas em férias no sul da França. Os dois isolados em um belo veleiro, em um lugar de sonho, com boa comida e boa bebida. Um dia Raoul volta de um mergulho trazendo uma estranha e antiga estátua – uma figura monstruosa, com detalhes apagados pelo tempo. A imagem de um ser esquecido, aprisionado por uma terrível maldição. Sob sua influência, para desespero de Laura, Raoul se transforma em um louco depravado sedento de sangue.

Enquanto isso, em terra, Gaspard, um jovem francês, foge desesperadamente de seus próprios demônios. Agora, por destino ou acaso, os caminhos de todos eles estão prestes a se cruzarem. As consequências serão aterrorizantes.

Ficou curioso assim como nós? Clique aqui e adquira seu exemplar de Numezu.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – Horror na Colina de Darrington

Nossa sexta indicação de livros para você conhecer até o Halloween migrou do Wattpad para as prateleiras das grandes livrarias.

Marcus Barcelos, carioca, jornalista, amante dos esportes e da literatura, tem como influências Stephen King, H. P. Lovecraft e Edgar Allan Poe. Embaixador do Wattpad no Brasil, ele é um caso de sucesso de autor amador que publicava suas histórias em plataformas gratuitas e que alcançou notoriedade em uma grande editora.

A dica de hoje é Horror na Colina de Darrington. A história teve tanto sucesso que já tem um sucessor publicado, Dança da Escuridão.

Em 2004, Benjamin Simons deixa o orfanato em que viveu desde a infância para ajudar alguns parentes num momento difícil. No entanto, certa madrugada, a tranquilidade da colina de Darrington é interrompida por um estranho pesadelo, que vai tomando formas reais a cada minuto. Logo, Ben descobre-se preso numa casa que abriga mistérios e parece próxima do inferno. Dez anos depois, Ben decide contar tudo o que viveu, desvendando uma conspiração capaz de destruir até a sua própria sanidade. Onde termina o inferno e começa a realidade?

Curtiu a dica de hoje? Você pode adquirir seu exemplar de Horror na Colina de Darrington clicando aqui.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – Elise e o Silêncio da Morte

Entrando na semana do Halloween nossa dica é um suspense psicológico cheio de mistérios.

Patrick Correa, autor de obras como Elise e o Silêncio da Morte e O Rosemberg, este gaúcho de Porto Alegre vem despontando no cenário do suspense nacional, trazendo sempre as narrativas que procuram sempre mostrar o lado poético da escuridão.

Nossa dica de hoje é Elise e o Silêncio da Morte.

Elise e o Silêncio da Morte – Patrick Correa

Vincent Hüller queria escapar de sua vida monótona dentro de seu próprio apartamento e de sua rotina diária, mas quando se encontrou em um paradoxo entre a realidade e a ilusão, soube que sua vida nunca mais seria a mesma. Nas sombras, Vincent segue os passos de Elise até o centro de um abismo de dúvidas e um passado manchado de horrores, mas que guarda um grandioso segredo. À beira da loucura, tentando de todas as formas manter sua sanidade para seguir até o fim o rastro de pistas que Elise deixa pelo caminho, ele consegue chegar ao centro de onde tudo emerge, descobrindo a origem dos fatos inquietantes que perturbam sua mente e revelando segredos do passado que pareciam apagados. Por trás de qual porta estará o perigo? Por trás de qual mentira estará a verdade? A porta aberta é um convite, a decisão de entrar é por conta e risco de cada um.

Gostou da nossa dica de hoje? Curta e comente aí o que você achou.

Para adquirir seu exemplar de Elise e o Silêncio da Morte, basta clicar aqui.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – Museu do Crime

Faltando poucos dias para o Halloween, indicamos mais uma obra que merece muito ser conhecida, Museu do Crime.

Tito Prates é escritor de romances policiais, mistério e terror com contos publicados em mais de 25 antologias, alguns premiados. Possui também livros na Amazon e da biografia autorizada pelo neto da escritora Agatha Christie From My Heart, além de outros livros sobre a mesma. É Embaixador Brasileiro de Agatha Christie desde 2014 e Presidente da ABERST – Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror. Formado no curso de Editor de Textos da LabPub, ministrado por Pedro Almeida e Alessandra Ruiz. Editor das antologias Numa Floresta Maldita, Presentes Perigosos, O Melhor do Crime Nacional e outras.

A indicação de hoje é Museu do Crime, uma obra-de-arte do autor.

Uma série de mortes, até então desconectadas, começa a assombrar os moradores de São Paulo. Em todas elas o assassino deixa sua marca: a unha do dedinho do pé pintada de rosa. O delegado Meireles e sua equipe de investigadores se empenham em desvendar o mistério por trás dessas mortes horrendas e descobrem que lidam com um serial killer copycat e que a resposta à pergunta “quem será a próxima vítima?” Pode estar no Museu do Crime!

Agora a polícia enfrenta o relógio e sua limitação de recursos para tentar descobrir a identidade do assassino e impedi-lo de causar mais mortes e terror na sociedade, enquanto uma trama cheia de mistérios vem à tona e Tito Prates te convida a desvendá-la.

Para adquirir seu exemplar de Museu do Crime, clique aqui.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – A Vila dos Pecados

Restando menos de uma semana para o Halloween liberamos a quarta dica de livros para você curtir até o Dia das Bruxas!

Soraya Abuchaim já é uma grande conhecida aqui do blog e de toda galera que curte um bom terror. Recentemente publicamos uma entrevista com ela aqui. Se você perdeu é só clicar aqui.

A dica de hoje é do Livro A Vila dos Pecados.

Final do século XIX. Enquanto o mundo passa por transformações importantes, existe uma vila inóspita, que vive à margem da civilização e que tem as suas próprias e estranhas leis.Lendas escuras a rondam e histórias macabras sobre Ponta Poente povoam o imaginário popular.

Quando o padre Alfonso Anes, um exemplo vivo de amor e resignação, chega à vila para substituir o seu antecessor, depara-se com segredos que o farão duvidar da própria sanidade, e uma onda de mortes trará o caos para aquele lugar ermo.

Quem estará a salvo? Serão estes segredos o fim de quem os esconde? O que esse universo tenebroso revelará para o mundo? Um suspense sinistro, que envolverá completamente o leitor e o levará a compartilhar dos segredos da Vila dos Pecados.

Curtiu a dica? Comenta aí!

Para adquirir seu exemplar de A Vila dos Pecados é só clicar aqui.

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10 Dicas de Livros para o Halloween – O Vale dos Mortos

Faltam 8 dias para o tenebroso e divertido Dia das Bruxas. Então hoje liberamos a terceira dica de livro para você curtir esta data.

Rodrigo de Oliveira é figurinha carimbada no cenário do terror e suspense nacional. Ele é autor do conjunto de obras que compõe “As Crônicas dos Mortos” e também do livro “Filhos da Tempestade”.

Hoje a dica fica por conta da saga de zumbis de “As Crônicas dos Mortos”, focando no primeiro livro: ” O Vale dos Mortos“.

Estamos em 2017 … Cientistas descobrem um planeta vermelho em rota de colisão com a Terra. Depois de muito pânico nos quatro cantos do mundo, eles asseguram que o astro passaria a uma distância segura. E todos ficam tranquilos acreditando que nada iria acontecer…

Uma profecia esquecida do Apocalipse, reiterada por outros profetas modernos, ressurge…

“Então 2/3 de todas as pessoas no Planeta são acometidas por uma estranha doença… E abriu-se o poço do abismo, de onde saíram seres como gafanhotos com poderes de escorpiões. E os homens buscarão a morte e a morte fugirá deles.” Apocalipse 9:2-6.

Então um grupo luta por sobreviver num mundo dominado pelo mal.
Com passagens por Brasília, Estados Unidos, China e França, O Vale dos Mortos baseia-se na profecia de que um planeta intruso ao sistema solar, ao raspar por nossa órbita, fatalmente desencadearia a transformação de grande parte da humanidade, não havendo lugar seguro, ambientes sem infecção, pois ela ocorreria simplesmente pela aproximação do astro. Pegos de surpresa e tentando entender o que acontecia enquanto buscavam se salvar, um casal e seus filhos iniciam uma jornada para restabelecer alguma condição de vida no que restou de seu próprio mundo. Uma história com muita ação, suspense, que vai deixar você eletrizado.

O Vale dos Mortos – Edição colombiana

O Vale dos Mortos estará, em breve, sendo publicado também na Colômbia.

Para adquirir seu exemplar de O Vale dos Mortos, clique aqui.

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À Espreita Entrevista – Benedito C. G. de Lima, o Poeta Trovador do Pantanal.

Conheça o poeta, compositor, educador e incentivador da arte que colocou Corumbá no mapa da literatura brasileira.

Benedito Carlos Gonçalves de Lima é o que se pode chamar de “raiz”, poeta raiz, escritor raiz, professor raiz. É um pioneiro. Vindo de uma família humilde o garoto Benedito se transformou em um prodígio da literatura. Mesmo longe dos grandes centros, ele se destacou em tudo que fez. Poeta, escritor, compositor, ativista cultural e do movimento negro, professor, criador de entidades e movimentos culturais.

Eu tive o prazer de conhecer e entrevistar Benedito C. G. de Lima. Confesso que para mim foi uma honra, uma realização, entrevistar um dos pioneiros do ativismo cultural em nosso país. Espero que vocês curtam tanto quanto eu.

Evan – Desde muito jovem o senhor, como muitos brasileiros, passou por muitas dificuldades e privações na infância em Corumbá. Mesmo com muitos afazeres para ajudar a família, a sua paixão pelos livros começou cedo. Como isso aconteceu?

Benedito – Comecei cedo a escrever por estímulo de uma professora, a Eubéa Senna de Almeida, que nos fazia ler e escrever diariamente na Escola Reunidas Estrella do Oriente. A leitura era feita com impostação de voz, postura correta e em pé. E as Redações seguiam um padrão, via contemplar as Gravuras no Flanelógrafo e desenvolver o texto.

Evan – Ainda no período estudantil participou de jornais escolares. Como foi essa experiência? Isso influenciou para que o senhor se tornasse um poeta?

Benedito – No período estudantil, nos idos setenta/oitenta, os Jornais Alternativos mimeografados ou mesmo impressos eram feitos pelos alunos. E nestes jornais havia farta produção de poemas, crônicas e resumos de livros. Todo mundo procurava se primar na escrita, graças às revisões dos colegas que tinham maior domínio de gramática etc. Havia jornais em todas as Escolas. Cheguei a fundar o jornal O NOTURNO, quando frequentava o ginásio de noite. E, já na Escola Técnica de Comércio de Corumbá, criei o CORREIO ESTUDANTIL. Como eu já estava no Ensino Médio, consegui uma brecha num dos jornais da cidade, o Folha da Tarde e comecei a escrever uma coluna literária sobre o movimento cultural.

Evan – O senhor teve músicas de sua autoria que participaram de festivais, sendo interpretadas por cantores da época. Conte para nós como foi isso, e de onde veio seu interesse pela música?

Benedito – A música sempre esteve presente em minha vida, minhas irmãs afetivas tocavam piano e acordeão. E eu ficava a ouvi-las nos exercícios. De repente, num estalo comecei a compor. E apareceu um Concurso em Homenagem ao Centenário da Tomada da Vila de Corumbá. Foi a minha oportunidade. Fiz uma composição e convidei o cantor-mirim Tadeu Vicente Atagiba. Recebi menção honrosa. Mas valeu. Nos anos seguintes eclodiram os Festivais em São Paulo e no Rio, Corumbá não ficou atrás e muitos festivais surgiram. Participei de todos como letrista, compositor e até interprete. E como sempre me preocupava com a qualidade da letra, da música e da interpretação, escolhia pessoas certas para desenvolverem essa parte. Daí logrei sair no primeiro festival com menção honrosa, a minha intérprete, melhor intérprete: Norma Atagiba. No ano seguinte vem o Festival da Música Jovem e lá eu e muitos parceiros entramos com toda força. Eu já estava no Quartel na Banda de Música, tocava pratos e aprendia clarinete, sax. Classifiquei em segundo lugar, terceiro lugar, melhor letra, a minha intérprete, segunda melhor intérprete. Foi a maior emoção da minha vida, ver o ginásio completamente lotado, umas três mil pessoas, cantando o refrão da minha composição: Corumbá Cidade Branca.

Evan – O senhor é criador de alguns movimentos e instituições literárias como a ALEC. O que você pode nos contar sobre a ALEC?

Benedito – A primeira entidade cultural que eu e os amigos criamos foi a Escola Poética Castro Alves, depois a PEC (Poetas Estudantis de Corumbá) e mais tarde, o Grupo ALEC  (Arte Literária Estudantil de Corumbá) que se transformou em Academia de Literatura e Estudos de Corumbá. ALEC foi fundada em 07 de Janeiro de 1972. Praticamente, esta organização cultural liderou e deu origem a todas as entidades culturais. Lançamos livros, organizamos festivais, exposições de artes plásticas, festivais de músicas, festivais de teatro, torneios escolares, mini copa estudantil, mini maratona internacional.

Evan – Pode nos contar um pouco sobre o que foram os projetos “Labirinto Silábico” e “Bingo da Integração”?

Benedito – LABIRINTO SILÁBICO surgiu ante uma situação inusitada. Eu já professor da Rede, todavia, nunca havia lecionado nas séries iniciais, sempre no Ensino Médio ou Ensino Fundamental. Assim que eu fizera um concurso público, sendo aprovado em segundo lugar, fui designado para a Escola Estadual Maria Helena Albaneze e lá a diretora me manda para a Primeira Série (Alfabetização). Eu não sabia nada de prático nessa área. Somente crianças de 7 e 8 anos. E eu perguntei à diretora o que iria fazer. Ela me respondeu: Se vira! Você foi um dos melhores no Concurso. Não esquentei, fiquei imaginando como sair dessa enrascada. Aí como de um lampejo veio a ideia de criar um Jogo para a alfabetização e outras matérias. Baseado no famoso Labirinto grego. As crianças adoraram. Em pouco tempo já estavam lendo. Registrei a experiência e encaminhei para a Revista Nova Escola. E não é que publicaram? Foi um alvoroço na Sala dos Professores. Havia ali, só catedráticos, feras de anos de magistério. Um ano após fiz um outro Concurso Público e me classifico novamente em segundo lugar, mas na Prova de Títulos não apresentei Documentação para pontuar, desci ao terceiro lugar. Então assumi posse na Escola Octacilio Faustimo da Silva. Então surgiu uma Feira Estadual de Ciências. A direção me escolhe para montar um projeto. Fi-lo e coloquei-o na disputa na referida feira. Classificamos em Primeiro lugar com o BINGO DA INTEGRAÇÃO, o mesmo princípio dos bingos, só que integrando todas as disciplinas. Desta feira foi feita uma disputa a nível estadual. Em seguida o Estado do MS criou um Edital de Seleção de Projetos Educacionais e entre os cem selecionados eu passei com o Projeto ALFABETIZANDO LUDICAMENTE, essencialmente voltado para alfabetização além do valor mensal de meio salário para compra de material. Com a entrada do PT no governo, veio aquele discurso de que ao invés de se contemplar apenas 100 professores com Prêmio, iriam melhorar o salário. O que houve foi um achatamento. Suspenderam a bolsa de todo mundo e pararam os projetos.

Evan – O senhor já participou e organizou dezenas de coletâneas poéticas. Você pode citar algumas para nós e se você tem alguma preferida? Existe algum lugar onde elas possam ser adquiridas?

Benedito C. G. de Lima e a antologia Poeta do Café Literário

Benedito – Tive a oportunidade de organizar inúmeras Antologias: A Nossa Mensagem, Impacto Jovem, Ainda Nascem Flores, Poetas do Pantanal, Poetas do Café Literário, Passa na Praça que a Arte te Abraça. Todavia considero a mais importante a A NOSSA MENSAGEM (1972), pois foi a primeira dentre todas que organizei. O marco inicial de tudo. Alguns dos títulos podem ser encontrados na Banca de Revistas do Natércio, em Corumbá – MS.

Evan – Todo trovador é um poeta, mas nem todo poeta é um trovador. Em um país tão grande quanto o nosso e de uma cultura tão rica e diversificada, às vezes, deixamos de conhecer o significado de alguma expressão pertinente à nossa própria cultura. Indo direto à fonte, gostaríamos que o Poeta Trovador Benedito Carlos Gonçalves de Lima nos explicasse o que é poema em trovas.

Antologia Passa na Praça que a Arte te Abraça

Benedito – Na verdade a trova é um poema sintetizado em quatro versos, por isso, nem todo Poeta é Trovador, quando todo Trovador, no fundo, é um Poeta.

Evan – Conte-nos um pouco sobre o projeto “Passa na Praça que a Arte te Abraça”.

Benedito – O Projeto Passa na Praça que a Arte te Abraça, surgiu da necessidade de ocupar os outros espaços, começamos com a Praça da Independência que é bem central, todo mundo que vem ao centro tem que atravessá-la. A princípio foi numa das calçadas que eu, Leninha Dutra e Jamil Canavarros estendemos um tecido no solo e colocamos Livros, puxamos um Varal de Poesia e de Telas. Isso era feita uma vez por mês, sempre no segundo sábado a partir das 9 hs. Com o despertar do interesse do povo, passamos a fazer todos os sábados. Hoje temos Torneios de Xadrez, Damas, Aeróbica, Capoeira, Dança de Rua, Slam, Livros & Revistas no Banco da Praça, Oficina de Stêncil, Artesanato. Existem ideias semelhantes em outras cidades do Brasil, em Minas e até no Nordeste.

Evan – O senhor está envolvido em mais algum projeto literário no momento? O que podemos esperara do poeta trovador para um futuro próximo?

Benedito – São tantas as ideias que fui me esquecendo do projeto de Contação de Histórias, que iniciei nas Escolas e que se transformou na SEGUNDA-FEIRA FANTASIA DE PRIMEIRA, quando eu ia todas as segundas nas outras escolas contar histórias autorais. E a prática disso resultou em participar do Culturas Populares do MinC em 2017, onde concorri fazendo a maior pontuação dentre mais de três mil projetos de todo o Brasil. Fiz CEM PONTOS e recebi o Título de MESTRE DOS SABERES. Estou sempre às voltas com projetos e justamente agora que conseguimos a SALA DO POETA no Museu de Memória de Dr. Gaby será o BATE PAPO COM OS ESCRITORES. Todas as terças e quintas de manhã, para estudantes, professores e outros. Também sou fundador do Movimento Negro, existe até um Painel lá no Museu de História do Pantanal, com minha foto e biografia estampadas na Sala da Memória do Negro em Corumbá.

Poeta Benedito recebendo uma de suas várias condecorações

Evan – Como o senhor mesmo já comentou, em 2017 o senhor recebeu o título de “Mestre dos Saberes” através do Minc. Como foi receber este reconhecimento depois de tantos anos dedicados à cultura e o que isso significou para você?

Benedito – Essa premiação, tem um significado maior, em que pese ter ganho medalhas, troféus, comendas, etc, nesse andar da carruagem desde os meus dez anos de idade. Primeiro porque foi algo a nível nacional, onde um ativista cultural negro conseguiu se destacar. Segundo porque sou um exemplo de resistência, vindo de onde eu vim, criado sem pai, tendo apenas a mãe cozinheira que morava de favor na casa de uma família abastada que nos acolheu dando carinho, educação, respeito e dignidade.

Evan – Sempre que o senhor tem a oportunidade de criticar o descaso político com a arte e a cultura em nosso país, o senhor o faz. Que mensagem gostaria de deixar para as autoridades que detém o poder do investimento, para a iniciativa privada, que poderia ajudar mais com investimentos em cultura e também para nós, meros consumidores da arte, cultura e saber popular?

Benedito – Aprendi durante toda a minha trajetória que não se deve desistir dos seus sonhos. Em vista disso, compete a quem tem um dom, uma Arte, lutar por esta. Acreditar nela. Lutar por ela. Essa firmeza de convicção lhe garante o respeito dos entes, autoridades e os pares. A sociedade em seu todo precisa da Cultura. A Cultura não pode ficar petrificada, cristalizada a cadinho ideológico, ela é livre e pertence a todos. Investir em Cultura acoplada à Educação, resultará em algo positivo, um bem duradouro.

Espero que vocês tenham apreciado a oportunidade de conhecer uma figura tão inspiradora como a do nosso poeta Benedito C. G. de Lima. Muito provavelmente, a não ser que seja da região, você não terá a oportunidade de ir até a banca do Natércio para adquirir um exemplar das antologias organizadas pelo nosso poeta pantaneiro. Então, não só como mais uma entrevista, o blog À Espreita, gostaria de homenagear Benedito C. G. de Lima disponibilizando alguns de seus versos.



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10 Dicas de Livros para o Halloween – Sombrio

Faltando 9 dias para o Halloween ou Dia do Saci, como preferirem, liberamos a segunda dica de livros para curtir essa data.

Rafael Bertozzo Duarte é engenheiro aeronáutico, empresário, formado também em Letras, escritor, revisor e professor. O autor também é membro do NLCAC – Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro.

Sombrio é um livro de contos e a exemplo da dica de ontem, a vantagem de um livro de contos é poder começar e terminar uma determinada história em apenas alguns minutos despendidos na leitura.

Sombrio possui um total de 7 contos sombrios, nem todos necessariamente aterrorizantes, mas certamente perturbadores, como uma pedra atirada na água, que cria ondas para perturbar a calmaria e gerar movimento. Neste livro há histórias de lugares proibidos, monstros sádicos, gatos amaldiçoados, crianças transparentes, imortalidade, anjos rebeldes e pesadelos recorrentes. Você conhecerá desde uma singela e misteriosa cidade a meio caminho da eternidade até uma angustiante história sobre seres cósmicos devoradores de mentes. Não há como terminar de ler este livro e continuar a ser a mesma pessoa depois que suas palavras tocarem o lado mais sombrio e misterioso de cada leitor. Mergulhe nesta aventura e só pare quando todas as sombras se tiverem dissipado.

Espero que tenham gostado da dica de hoje tanto quanto nós. Para adquirir o seu exemplar de Sombrio, clique aqui ou entre em contato direto com o autor. https://www.facebook.com/rafaelbertozzoduarte

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10 Dicas de Livros para o Halloween – O Cordel de Sangue

Faltando 10 dias para o famigerado Halloween ou Dia do Saci, nós vamos indicar a cada dia 1 livro para você preparar-se para a data.

Aislan Coulter, escritor paulista de terror, presenteia-nos com uma coletânea de contos de terror que nós, aqui do À Espreita, curtimos muito. É uma ótima pedida para quem não quer encarar uma leitura muito longa. São várias histórias de narrativa curta onde você pode saber como termina aquela história e depois partir para a seguinte, se desejar. Se o tempo for curto, você deixa a próxima para ler no dia seguinte. É prático e você não fica naquela tensão de ter que parar sem saber como termina.

Agora, contanto um pouco do que encontrar nas páginas de “O Cordel de Sangue“, trata-se uma antologia de contos, como eu já comentei, ambientada no Sertão dos cangaceiros. As narrativas seguem a partir da morte de Lampião e seu bando. As onze histórias trazem o melhor do horror gore. Tripas caindo, crânios estourando – feito laranjas lançadas contra um muro -, lobisomens pisoteando vísceras, vampiros abocanhando pescoços, pactos em encruzilhadas, seres do folclore brasileiro, prostíbulos cheios de doenças, violadores de sepulturas.

E aí, curtiu a dica?

Você pode ler O Cordel de Sangue gratuitamente no Wattpad, basta clicar aqui.

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À Espreita Entrevista: Soraya Abuchaim

Escritora fala sobre sua carreira e seus planos para o futuro, as adversidades que os autores brasileiros enfrentam e muito mais.

Conhecida pelo suspense de suas obras, Soraya Abuchaim não dispensa uma boa história com sangue, não pensa duas vezes para matar um personagem e não esconde sua paixão por Stephen King. Afinal, quem não curte o mestre do terror, não é mesmo?

Tive a oportunidade de conversar com a autora e falar sobre o início da sua carreira como escritora, suas obras e seus projetos futuros. Então, não perca nada e acompanhe essa entrevista super interessante e descontraída com a nossa Dark Queen.

Evan – Primeiramente, obrigado por falar conosco, é uma grande honra para nós poder nos conceder uma exclusiva (risos). Você começou escrevendo contos em seu próprio blog. Como foi esse início e o que te levou a levar a escrita à um novo patamar, como escritora?

Soraya – Meu blog era literário, eu sempre amei ler, era a aluna que só tirava 10 em redação, inclusive, nunca falei isso em público, mas fiz o ENEM nas primeiras edições, e minha nota foi tão boa, especialmente redação, que tinha grande peso, que entrei na faculdade sem prestar vestibular (risos), mas não achava que escrever era para mim. No blog, entre uma resenha e outra, comecei a postar alguns contos curtos, bem amadores mesmo, para não deixar o blog ocioso, já que eu era a única colaboradora dele. E deu certo, aos poucos, as pessoas foram me motivando a escrever mais, me dando retorno de que gostavam dos meus escritos, que eram basicamente, motivacionais e de reflexão. Eu tinha parceria com a editora Andross, eles mandavam as ações para meu blog divulgar, e foi quando vi uma antologia chamada Horas Sombrias, que abriria suas inscrições. Resolvi arriscar e escrevi o conto O Vizinho Suspeito, que hoje está disponível na Amazon. O resultado foi tão bom que eu me tornei mais audaciosa e comecei a escrever histórias mais longas. Foi então que surgiu o thriller Até eu te possuir, e eu não parei mais, exceto nos meus meses “sabáticos”, mas isso é assunto para outro momento (risos).

Evan – Seu primeiro livro foi o suspense “Até Eu Te Possuir”. O sucesso veio e o livro já tem até uma versão em inglês. Para quem ainda não conhece, o que você pode falar do seu primeiro sucesso e como foi concebido?

Soraya – Ops, acho que meio que já respondi na pergunta anterior (risos). Mas essa história surgiu de uma forma engraçada, porque não era para ser um livro. Ela começou como um conto, mas quando percebi, não conseguia mais parar de escrever. Fiquei surpresa porque achei que só seria capaz de escrever histórias mais curtas. Esse livro é muito importante para mim porque, além de ser o primogênito, a Johanna (personagem cujo nome homenageia a Johanna de Saco de Ossos, meu livro queridinho do Stephen King) traz muito da Soraya. Ela é um alter ego, sua história ainda hoje me emociona. Tenho leitores que, apesar de tudo que já escrevi, consideram esse livro o melhor de todas as minhas histórias, e sua tiragem, graças à Deus, esgotou.

Evan – Além dos romances, você tem muita habilidade com histórias curtas, na verdade você começou assim. Para você, qual é a diferença entre produzir um conto e um romance, além do tamanho da obra? Como você decide qual ideia vai virar conto e qual vai ser desenvolvida para um romance?

Soraya – A diferença entre um e outro é o tempo de escrita, obviamente, e a complexidade. Enquanto o conto exige menos do autor, menos no sentido de que você não tem tantas peças e elementos para juntar, no romance é necessário um grande trabalho, mesmo pós escrita, porque não pode haver furos. Não que no conto possa (risos), mas é mais fácil de fazer o conto ficar homogêneo, digamos assim. Em contrapartida, no romance o autor pode explorar mais os personagens, os locais, o background, os elementos, o que fica limitado nos contos. São dois desafios bem distintos. Em geral, quando preciso escrever um conto, eu penso em uma trama que se encaixe em uma história mais curta. Mas às vezes não funciona (risos). A base de início do conto e do romance, para mim, vem sempre de uma micro ideia, e depois eu desenvolvo com mais ou menos complexidade, mais ou menos personagens.

Evan – Falando em contos, você também organizou a antologia “Insanidade” para a Skull Editora. Como é organizar uma antologia? Como é esse processo, foi um convite que veio por parte da editora ou você teve a ideia e apresentou o projeto? Como aconteceu a antologia “Insanidade”?

Soraya – Eu fui convidada pela Skull a organizar essa antologia. O tema, a sinopse, a base e tudo o que a envolveu foi desenvolvido por mim, inclusive a escolha dos contos. Foi bacana porque a editora me deixou bem livre, o que sei que nem sempre acontece. Organizar uma antologia é bastante trabalhoso, envolve muito tempo, mas é compensador, especialmente quando vende tanto quanto “Insanidade”.

Evan – Por vezes você é chamada de Dark Queen da literatura brasileira, o que eu acho muito legal. Como surgiu esse título? Tem alguma história por trás disso?

Soraya – Quando lancei “A Vila dos Pecados” pela Coerência, a revisora, Evelyn Santana, que depois se tornou minha amiga, comentava que eu gostava demais do lado sombrio das coisas, o que não é mentira (risos). Então, ela começou a me chamar de Dark Queen em todos os lugares e grupos. Aos poucos, o apelido pegou, e eu me sinto honrada por carregar essa alcunha.

Evan – “A Vila dos Pecados” é seu segundo livro. Nessa história há uma pequena vila, à margem da civilização, cheia de segredos e a chegada de um novo padre ao local vai começar a sacudir essa história. O que você pode nos contar sobre o que nos espera em “A Vila dos Pecados” e como surgiu a ideia para mais este suspense?

Soraya – Eu comecei com esse livro pensando simplesmente “quero uma história em uma vila” (risos). Sou fascinada por vilas, por lugares ermos, sombrios, tanto que uma das séries que mais gostei esse ano foi Labirinto Verde. Com base nessa premissa, comecei a escrever e desenvolver a Vila dos Pecados. Quando percebi, a história já estava ganhando minha mente e os personagens, meu coração. Eu raramente começo uma história sabendo tudo o que vai acontecer. Tenho uma ideia geral, mas só quando escrevo as situações vão se desenrolando e os personagens aparecem. Essa história tem uma pegada sombria, mas não chega a ser terror como alguns dos meus contos. Traz uma linha de acontecimentos que fazem o leitor duvidar de tudo e todos. Quando acha que descobriu algo, um novo segredo surge. O lado ruim e mesquinho do ser humano está bastante presente, bem como a hipocrisia nas relações.

Evan – O que você acha mais difícil na carreira de escritor. Por que?

Soraya – O mais difícil é ter que lidar com o preconceito que os autores brasileiros sofrem em relação aos estrangeiros. Ainda há essa mentalidade no Brasil, que por si só já lê quase nada, então ficamos “vendidos” e tendo que fazer um trabalho hercúleo para atingir o público e mostrar que sim, há coisa boa aqui, como há lá fora.

Evan – Você lançou recentemente “Pelo Sangue que nos Une” pela editora Cabana Vermelha. A trama desse livro aborda temas como violência, abusos, drogas e tráfico humano além do sobrenatural. Esses temas foram abordados propositalmente, ou seja, você planejou discutir esses temas ou eles simplesmente fazem parte do enredo sem nenhuma maior pretensão?

Soraya – Eu planejei abordar esses temas, especialmente o tráfico de crianças. Claro que muita coisa acaba surgindo no decorrer da escrita, eu costumo dizer que meus personagens tomam conta de mim, não o contrário, mas eu adoro explorar os dramas da natureza humana em seu lado mais sujo e cruel. Tive alguns feedbacks de leitores me dizendo que o sofrimento tem nome e se chama Soraya Abuchaim (risos).

Evan – Você deve estar envolvida em novos projetos para um futuro próximo. Tem algo que você pode nos adiantar sobre o que podemos esperar da Dark Queen Soraya Abuchaim para o ano que vem ou ainda este ano?

Soraya – Estou envolvida em um projeto muito grandioso e inédito, mas que infelizmente ainda é segredo, e ano que vem terei um novo livro para ser lançado. Também teremos uma nova edição de “Até eu te possuir”, revisada e com nova capa, os leitores pedem muito esse livro.  Além disso, estou participando de algumas antologias e, em breve, estrearei um podcast de terror chamado Aterrorizados, com a autora Mhorgana Alessandra e precisaremos muito do apoio dos amantes de terror.

Evan – Que mensagem você deixaria para novos autores que ainda estão buscando seu lugar ao sol, para seus leitores e para converter aqueles que não são muito chegados à leitura?

Soraya – Para os novos autores, eu devo dizer para não desistir. O caminho é mesmo demorado, a conquista do público é lenta, mas é muito, muito compensador. Para os leitores eu só tenho a agradecer. Sou realmente muito apaixonada pelos meus leitores, fico emocionada com o carinho deles. E para os que não gostam muito de leitura, eu diria que ler é um hábito. É como fazer academia. No começo parece que nunca vai engrenar, você começa por obrigação, mas quando pega o gosto, não consegue mais parar.

Evan – Mais uma vez, foi uma grande satisfação e oportunidade conversar com a autora Soraya Abuchaim e a casa está aberta para divulgar seus futuros trabalhos.

Soraya Abuchaim, como vocês puderam ler, falou da dificuldade que os autores nacionais enfrentam, visto o preconceito que o brasileiro tem em relação às obras de autores nacionais. Há uma supervalorização de autores internacionais, principalmente os norte-americanos e uma subvalorização de nossos autores, fato que também sinto na pele.

Fica aqui um pedido aos nossos leitores, dê uma chance à um livro nacional, não deixe de ler os internacionais, mas entre um e outro leia um autor brasileiro, tenho certeza que você vai se surpreender. Nossa literatura hoje é muito diversificada e pode atender à todos os gostos.

Para conhecer melhor o trabalho da autora Soraya Abuchaim deixaremos os links para adquirir qualquer de suas obras.

A Vila dos Pecados

A Vila dos Pecados (versão física)

Antologia Insanidade

Cotidiano

Excursão Noturna

O Vizinho Suspeito

Até eu te possuir

Pelo Sangue Que Nos Une

O Forasteiro

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Fruto Podre – Resenha

Um mundo distópico, uma trama original e um final surpreendente! O que mais você quer?

Fruto Podre é um livro que me surpreendeu. Trata-se de uma leitura curta, li ele todo em poucas horas, além disso o enredo te prende do início ao fim, tornando a experiência mais do que satisfatória.

Já tivemos a oportunidade de falar aqui no blog um pouco sobre este livro e conversamos também com seu autor, Mayko Martins ou M. M. Santos, que é como ele assina a obra. Depois de ter lido Fruto Podre completamente quero deixar aqui as impressões que tive do livro e escrever de maneira um pouco mais aprofundada, mas sem entregar “spoilers”.

A Grande Planície é um mundo distópico dividido em 3 cidades. A primeira é Lunaelumen, lar dos Hyacinthums. A descrição, tanto da cidade, quanto do modo de vida de seus habitantes nos remete à algo parecido com o período feudal. Um lugar de camponeses. A segunda cidade paira entre as nuvens à alguns quilômetros dali, é Soberania, lar dos Albas, uma raça superior e mais privilegiada. O lugar aqui é de luxo, ostentação e alta tecnologia. A terceira cidade flutua ainda acima de Soberania, é a Cidade Celestial, lugar de intelectos mais evoluídos e cercado de mistérios. Cada cidade é ligada uma a outra por um sistema de transporte similar à um elevador, até por isto, leva este nome “O Elevador”.

A Grande Planície é governada pelo Rei Solis e a rainha Caelis, logicamente estes são Albas e comandam tudo lá de Soberania.

É neste cenário que conhecemos nossa protagonista, Luna. Luna é uma garota de 17 anos que vive em Lunaelumen com sua mãe e dois irmãos menores. Durante sua infância até sua juventude, Luna foi treinada em diversas técnicas de luta pelo mestre Dominus. Este, deixou Lunaelumen para viver em Soberania após ser sorteado com o Passe prateado.

Falando em “Passe”, deixe-me falar sobre isto agora. Quando um Hyacinthum completa 30 anos, torna-se elegível para participar de um sorteio, não fica bem explícito de quanto em quanto tempo, mas, de tempos em tempos esse sorteio acontece e o sorteado ganha o privilégio de subir em “O Elevador” com destino a Soberania para viver entre os Albas.

Certo dia, em uma visita do rei Solis a Lunaelumen, um atentado contra a vida do rei acontece, utilizando-se de seus reflexos e técnicas de luta, Luna salva o rei, frustrando o ataque de seus algozes. Luna fica famosa instantaneamente, conhecida como “A Salvadora do Rei”.

Poucos dias após o ocorrido, Luna recebe em sua casa o tão sonhado “Passe” para viver em Soberania, presente do rei em retribuição ao seu ato de heroísmo. Luna se vê em uma difícil decisão, deixar a família para trás para viver em Soberania ou recusar o presente. Estimulada por sua mãe, a Salvadora do Rei, aceita a agraciação e vai viver na cidade flutuante.

Colhendo os frutos de ser a salvadora do rei, Luna é paparicada com festas e presentes e precisa se adaptar ao estilo de vida dos Albas. Pela primeira vez ela vê banquetes e luxo em tudo. A diferença social entre os povos fica cada vez mais evidente o que causa desconforto em Luna, desconforto que vai se transformando em revolta. Os instintos apurados da garota lhe dizem que além da ostentação existem outros problemas em Soberania. Que segredos essa cidade guarda?

Não é spoiler, pois já no Prólogo nos é revelado o destino do rei Solis:

“De repente, um movimento brusco no meio dos convidados que dançavam, chamou a atenção de todos. Vidro se estilhaçou no carpete. Um grito sufocado emergiu no meio do salão. Caos caiu sobre a festa do rei. Os guerreiros correram na direção do tumulto. Mas, era tarde demais.

O rei Solis estava morto.

Uma adaga cravada em seu peito. O sangue respingando sobre o trono. Naquele instante, a multidão encarou a convidada misteriosa.

A menina amada e acolhida, pois dias antes salvara o rei, agora usurpava-lhe a vida.”

O que poderia ter levado Luna a matar o rei que salvara apenas alguns dias antes? O que ela descobriu em Soberania?

A Cidade Celestial tem papel determinante no final da história, mas vou me ater apenas à dizer isto. Não vou contar mais nada sobre a trama da história, apenas vou listar alguns detalhes que me chamaram a atenção positivamente.

  • A cada novo personagem apresentado você tem a sensação de que não pode confiar em ninguém.
  • As pistas que se apresentam no decorrer do enredo aumentam cada vez mais o suspense.
  • Embora a história seja curta, é o suficiente para desenvolvermos empatia com a protagonista.
  • A trama é convincente.
  • A narrativa é envolvente e muito bem escrita. O suspense bem desenvolvido, não perde tempo explicando o óbvio, ajudando assim a narrativa a transcorrer de maneira fluída.
  • A questão de ser herói ou vilão, dependendo do ponto de vista de cada um, é bem desenvolvida e traz à reflexão, convidando o leitor a julgar à sua maneira.

O autor é realmente uma promessa da literatura nacional. Na verdade, é lamentável que o nosso cenário não seja propício para o aparecimento de novos autores no mercado editorial. No entanto, temos a esperança que isso mude em breve. Temos aqui, um grande escritor de sci-fi se apresentando ao Brasil. Por enquanto, ainda apenas na plataforma Wattpad, você pode conhecer o trabalho do autor M. M. Santos através de Fruto Podre.

Você pode ler Fruto Podre clicando aqui.

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Coringa – O Homem que Ri

Coringa é um dos mais icônicos personagens da cultura pop, no entanto, sua origem pode ter sido influenciada por obra de Victor Hugo.

Para Victor Hugo (1802-1885), o autor francês, desgraça pouca é bobagem. Isto é evidente em suas obras como “Os Miseráveis” ou “O Corcunda de Notre Dame”. Existe ainda outra obra de Victor Hugo, que talvez não seja tão famosa como suas irmãs mas, que contém o mesmo apelo trágico, característico.

O Homem que Ri, de 1869, transporta-nos para a Inglaterra dos séculos XVII e XVIII. Na história, um nobre, inimigo político do rei, é acusado de traição e executado. Seu filho pequeno é entregue aos “comprachicos” ou compra-crianças, um grupo que compra e vende crianças com o objetivo de entreter as pessoas, para isto, desfiguram-lhe o rosto, mutilando-o. O resultado é que o rosto do menino, chamado Gwynplaine, sempre mantém, a partir de então, um tenebroso sorriso.

Com o passar do tempo, Gwynplaine perde sua utilidade para os comprachicos e é simplesmente abandonado à sua própria sorte. Vagando no rigoroso inverno ele encontra uma garotinha cega, Dea, morrendo de frio ao lado da mãe que já estava morta. O garoto desfigurado, carrega a menina e se abrigam no carroção de Ursus, um artista mambembe e filósofo, que lhes concede abrigo e começa a cuidar dos dois. Assim como as crianças, Ursus não tem um lar, apenas a companhia de um lobo, seu amigo chamado Homo. Sim, impossível não perceber a ironia de um homem chamado Ursus e um lobo chamado Homo. Com o passar do tempo, o homem começa a utilizar as crianças em suas apresentações e Gwynplaine e Dea vão ganhando fama. Fama que trás junto de si o passado aristocrata de Gwynplaine, perseguição política e alguns dilemas. Seu amor por Dea é justo, já que ela é incapaz de vê-lo como desfigurado? Agora com dinheiro e um certo poder, Gwynplaine pode lutar pelos pobres e oprimidos o que também lhe trará, novamente, riscos à sua vida. Então, fazer a coisa certa ou ficar com a mulher que ama?

Se deseja conhecer melhor a versão em português deste clássico, clique aqui:

A Adaptação Para o Cinema

Conrad Veidt como Gwynplaine em O Homem que Ri

Em 1928, a obra de Victor Hugo ganha vida no cinema, dirigido por Paul Leni e estrelado por Conrad Veidt o filme se tornou um clássico, não só por seu clima gótico e mórbido, mas também pela sua maquiagem. Até hoje o filme é celebrado com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Existe também uma adaptação francesa, mais recente, de 2012.

Coringa, O Palhaço do Crime

Coringa

Em 1940, o vilão, arqui-inimigo do Batman era criado por Jerry Robinson (conceito), Bill Finger e Bob Kane.

Kane disse em uma entrevista, em 1994: “Bill era o escritor. Jerry Robinson veio até mim com uma carta de baralho do Coringa. Essa é a maneira como eu resumo. Mas, ele parecia Conrad Veidt. Então Bill tinha um livro com uma fotografia de Conrad Veidt, ele mostrou para mim e disse: ‘Aqui está o Coringa’.”

Há muitas características que assemelham os dois personagens, a boca sorridente com os dentes ocupando quase todo o rosto, o cabelo jogado para trás, além das roupas e do cenário sempre obscuro em paralelo à demonstração de uma mente perturbada.

Vários artistas já deram a sua versão do Coringa nas telas da TV ou cinema. Cesar Romero com seu Coringa caricato, Jack Nicholson com o palhaço-gangster, Heath Ledger com seu Coringa anarquista, Jared Leto traz uma versão mais “anarco-traficante-sociopata”. Temos também a versão perturbada, muito perturbada, do ator Cameron Monaghan, entregue na série Gotham. Agora temos também esta versão que estreou ontem, interpretada por Joaquin Phoenix.

O Novo Coringa

Ficou claro que a DC Comics e a Warner Bros não querem fazer deste filme, intitulado apenas de “Coringa“, parte do universo compartilhado dos super-heróis. Corre por fora em um universo paralelo, um filme solo, apenas sobre o protagonista em questão. As críticas até o momento têm sido extremamente positivas e esperamos o melhor, ainda mais vindo de um ator talentoso como Joaquin Phoenix.

Assistam ao filme e depois venham nos contar o que acharam. A nossa expectativa está lá em cima.

Coringa – Trailer final em português

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À Espreita Entrevista: Marcos Pontal – Autor de “A Restituição do Amor”.

Marcos Pontal fala de sua luta contra o preconceito, a prevenção ao suicídio, perseguição e outros temas abordados em seu mais novo livro.

Marcos Pontal nasceu em 1986 em Pontal-SP à 352 km da capital. Marcos Alexandre Machado, ou Marcos Pontal, como assina seus trabalhos, é Técnico em Química desde 2013, profissão que exerce atualmente. Ele é também Web Designer, cristão e um apaixonado por cinema, filmes e suas histórias. No dia 07/03/2019 lançou o seu 1° livro: A História dos Filmes Cristãos no Brasil, disponível em 2 versões: com fotos e sem fotos, publicado de forma independente, registrado e distribuído pela Amazon.

Nosso editor, Evan Klug, teve uma conversa inspiradora com Marcos Pontal, falando de sua paixão por filmes cristãos e a conscientização sobre alguns temas.

Evan – Primeiramente é uma grande satisfação para nós, do À Espreita, poder conversar contigo sobre quem é o Marcos Pontal. Você é técnico em química e web designer. Como um cara de exatas acaba se tornando também escritor de romance?

Marcos – Quando me converti ao cristianismo, protestante, logo no primeiro ano assisti à um filme cristão evangélico, achei diferente e por isso comecei a divulgar esse tipo de filme e a comprá-los. Em 2012 patrocinei 2 longas-metragens: “Nova Chance” e “O Pródigo”, com uma pequena quantia, mas nenhum deles foi produzido. Em 2013 fiz um investimento maior no filme do Daniel Silva “Labirintos Internos” e no ano de 2015 participei de uma “cooperativa de filmes”, com o filme “Perfume de Anjo 2”, um filme de Jairo Romão. No ano de 2013 abri um blog que divulga filmes cristãos brasileiros, em que compartilhei mais de 5 mil filmes. No começo desse ano, lancei 2 livros contando a história dos filmes cristãos no Brasil. E antes que você me pergunte porquê dois livros com esse mesmo nome, eu te digo que a diferença é que um contém fotos e o outro não. Sempre tive o desejo de escrever um longa-metragem e quando recebi um e-mail da Amazon falando que neste ano o Prêmio Kindle, iria escolher pelo menos 1 livro para virar filme, não pensei duas vezes, comecei a escrever um livro romântico com temas atuais.

Evan – Já vi que você tem uma relação estreita com filmes cristãos. Você também ajudava a fazer a divulgação. Como era isso?

Marcos – Tenho um site que divulgava filmes cristãos, comecei a comprar DVDs originais pela internet em 2006 e a compartilhar com meus amigos. Naquela época não passavam filmes cristãos protestantes no cinema e TV, por isso, abri um canal no You Tube colocando trailers de filmes que não existiam, e também dos filmes que já existiam.

Evan – Você também escreve no site “Visão Espiritual” e tem canal no YouTube e página no facebook. O que você pode contar para nós sobre o conteúdo que podemos encontrar lá, quais temas você aborda, além do que você já nos contou?

Marcos – Antigamente eu divulgava filmes cristãos no site, tinha um canal no You Tube, não tenho mais, mas agora tenho um canal no “Metacafe”. No site tem informações de mais de 600 filmes, originais que comprei e emprestava para as pessoas que conhecia. Tem também links que redirecionam à outros ‘blogs’ de filmes, que eu mesmo sou o administrador e divulgo os meus trabalhos, como livros, filmes, jogos.

Evan – Eu tive o prazer de escrever um artigo sobre “A Restituição do Amor”, livro de sua autoria, neste artigo dei apenas uma introdução sobre a temática da obra. Agora, como autor, o que você pode nos contar sobre o que vamos encontrar em “A Restituição do Amor”?

A Restituição do Amor – Capa

Marcos – Vai ter romance sírio que foi proibido e casamento arranjado pelos pais, e que mesmo assim resistiu fronteiras, reconstrução de vidas. Um drama romântico que aborda temas atuais como: suicídio, refugiados, violência contra mulher e perseguição à cristãos).

Evan – “A Restituição do Amor” fala sobre temas muito atuais e que vem se agravando com o passar dos anos. Qual o seu objetivo ao escrever um romance que demonstra essa realidade da guerra, dos refugiados, etc.?

Marcos – Meu objetivo é mostrar à todos que ninguém saiu de sua , sua terra natal ou país para tirar o emprego de ninguém, saem por necessidades. Aqui onde moro, já vi várias pessoas maldizerem os nordestinos que saem de sua terra para trabalhar no interior de São Paulo, onde moro, alegando que eles estão tirando o emprego de moradores da cidade. Isso não é verdade, eles são os responsáveis pelo crescimento da cidade, eles ficam longe de suas famílias, sofrem. Temos espaço para todos, assim acontece também com os refugiados. Temos que acolher à todos.

Evan – Você se baseou na história de alguém específico para escrever este romance ou você desenvolveu-o a partir das várias narrativas disponíveis na mídia de um modo geral?

Marcos – No começo eu queria escrever um livro baseado na poesia de meu pai, mas percebi que a poesia só poderia ser o final da história, aí surgiu a ideia de misturar vários temas de livros que eu queria escrever em um só, o suicídio, refugiados e perseguição à cristãos. A história foi escrita baseando-me no que a imprensa diz sobre a Síria, é um livro de ficção com compromisso com a verdade.

Evan – Além de “A Restituição do Amor” você tem outros livros. O que você pode nos contar sobre eles, além do que você já disse?

A História dos Filnes Cristãos no Brasil – edição com fotos

Marcos – Tem os outros 2 que lancei em março desse ano, que falei na primeira pergunta, “A História dos Filmes Cristãos no Brasil”.  Os livros contam a história da chegada dos filmes cristãos protestantes no Brasil que começou em 1970, e que termina com o Festival Internacional de Cinema Cristão no Brasil, que é realizado pela Agenda Cultural Brasil e tem como responsável a Veronica Brendler. O festival acontece todo ano no Rio de Janeiro.

Evan – O que podemos esperar do Marcos Pontal para o futuro? Está já desenvolvendo novos projetos literários?

Marcos – Meu próximo livro é um livreto de autoajuda, “O desafio dos 21 dias” que a personagem Aisha do livro “A Restituição do Amor” leu. O livro será disponibilizado de forma gratuita em campanha contra o suicídio. Também tenho outros projetos que têm como temas a sustentabilidade e o suicídio de pastores.

Evan – Você tem alguma influência na literatura, um autor em que se inspira, um guru? (Risos).

Marcos – No momento só autores da Bíblia, quando escrevi os livros, escrevi pensando neles como filmes, não sou uma pessoa que lê muitos livros, gosto mais de assistir filmes.

Evan – Que mensagem você deixaria para as pessoas que veem na TV sobre os problemas abordados no livro, como guerras, perseguição, violência e preconceito, a seu ver, o que nós, como sociedade, podemos fazer para aliviarmos o fardo do próximo e minimizarmos os problemas decorrentes destes temas ou, em outras palavras, como podemos fazer a nossa parte?

Marcos – O livro fala sobre a guerra na Síria, que matou milhares de pessoas, a bíblia diz: “Em primeiro lugar peço que sejam feitas orações, pedidos, súplicas e ações de graças à Deus em favor de todas as pessoas. Orem pelos reis e por todos os outros que têm autoridade, para que possamos viver uma vida calma e pacífica, com dedicação à Deus e respeito aos outros” (1 Timóteo 2:1-2). Se os rebeldes tivessem respeitados as autoridades, não aconteceria a guerra, sou a favor da liberdade de expressão e contra a violência física, devemos sempre resolver desavenças com um bom diálogo. Os verdadeiros cristãos perseguidos, não participam de guerra, participam de cultos escondidos, mas sempre respeitando as autoridades. Hoje vemos vários amigos e familiares tendo preconceito quando uma pessoa decide mudar de religião, minha vó paterna sempre foi um exemplo, quando meus pais saíram da igreja católica e foram para a evangélica, ela não criticou, apoiou. Depois de alguns anos decidiram voltar para a igreja católica, isso sim é um exemplo a ser seguido, não devemos obrigar ninguém a seguir aquilo que seguimos, as pessoas devem seguir à Deus por amor e não obrigadas.

Evan – Este é Marcos Pontal, obrigado por falar conosco, meu amigo. É muito importante a sua mensagem para o mundo de um modo geral, um mundo que se torna cada vez mais intolerante e fanático e esquece que, independente de qual nome você dá a seu Deus, em primeiro lugar, Ele deseja que você ame o seu irmão, seja quais forem as suas diferenças. Que uma luta contra o pecado não é uma luta contra o próximo e sim, como você faz, é uma luta pela multiplicação do conhecimento, com amor. Parabéns e os nossos sinceros desejos de sucesso em seu trabalho. Grande abraço da família À Espreita.

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À Espreita Entrevista – Mayko Martins Santos, autor de Fruto Podre.

Jovem autor fala sobre seu primeiro livro, sua relação com a cultura pop, suas influências em um bate-papo divertido.

Mayko Martins ou M. M. Santos, como assina suas obras, mora com a família em Guarulhos – SP. É estudante de Publicidade e Propaganda e apaixonado por cinema, embora, segundo ele, nunca tenha ganhado nenhum bolão do Oscar. Tem paixão pelo teatro, motivo pelo qual faz parte do Grupo Teatro Mix. Mayko se diz “preso” a muitas séries, mas a culpa de não terminar nenhuma delas é de Shonda Rhimes – criadora de “How To Get Away With Murder”, que o fez rever as temporadas várias e várias vezes. No momento está lendo o livro “Cemitério de Dragões” e ainda recuperando-se do final da terceira temporada de “Shingeki no Kiojin” (o anime). Muito bem-humorado, ele diz que prefere não falar do que mais gosta de comer, pois está fazendo regime e tem medo da fome aparecer. Mas, acima de tudo, ele ama escrever! Segundo ele, contar histórias é a melhor coisa.

Nós tivemos o prazer de ter um bate-papo super divertido com Mayko Martins, autor da obra “Fruto Podre”, da qual já falamos aqui no blog. Ele falou sobre suas influências, seu amor pela escrita, pela atuação e muito mais. Confira aí!

Evan – Olá Mayko, é um grande prazer poder conversar contigo. Sabemos que você tem uma forte relação com o teatro e a cultura geek. O que te levou a escrever com o intuito de contar histórias?

Mayko – Estou muito feliz com a entrevista; obrigado. Vamos lá. Passei minha infância toda escrevendo um “livro” sobre arqueologia, catalogando animais, momentos históricos e seres míticos, pois meu sonho era ser arqueólogo. A paixão pela escrita se manifestou cedo, mas eu não a enxergava. Estava ali, bem na minha cara, meu amor pela escrita, mas o “eu” criança não entendeu isso! Eu sempre aproveitava os momentos de tarefas para bolar histórias na mente, com personagens de filmes e animes. Foi somente com 15 anos que uma ideia estalou na minha cabeça. Após isso, rascunhei uns 6 cadernos com uma narrativa minha. E pouco a pouco, meu amor em contar histórias foi crescendo. Em suma, foi aquele sonho de infância em ser um quase “Indiana Jones” que me colocou no caminho da escrita.

Evan – De onde vem essa sua relação com o teatro?

Mayko – Acredito que seja culpa da vontade de “contar histórias”. Sempre me fascinei com o teatro e essa coisa “mágica” em criar/interpretar personagens.  Como eu digo para os meus amigos do Grupo Teatro Mix: “Hoje eu posso ser um pirata, amanhã posso ser um monstro, talvez, um dançarino. No teatro vivemos mil vidas”. Eu ingressei nesse grupo de teatro em 2015 como um membro. Hoje, somos um grupo independente e eu auxilio na coordenação, além de roteirizar algumas peças.

Evan – Nas divulgações do seu livro que você faz na internet, muito bem-humoradas por sinal, há diversas referências à personagens de séries e filmes, como Game of Thrones, Harry Potter e Jogos Vorazes. Conte para nós de onde vêm essas influências e o que você curte nesse cenário?

Mayko – J. K. Rowling foi a força da natureza que soprou em mim essa magia chamada ‘escrita’. A cada livro de Harry Potter que eu lia, mais a minha vontade em escrever histórias aumentava. Harry Potter me inspirou e continuará me inspirando para “sempre” (potterheads entenderão a referência!). Jogos vorazes foi um tapa na minha cara. Suzanne Collins, criadora do mundo de Panem, mostrou que um livro de Distopia é capaz de nos tirar da zona de conforto e nos fazer questionar tudo a nossa volta. A jornada de Katniss está cravada na minha mente. Game Of Thrones me ganhou com aquele medo de “meu personagem favorito pode morrer hoje!”. Ainda não li os livros de George R.R. Martin, mas acompanhei a série. Acredito que o forte de GOT sejam os personagens bem construídos. E as reviravoltas, é claro. Devo mencionar aqui também o pai da Literatura Fantástica: Tolkien. Foi lendo “O Hobbit” que vários personagens de minhas histórias surgiram em minha mente, como inspiração.

Evan – De onde veio a ideia para a história de “Fruto Podre”?

Mayko – Fruto Podre nasceu numa aula de “Redação” na faculdade, (obrigado pela exercício, Profº Claudio Filho!). Bom, a história nasceu como uma referência ao mundo da série “The Handmaid’s Tale – O Conto da Aia”, cuja sociedade é comandada por uma facção religiosa e ditatorial que obriga cada mulher fértil a ser barriga de aluguel; esse grupo opressor impõem certos cumprimentos na sociedade; um dele é o “Bendito seja o Fruto”, daí surgia a ideia da minha história “Fruto Podre”. Todavia, quando eu reformulei a história para lança-la no Wattpad, eu criei um mundo fantástico com outros personagens e apliquei a mensagem por detrás do título. O título possui um forte significado, que ficará claro no decorrer da história.

Evan – Frequentemente você utiliza a seguinte frase “Não coma! Não beba! Nada aqui foi feito para nós.” Obviamente isso tem relação com “Fruto Podre”. O que você pode falar para nós sobre esta sentença, sem contar demais (risos), para atiçar a curiosidade dos leitores?

Fruto Podre – Divulgação

Mayko – O medo de soltar um “spoiler” é grande! Bom, vamos lá. É uma frase dita por um personagem da história em um momento crucial. É um diálogo dentro da narrativa com um grande significado. Arrisco dizer, que essa frase em questão pode até ajudar os leitores a desvendar os mistérios de Fruto Podre. Será que algum aspirante a “Sherlock Holmes” ou a “Nancy Drew” consegue desvendar? (Risos).

Evan – Você tem alguma influência, digo, algum autor em quem você se inspira?

Mayko – Já citei quatro autores que me influenciam e muito. Portanto, vou aproveitar para citar outros dois. Veronica Roth, autora de Divergente, escreveu essa história de um modo que meus olhos não desgrudavam das páginas. Eu me sentia ao lado da protagonista Tris, sofrendo com ela e chorando com todas as consequências de suas escolhas. Preciso falar de outra grande escritora, uma mestre do suspense — Agatha Christie. Cada história dessa escritora é uma aula de como trabalhar o suspense linha por linha. Jamais esquecerei aquele poema da história “E não sobrou Nenhum”, começava mais ou menos assim: “Dez soldadinhos saem para jantar, a fome os move; um deles se engasgou, e então sobraram nove…”.

Evan – Há uma crítica social intrínseca em “Fruto Podre”. Isso foi proposital ou acabou entrando na história para incrementar o enredo?

Mayko – Foi totalmente planejado. Assim que esbocei o primeiro rascunho da história de Luna, eu anotei quais relações sociais as entrelinhas apresentariam. No decorrer da narrativa, foram surgindo outras críticas sociais. Meu maior objetivo é fazer o leitor se questionar sobre “atos heroicos ou não heroicos”, ou seja, o que faz um herói ser um “herói”? O que faz um vilão ser um “vilão”? No fim, eu desejei que o leitor de Fruto Podre fizesse essas perguntas e chegasse a sua própria conclusão. Espero que assim seja.

Evan – Você tem outras obras já publicadas ou em andamento?

Mayko – Fruto Podre é minha primeira obra. Hoje, estou com quatro histórias para desenvolver e postar no Wattpad. Além disso, estou desenvolvendo um conto para participar de um concurso (torçam por mim!). Além disso, existe uma história em formato de saga que escrevo a mão desde 2011, essa é a minha “grande aposta” que, se tudo der certo, pretendo lançar nas livrarias daqui a alguns anos.

Evan – “Fruto Podre” está disponível no Wattpad. O que você pode falar sobre essa plataforma? O quanto você acha que o Wattpad facilita a vida de novos escritores?

Mayko – A Plataforma do Wattpad é funcional e cheia de possibilidades, pois oferece interatividade entre escritores e leitores. O feedback é instantâneo, pois a cada parágrafo o leitor pode comentar suas impressões sobre a evolução da história. Além disso, os leitores adicionam livros em sua biblioteca virtual dentro da plataforma, podem até mesmo marcar outros amigos nos comentários dentro da história. Também acredito que seja uma boa oportunidade de escritores montarem seu portfólio.

Evan – Que mensagem você deixaria para os seus leitores, para os amantes dos livros e até para aqueles que não tem o hábito de ler sobre o bem que um livro pode fazer na vida delas?

Mayko – Essa pergunta me deixou sem palavras! (Pausa enorme para pensar)… Bom, galera, leiam aquilo que mais lhe agradarem. Deem livros, gibis, HQs e mangás de presente. Todo mundo ama ouvir histórias. Acredito que aqueles que não “gostam de ler livros” só não encontraram o livro certo, ainda! Sempre existirá um bom livro para qualquer pessoa ler, e sempre existirá uma pessoa certa para um bom livro.

Evan – Muito obrigado por conversar com a gente, Mayko, te desejamos sucesso no seu caminho como escritor e que venham ainda muitas outras obras e projetos como “Fruto Podre”.

E aí pessoal, gostaram da nossa conversa com o Mayko? Deixe seus comentários e inscreva-se no blog, assim você não perde nenhum conteúdo.

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A Restituição do Amor – Novos Autores

A história de duas refugiadas transporta-nos à dura realidade dos conflitos na Síria acompanhado de mortes, perdas, sofrimento e esperança.

Há livros feitos para entreter-nos, outros para nos fazer sonhar. Há livros que trazem novos mundos, diferentes de tudo que já imaginamos ou nos transportam para um futuro distante. Há livros que contam algo do passado, que nos apresentam um mundo paralelo imaginário. Alguns trazem amores improváveis, impossíveis, outros trazem trágicas histórias de fim do mundo e extinção da vida humana. Histórias de fantasmas, de monstros que não existem, de reinos, de dragões que cospem fogo ou de criaturas mitológicas que invadem nossos sonhos. De qualquer forma, um livro e uma boa história enriquecem nossa mente, nosso vocabulário, desestressam, fazem pensar.

Há, porém, livros que entram em nossa vida como uma bomba! Esfregam em nossa face a realidade. Aquela realidade que fingimos não ver. A dura realidade que não nos transporta a outros mundos mas transporta-nos para o nosso próprio mundo.

A Restituição do Amor – Um Amor que Resistiu Fronteiras do autor Marcos Pontal, é um desses livros. A narrativa começa contando como Aísha e Zayn se tornam um casal na Síria de 2008, conforme todas as tradições locais. No entanto em 2011, protestos da população pró-democracia desencadeia na Síria retaliações do presidente Bashar Assad. Toda e qualquer pessoa que se oponha ao governo do presidente é taxada de terrorista apoiada por estrangeiros. O saldo é que mais de 400 mil pessoas encontram-se mortas ou desaparecidas. É nesse contexto que começamos a acompanhar a história de Aísha e Fátima, nora e sogra, agora ambas viúvas, devido à guerra civil que assola o país.

As duas mulheres tornam-se muito próximas e um laço de amizade incondicional faz com permaneçam juntas. Elas refugiam-se no Brasil e aqui tentam recomeçar suas vidas, vidas essas que estão marcadas pelos horrores da guerra. A relação entre elas nos remete à história de Rute e Noemi no Velho Testamento. Mesmo com suas diferenças elas se unem para vencer a solidão, suas perdas e seus próprios fantasmas.

A Restituição do Amor, apresenta-nos os costumes do povo sírio e são abordados temas como a violência contra a mulher, suicídio, refugiados e perseguição a cristãos.

O livro ainda é encerrado com a poesia “Um Emprego no Vazio” de Mário Luiz Machado, pai do autor, escrita em 1981 mas, que permanecia em segredo até sua descoberta e publicação conjunta.

A Restituição do Amor – Capa

A Restituição do Amor pode ser encontrado na Amazon. Segue o link abaixo:

A Restituição do Amor

Você ainda pode ver um “teaser” do livro clicando aqui.

Em breve estaremos entrevistando o autor, Marcos Pontal, que falará mais sobre sua carreira, seus livros e as inspirações para escrever romances como A Restituição do Amor.

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Fruto Podre – Novos Autores

Fruto Podre é uma distopia fantástica, onde a autarquia prevalece e uma jovem súdita descobrirá quais são os frutos de se ter salvado a vida do rei.

A Grande Planície é um mundo distópico dividido em três partes, a primeira é Lunaelumen, lar dos Hyacinthums, uma raça inferior que vive em casebres empilhados e cercados por um mar de árvores. A segunda cidade fica à alguns quilômetros dali, pairando no ar entre as nuvens, está Soberania, lar do rei Solis e da raça dos Albas, seres mais distintos e privilegiados.

Embora haja muitas diferenças, essa distopia nos remete, em seu início, a lembrarmos do famoso Jogos Vorazes, mas isso é apenas pela crítica social que fica evidente em ambas as obras.

A terceira cidade fica ainda acima de Soberania. Celestial é destinada apenas a intelectos muito desenvolvidos chamados de Os Evoluídos. A cidade Celestial é lugar para poucos e cercada de mistérios.

A vida em Lunaelumen assemelha-se em muitos momentos ao período feudal, onde camponeses trabalham com afinco na esperança de um dia serem sorteados e contemplados com o “passe prateado”, que dá o direito à um Hyacinthum de viver entre os Albas.

É neste mundo que Luna vive com sua mãe e dois irmãos. Em certa ocasião o rei Solis, em visita a Lunaelumen, é atacado por misteriosos seres encapuzados. Um tumulto generaliza-se e Luna já se vê reagindo e contra-golpeando os agressores. Por ter recebido algum treinamento, seus reflexos a ajudam a frustrar a tentativa de sequestrar o rei.

Por seu ato heroico a garota recebe o tão almejado “passe prateado”. Ela precisa deixar a família em Lunaelumen para viver em Soberania. Agora, colhendo os frutos de ser a salvadora do rei, Luna é paparicada com festas e mimos mas, seguindo seus instintos a jovem desconfia que há algo de errado com aquele lugar e decide descobrir quais são os segredos que Soberania esconde.

Fruto Podre, do autor Mayko Martins dos Santos ou M. M. Santos, como assina a obra, faz com que o leitor questione o que, de fato, faz com que alguém se torne heroi ou vilão, exercendo a função de juiz para decidir quem é quem nessa história recheada de suspense e descobertas. Descobertas que deveriam permanecer nas sombras.

Ficou curioso? Você pode acompanhar as aventuras da jovem Luna gratuitamente no Wattpad, clicando aqui: Fruto Podre.

Em breve falaremos com o autor M. M. Santos que nos concederá uma entrevista exclusiva e logo teremos uma resenha completa de Fruto Podre. Não Perca!

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À Espreita Entrevista: Ale Dossena – Escritora

Escritora paranaense conta sobre sua trajetória na literatura em um bate-papo super legal com nossa equipe.

Alessandra Dossena, ou Ale Dossena, como assina seus trabalhos, nasceu em Curitiba, capital do Paraná. Filha de um caminhoneiro e uma dona de casa, ela aprendeu a ler com sua mãe aos cinco anos de idade ao lado do fogão a lenha. Recorda até hoje os momentos mais felizes da infância, quando seu irmão mais velho chegava do trabalho e lhe trazia cadernos e canetas que ela usava para seu passatempo preferido, escrever e desenhar. Desde pequena demonstrou um forte interesse pelas letras e após ler incansavelmente, nas inúmeras visitas à biblioteca da escola, não demorou para se aventurar na escrita. Aos doze anos escreveu sua primeira poesia e a partir daí não parou mais.

Ale Dossena, apesar do seu amor pelos livros, escolheu sua profissão na área de exatas. Graduou-se em Ciências Contábeis, Sistemas de Informação e pós graduou-se em Administração de Empresas. Atuou por mais de vinte e cinco anos na área corporativa, mas nunca deixou de lado a prática da escrita. Recentemente finalizou o curso de Licenciatura em Letras e atualmente trabalha como autora, produtora de conteúdo e apresentadora do canal “Portão Literário” no You Tube, um canal no qual divulga seu trabalho, faz comentários e análises de livros, e promove interações com o público.

Ao longo de sua história de vida acumulou textos e poemas que culminaram em sua primeira publicação, a coletânea de poesias “Sonhando & Poetizando”, no ano de 2012, que lhe rendeu, além do carimbo em seu passaporte literário, também o Prêmio “Destaque Poético 2013” pela Academia de Letras e Artes de Fortaleza, Ceará. O ano de 2013 foi bastante positivo, pois a escritora participou com seus contos literários de várias antologias e acumulou citações e honras, ganhando o prêmio de “Melhor Contista 2013” pela editora portuguesa Mágico de Oz. Não tardou para sua paixão de infância voltar à tona e ainda no ano de 2013, Ale publicou seu primeiro livro de contos infantojuvenis, “O Diário de Lirityl”, marcando de vez sua versatilidade como escritora.

Em 2015, Ale Dossena conquistou o Prêmio Literarte 2015 na categoria de “Melhor Livro Infanto-Juvenil” e o “Trofeo da Casa de Jorge Amado” na Argentina, prêmio que culminou no convite e reconhecimento da autora como membro do Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires.

No total de sua carreira, Ale já participou de mais de quarenta coletâneas de contos e lançou seu quinto livro solo em abril deste ano (2019), “Donatelo, o Dragão Amarelo”, também voltado para o público infantojuvenil.

Nosso editor, Evan Klug, bateu um papo com a Ale e nos trás a conversa que ele teve com a autora.

Evan – Você tem uma carreira bem diversificada pela literatura, livros infantis, coletâneas fantásticas, resenhas, blog, produção de conteúdo e atividades voluntárias. Como você gerencia a divisão de tempo para tantas atividades?

Ale – Uma primeira pergunta um tanto difícil de responder. Desconfio de que, quando fazemos o que gostamos, o relógio toca os ponteiros a nosso favor. Acho importante destacar que essas atividades são inerentes aos meus trabalhos com literatura, mas em paralelo também trabalho com a área corporativa, em minha profissão de formação. Embora atualmente eu trabalhe através da minha microempresa e tenha maior flexibilidade para gerenciar a agenda, ainda me sinto fazendo alguns malabarismos, inclusive para não falhar com a minha família, que merece um bocado generoso do meu tempo. Como dar conta de tudo? Eu acredito que minha carreira na área corporativa me ensinou muito sobre gestão de tempo.

Evan – Quando e por que você decidiu se tornar escritora?

Ale – Não consigo estipular uma data ou motivo específico para ter me tornado escritora. Quando faço um retrospecto da minha vida, percebo que a escrita sempre fez parte de mim, desde que a descobri na adolescência como uma terapia. Se houve alguma decisão, foi a de começar a publicar em 2012, meus escritos guardados após tantos anos. E essa primeira publicação foi um impulso para continuar escrevendo e aperfeiçoando técnicas de escrita.

Evan – Conte para nós um pouco sobre Donatelo, o Dragão Amarelo e como foi o processo de criação do enredo do dragãozinho?

Ale – Donatelo fez parte de uma história que criei para um blog que administrava com uma amiga. Um projeto que durou alguns meses e não conseguimos levar adiante. Eu escrevia histórias pelas temáticas planejadas e nesse caso, precisava de uma história que abordasse a aceitação das diferenças. No ano passado, eu precisei escolher uma história para enviar à editora e o Donatelo (que anteriormente se chamava Tuti) foi eleito para nascer como livro impresso e ilustrado. Quanto ao enredo, nunca usei nenhuma técnica para criar as histórias infantis, elas simplesmente fluíram naturalmente em um período (entre 2013 e 2014) que eu estava envolvida em vários projetos infantis. Naquela época, eu nem tinha iniciado a faculdade de Letras e não tinha feito nenhum curso de escrita.

Donatelo, o Dragão Amarelo

Evan – Donatelo não foi sua primeira obra para o público infantil. Como você começou?

Ale – Quando publiquei “O Diário de Lirityl”, meu segundo livro e primeiro na temática juvenil, foi porque juntei vários contos que escrevi para um colega que utilizou no seu TCC da faculdade. Gostei do resultado e decidi pela publicação. O conto que deu nome ao livro foi um incremento e se tornou um prequel de uma história de fantasia que estou escrevendo há anos e espero finalizar em breve.

Evan – Você está envolvida com projetos voluntários há bastante tempo. Pode falar um pouco sobre eles para nós e qual sua satisfação em participar deles?

Ale – Faço parte de projetos sociais desde 2004, mas iniciei com ações sociais mais diretas, voltadas à alimentos, roupas, brinquedos. Por alguns anos fui responsável por levar o Papai Noel e Coelhinho da Páscoa em ONGs, visitava asilos e orfanatos frequentemente. Essa prática sempre me realizou, me fazia sentir útil ao próximo, fazendo minha “gotinha no oceano”. Mas com a proximidade dessas ações, percebi que doações de itens básicos geralmente são mais fáceis de arrecadar, muitas empresas se envolvem, pessoas se mobilizam mais rapidamente. Mas o conhecimento, a informação, são muito mais inacessíveis. Essa percepção coincidiu com minha decisão de publicar meu primeiro livro, então decidi voltar minhas ações sociais para a democratização da leitura. Em 2015 conheci o Pegaí Leitura Grátis, através do seu idealizador Idomar Cerutti, e me tornei voluntária. Participei de várias ações com o projeto e hoje sou responsável por gravar dicas semanais de leitura para o projeto Pegaí, que são disponibilizadas em várias rádios do Paraná. E claro, também “dou meus pulos” e invento minhas campanhas, como a “Campanha Doe Donatelos”, que tem sido um sucesso, com vários empresários e apoiadores patrocinando doações de Donatelos para escolas públicas e outras instituições, que fazem da leitura um incentivo à superação e autoaceitação, que é a principal temática do livro.

Evan – Você também participa de clubes de leitura. Conte-nos como é participar de um clube de leitura e como ele funciona.

Ale – Já participei de alguns clubes e hoje sou mediadora do Clube de Leitura no SESC Paço da Liberdade, convite que recebi no início do ano. Sou incentivadora dos clubes porque acredito que debater o conteúdo de um livro é ainda mais gratificante que só ler o livro. Cada leitor é único e tem uma interpretação diferente, então trocar visões e experiências, opinar, concordar e até discordar, desde que mantendo o respeito, é extremamente agregador. Afinal de contas, discordar não precisa representar uma ameaça para ninguém, as pessoas são diferentes e certamente quem é aberto para ouvir vários pontos de vista só tem a ganhar em conhecimento. Além disso, os clubes de leitura permitem a aproximação de afinidades e muitas boas amizades surgem para além dos encontros do clube.

Evan – Fale um pouco para nós sobre o Portão Literário.

Ale – O Portão surgiu em 2016, a partir do incentivo do meu esposo André, que conhece um pouco desse mundo dos vídeos e das filmagens. Eu não me sentia apta a falar com a câmera e foi um processo de aprendizado incrível no início, mas hoje sou grata pela insistência dele, porque adoro gravar. O nome também foi ideia dele, queríamos algo que representasse o poder da leitura, como abrir um portão (e não uma porta com ambiente limitado) e enxergar inúmeras possibilidades de paisagem. O objetivo sempre foi abordar diversos gêneros de literatura, o que para mim não é difícil, pois sou muito eclética enquanto leitora. Eu acredito que o hábito de ler precisa começar naturalmente, sem imposições. O leitor precisa descobrir-se leitor e só conseguirá isso lendo um conteúdo que se harmonize com seus gostos, com sua personalidade. Neste ano, atendendo a pedidos, também criei uma série de vídeos voltados para a escrita, o “Divã de Escrita”, onde conto um pouco sobre meus trabalhos.

Evan – Você participou da organização da coletânea Feéricas. Conte-nos um pouco sobre a obra, do que se trata, etc.

Feéricas

Ale – Feéricas foi uma surpresa para nós, as organizadoras (Eu com Lu Evans e Graci Rocha). Começamos sem muitas pretensões, senão a de incentivar novos escritores que gostariam de ter seus nomes publicados e não sabiam por onde iniciar. Decidimos pela temática que era de fadas diferentes e nem imaginávamos que seria tão atrativa. Convidamos a escritora Ana Lucia Merege para participar com um conto e o professor Alexander Meireles da Silva para escrever o prefácio e seus trabalhos agregaram muito ao produto final. O resultado foi uma publicação em e-book que está disponível na Amazon com dezessete contos excelentes, com fadas protagonistas bem estranhas, como a minha, que é uma fada psicóloga de cemitérios e cita muito da cultura do velho oeste americano.

Evan – Você sempre está envolvida em algum projeto. O que podemos esperar da Ale Dossena para os próximos meses. Há algo que possa nos antecipar?

Ale – Estou envolvida em vários projetos e escrevendo um novo livro sem prazo para publicação, que não será para o público infantojuvenil. Adoro trabalhar com as crianças, mas minhas publicações na literatura infanto foram decorrentes das histórias que fluíram naquele período que mencionei. Gosto de escrever outros gêneros e estou em uma fase de muito aprendizado, principalmente nos encontros do NLCAC – Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro, do qual participo há pouco mais de um ano. As coletâneas devem continuar, estamos finalizando a de Natal e acredito que venha outra no primeiro semestre de 2020. Também fui convidada para ser uma das juradas do Prêmio Cubo de Ouro, a maior premiação geek do Brasil, na categoria Literatura Geek. Então minhas leituras do momento estão sendo as indicadas para o prêmio, que será revelado na cerimônia oficial, em outubro. Também aguardando o lançamento do livro “Sombrio”, do autor Rafael Bertozzo Duarte, que me convidou para escrever o prefácio, outra experiência gratificante em 2019.

Evan – Que mensagem você deixaria às pessoas que pretendem seguir a carreira de escritor(a)?

Ale – Algo que sempre falo a quem me pede aconselhamento é de que mantenha os pés no chão. Ser escritor é uma atividade introspectiva, que exige discernimento e amadurecimento. Dizer em alto e bom tom: “eu publiquei um livro” não lhe torna melhor e também não faz de você um maluco. É exatamente a palavra “carreira” que muitas vezes faz a diferença nas conversas que mantenho quando me procuram. Acho que a primeira pergunta a se fazer é: “eu quero a escrita como profissão ou só quero escrever porque isso me faz feliz?” Pode não parecer, mas existe um espaço muito grande aí, dependendo da sua resposta. Seguir carreira de escritor no Brasil é um desafio que exige paciência e integral dedicação. E dependendo do seu bolso, integral dedicação significa não ter retorno financeiro por um bom tempo, talvez muito tempo. É por isso que no meu caso sempre considero a escrita minha “profissão” extraoficial, porque dependo de outra atividade para me manter. Agora, se escrever lhe faz bem, lhe tira da rotina, lava sua alma, vá em frente! Comece devagar, sem almejar carreira, fama ou retorno financeiro, para não se frustrar caso as coisas não aconteçam como você imaginou. Procure conselhos de pessoas experientes e que possuem vivência na área. O futuro ao universo pertence e quando lançamos palavras ao mundo, elas podem voar longe! Quem sabe aonde vão parar? =)

Evan – Muito obrigado mesmo, Ale, por conversar com a gente e parabéns pela sua trajetória e batalha nesse meio, que nós sabemos que não é fácil mas… é gratificante. Muito sucesso para você!

Se interessou pelas obras da Ale Dossena? Temos alguns links para compra abaixo:

Donatelo: O Dragão Amarelo

Feéricas