Professor, poeta, músico e muito mais. A entrevista de hoje tem direito a declamações e conversa animada.
Odair Gonçalves Marquez é Mestre em Educação Matemática pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, é professor efetivo na Rede Municipal de Educação de Corumbá-MS e da Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul. Além disso Odair ainda acumula outras ocupações na área da literatura, da fotografia e da música.
Hoje, nossa conversa é com esta grande figura do cenário corumbaense, Odair Gonçalves Marquez. Confira!
Evan – Primeiramente é uma grande satisfação para nós do À Espreita poder conversar com você sobre quem é o Odair Gonçalves Marquez. Você é Mestre e professor de Matemática. Como um cara de exatas acaba se tornando também um poeta?
Odair – É uma honra receber o convite para falar um pouco sobre o meu trabalho artístico com vocês. E, o interessante é que a parceria com a arte começou bem mais cedo do que pensar em matemática como profissão. Lembro bem que em 1986 tive a honra de conhecer a saudosa professora Ângela Maria Perez, já falecida, que gostava de levar poesia para a sala de aula. Em uma das ocasiões ela resolveu nos convidar para uma exposição na escola e depois para visitar a casa da senhora Izulina Xavier, artista plástica de Corumbá MS. E assim fui me encantando cada vez mais com a poesia. A matemática veio no ano de 1998, quando resolvi definir a minha trajetória profissional. Parecem opostos, mas quando se pensa em métrica e rima tudo se completa.
Evan – Você tem uma relação estreita com a música também. Conte-nos um pouco sobre essa história.

Odair – Na minha família, meu pai e meu avô eram músicos. Uma das coisas que eu mais gostava era quando ambos se sentavam no quintal de casa e começavam a tocar e cantar juntos. O meu avô tocava mais de sete tipos de instrumentos de corda e meu pai tocava violão e baixo. Eu não imaginava que um dia aprenderia violão, mesmo assim comprei um no ano de 1992. E comecei a aprender justamente no dia 28 de fevereiro de 92, no dia que ocorreu uma grande enchente na cidade de Corumbá. De lá pra cá, toquei em igrejas, escolas e movimentos culturais, e procurei me aperfeiçoar. Gosto muito de cantar e tenho um gosto particular pelas músicas do Almir Sater, no entanto, percebo grande influência da MPB nas músicas que procuro aprender.
Evan – Então a música já é coisa de família… está no sangue. (Risos). Você teve alguns de seus trabalhos selecionados para antologias como o Passa na Praça que a Arte te Abraça. Conte para nós um pouco sobre essas antologias e seus trabalhos que participam.
Odair – Eu estava um tempo sem escrever e Benedito me convidou para participar das antologias do Passa na Praça que a Arte te Abraça. Eu já havia deixado passar alguns convites e então resolvi voltar a escrever. Para quem escreve e para por um bom tempo, fica meio complicado voltar, mas fiz um propósito e retornei. É claro que participar de uma antologia é muito gratificante, não só por produzir e publicar a sua arte, mas por perceber que um trabalho coletivo está sendo produzido e que é fruto de experiências que começaram nas manhãs de sábado na praça da Independência, onde eram expostos os trabalhos dos artistas corumbaenses.

Evan – Esse “Passa na Praça que a Arte te Abraça” tem história. Muitas delas já foram contadas aqui. Agora, conta pra gente, você tem algum projeto para um livro solo ou algum outro projeto literário?
Odair – Eu tenho vários escritos, como crônicas, contos, poemas, poesias, mas ainda não pensei em publicar. Talvez daqui a alguns anos possa pensar diferente, mas por enquanto, estou postando alguns escritos em meu blog “Caminhos Recriados”.
Evan – Existem temas específicos que você gosta de abordar em seus poemas ou tudo depende do momento?
Odair – O tema que mais prefiro abordar é amor, paixão, embora escreva sobre temas variados, prefiro aflorar aquilo que está no coração com muita vontade de sair. Falar de amor e de paixão, além de fazer bem ajuda as pessoas, que querem falar sobre os sentimentos, a se abrirem e muitas vezes elas comentam com você o quanto a poesia que escrevi tem ajudado.
Evan – Você é também participante do Café Literário. Conta pra gente um pouquinho sobre isso.

Odair – O Café Literário foi um evento idealizado pelo Benedito C. G. Lima e apadrinhado pelo SESC Corumbá, mas que por algumas situações perdeu o auxílio e daí precisou caminhar com suas próprias pernas. Ele consiste num eventuo cultural, estilo sarau, onde os artistas e convidados se reúnem e vivem momentos de muita cultura, declamação de poemas, leitura de trechos de livros, crônicas, músicas e danças. É um evento muito gostoso de disseminação cultural.
Evan – O que você gosta de ler? Algum autor ou autores favoritos?
Odair – Eu gosto muito de Augusto Cury, pois ajuda a fortalecer e abrir a mente para situações reais da família e sala de aula. Mas carrego muito em mim os poemas de Cassiano Ricardo. Um dos poemas que amo é “O relógio”.
Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos
Cada minuto da vida
Nunca é mais, é sempre menos
Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser
Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer.
Hoje, como estou no campo da pesquisa em História da Educação Matemática, estou lendo muito sobre a história de Mato Grosso e Corumbá, e o Lenine C. Povoas com o Lécio G. de Souza tem sido meus livros de cabeceira.
Evan – Normalmente os membros da nossa família são nossos primeiros leitores. Sua família curte poesia? Eles leem o que você escreve? Te dão um feedback disso?
Odair – A minha família não é muito leitora, mas curte música, então participam comigo mais da parte musical do que da parte escrita de poemas, poesias e crônicas. Acho até legal, porque a gente se mistura e vai produzindo outras coisas juntos. Tenho dois sobrinhos que tocam junto comigo e minha esposa também é cantora, isso traz um convívio diferente para a família.
Evan – Vivemos ainda um momento de distanciamento social. Tendo em face todas as mudanças que isso nos imputou, como você avalia os meios eletrônicos e a acessibilidade a eles, tanto do artista para com seu público, quanto dos professores com seus alunos e vice-versa?
Odair – Não imaginávamos viver o meio digital de forma tão intensa. De repente, a gente para e tudo se distancia. Foi como me senti, sem poder ver meus alunos, sem poder entrar numa sala de aula e lecionar matemática, sem poder sentar-se com um grupo de amigos e fazer um sarau. Mas o meio digital conseguiu nos aproximar bastante. Para as aulas, o meio remoto possibilitou a utilização de vídeo aulas produzidas por nós mesmos, atividades podiam ser enviadas por e-mail, plataformas e WhatsApp, enquanto tirávamos dúvidas pelo Google Meet. Aproveitando dessas ideias fomentamos o evento Café Literário Digital, que aconteceu pelo Google Meet e esse mês será transmitido pelo Facebook. As inovações ajudaram bastante na divulgação do trabalho artístico e, acredito que o meio digital nos leva mais longe do que imaginávamos. Enquanto os nossos encontros aconteciam apenas dentro de uma sala ou auditório, agora temos a possibilidade de falar para um público maior e isso fica disponível na internet enquanto outras pessoas têm acesso. Eu tenho uma experiência de um curso que ministrei em agosto desse ano, onde teve acesso simultâneo de cerca de cem pessoas e hoje conta com mais de seiscentos acessos. Então, o meio digital tem suas vantagens, a poesia que declamamos on-line ficará disponível e outras pessoas verão.
Evan – Aproveite esse espaço para convidar os leitores que ainda não conhecem suas obras procurarem conhecer mais.
Odair – Para aqueles que gostariam de conhecer o meu trabalho convido a participar das edições do Café Literário na última quinta feira de cada mês, no Facebook, com o link a ser divulgado pelos artistas de Corumbá MS. Também podem visitar meu blog caminhosrecriados.blogspot.com para ler meus poemas e crônicas e aqueles que gostariam de ver meu trabalho fotográfico podem curtir o site www.odairmarquez.com. Também podem adquirir as coletâneas “Passa na Praça que a Arte de Abraça” com os artistas locais e assim divulgar e engrandecer o nosso trabalho.
Sonho…
Quero sentir o seu abraço no meu corpo
Deixando o seu perfume sobre o meu
Na pele desfrutar todo o encanto
de um mundo que se tornou inteiro meu.
Quero poder correr os olhos pela casa
e ver a ternura em cada lugar
pois o que toca com sua mãe desenha um mundo
que nunca imaginei poder ganhar.
E no infinito desse mundo fascinante
sorri ao ver o seu semblante a me olhar
e me envolver
Pois sei que ao seu lado todo instante
o sonho que um dia quis sonhar
me fez viver.
Poeta: Odair Marquez – Corumbá MS.
Pensando em ti mais uma vez
Sei o quanto é bom acordar com o teu sorriso
e sentir o teu perfume doce pelo ar
Ouvir sua voz pela casa a cantarolar
Canções que lembram tanto da gente
Como é bom te olhar nos olhos
Como é bom te reconhecer em meio da multidão
É impressionante o quanto o dia é lindo quando você está.
Poeta: Odair Marquez – Corumbá MS.
Agradeço muito pela oportunidade de falar um pouco do meu trabalho e gostaria de deixar aqui o meu abraço a todos que curtem a cultura corumbaense e pedir que continuem valorizando o trabalho de cada um dos artistas e que acompanhem os trabalhos que estão sendo divulgados e as apresentações que estão disponíveis em vários canais e redes sociais. Obrigado.
Evan – Nós é que agradecemos, Odair. Foi uma grande satisfação com direito a show de poesias. Nós, do À Espreita desejamos todo o sucesso para você em tudo o que fizer. Grande abraço!!
Esse foi nosso bate-papo com o autor Odair Gonçalves Marquez. Esperamos que vocês tenha apreciado tanto quanto nós.
Valeu Poeta. Mais um herói na construção da nossa História Cultural. Você Don Quixote Pantaneiro
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Que bom saber sobre mais um artista Corumbaense.Parabéns!!
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Parabéns! Odair. Linda a sua trajetória.
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Parabéns!!!
Excelente trabalho 🎻
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Boas Lembranças!
A família é fundamental para nos apoiar!!!
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Parabéns guerrero, poeta pantaneiro, com a forca da natureza na tuas veias de escritor! sucessos sempre!
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